segunda-feira, 7 de setembro de 2020

[0250] Beleza e sombra (I): as Cicas e os Ginkgos

Na mensagem «0177» foram identificadas algumas ruas da Nossa Banda, situadas em Corroios, no Laranjeiro e no Feijó, cujos nomes evocam a memória ou o desejo da companhia que as árvores nos fazem.

Mas: serão as árvores que nos fazem companhia, ou seremos nós que, por uns tempos, vamos fazendo companhia às árvores?

A história das Cicas e do Ginkgo mostra-nos como esta interrogação é pertinente. E é particularmente interessante.


As Cicas e o Ginkgo partilham diversas características: têm uma origem muito remota; são dioicas (uns exemplares são machos, outros fêmeas); e, apesar de classificadas como produzindo sementes (Gimnospérmicas), a viabilidade destas depende de a germinação ser imediata (caso contrário as sementes perecem).


O grupo das Cicas teve origem no Paleozoico (há fosseis com 290 milhões de anos), expandiu-se durante o Mesozoico (havia dinossauros que o tinham por alimento) e o seu retrocesso foi-se acentuando ao longo do Cenozoico (dada a concorrência das plantas com flor, pelo que, hoje, está em perigo de extinção).

As espécies deste grupo que sobreviveram não ultrapassam as centenas, e surgem espontaneamente apenas nalgumas partes do mundo. Um bom número delas só existe porque é plantado em parques e jardins, ou usado ornamentalmente em quintais e, até, em varandas.

A espécie mais conhecida é a Cycas revoluta. Tal como as outras espécies deste grupo, tem folhas perenes, parecendo-se fortemente com uma Palmeira.

Perto da Nossa Banda, os melhores locais para observar algumas destas espécies, e para obter informações sobre elas, são os jardins botânicos de Lisboa (ver informações sobre eles na página «Recurso» deste blogue):

  • Jardim Botânico da Universidade de Lisboa;
  • Jardim Botânico Tropical de Lisboa;
  • Jardim Botânico da Ajuda.

Exemplar de Cycas revoluta (Jardim dos Jerónimos, Lisboa)


O Ginkgo (Ginkgo biloba) é a única espécie sobrevivente de um grupo que teve uma origem quase tão antiga como a das Cicas (há fósseis com 270 milhões de anos).

Trata-se de uma espécie que já esteve distribuída por todo o mundo, sendo conhecidas algumas histórias que nos sugerem possuir uma enorme resistência: seis exemplares sobreviveram ao bombardeamento atómico de Hiroshima.

Contrariamente às Cicas, o Ginkgo é uma árvore plantada com alguma frequência perto das nossas casas, tanto em jardins e parques como nas ruas (é cultivado ornamentalmente um pouco por todo o mundo). As suas folhas têm uma forma muito característica (dois lobos, daí o seu nome em latim) e, chegado o Outono, antes de cair (é caducifólia), a sua cor torna-se notavelmente dourada:


Folhas e óvulos de Ginkgo biloba (Almada Velha)


Exemplar de Ginkgo biloba, com as folhas amarelecidas no Outono (Miratejo, Laranjeiro)


Caras leitoras e caros leitores: não se esqueçam de que, para identificar plantas, podem usar a ferramenta digital sugerida na mensagem «0239».

 

Fontes: jardins botânicos de Lisboa

Fotografias: Pedro Esteves


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