sábado, 24 de fevereiro de 2018

[0120] Um compasso de espera na organização do encontro «Memórias em Educação no Território de Almada e Seixal»

Entre o final de 2016 e o início de 2017 este Encontro foi alvo de três mensagens neste blogue («0009», «0018» e «0031»).

Através dessas mensagens, procurou-se prolongar as informações que um outro blogue, com designação semelhante à do Encontro, o www.memoeducsa.blogsopt.pt, já tinha dado sobre ele - e que fora suspenso por falta de alimentação regular pelos leitores.


Os três dinamizadores centrais deste processo de memorialização, Carlos Abreu, Joaquim Sarmento e Pedro Esteves, esclareceram há dias as dificuldades por que ele passou, deixando em aberto os caminhos para o seu prosseguimento. O essencial desse esclarecimento é o seguinte:

Faz agora um ano que reunimos pela última vez para pensar e partilhar Memórias em Educação nos concelhos de Almada e Seixal e os amigos e colegas que aceitaram participar neste desafio têm o direito de saber qual o ponto de situação deste projeto.
Como certamente todos terão presente, o projeto inicial de recolha, guarda e divulgação das Memórias evoluiu para a organização de um Encontro para um universo alargado de protagonistas e participantes, tornando este desafio mais aliciante mas também mais complexo e difícil de operacionalizar.
A equipa dinamizadora constituída pelo Carlos Abreu, Joaquim Sarmento e Pedro Esteves, ficou reduzida com a saída por motivos pessoais do Carlos e fortes limitações do Sarmento, residente no Algarve interior. Na impossibilidade de reforçar esta equipa de missão optou-se por suspender a organização do Encontro e deixar este projeto em hibernação, podendo vir a ser desenvolvido, se existir da parte do grupo alargado de aderentes, condições favoráveis para ser retomado.
Nestas circunstâncias caberá a cada um de vós avaliar e dar opinião sobre o futuro das nossas Memórias em Educação.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

[0119] Hoje é o 161º aniversário do nascimento de Baden-Powell

Robert Baden-Powell nasceu em Londres, no dia 22 de Fevereiro de 1857, e faleceu no Quénia, em 1941.
Depois de um percurso militar em que esteve fortemente envolvido na acção colonial do império britânico dedicou-se à formação de jovens. Estudou os métodos educativos dos espartanos, dos bretões e dos índios americanos, até os nossos dias, fundando o movimento dos escuteiros e o movimento das guias. O primeiro acampamento que realizou ocorreu no Verão de 1907.

O seu pensamento pedagógico tem muitos aspectos em comum com o de outros pedagogos da sua época, e posteriores. Um exemplo, fotografado à entrada da sede de um agrupamento da Nossa Banda:



Fonte: Wikipédia
Fotografias (recortadas): Eva Maria Blum

sábado, 17 de fevereiro de 2018

[0118] Um debate promovido pela OCDE

Escrito pelo grupo de consultores para o projecto Future of Education and Skills 2030, da OCDE, e pelo director de educação desta organização internacional, foi recentemente publicado o seguinte artigo de opinião, intitulado Educação para um mundo melhor: um debate em curso a uma escala global:

Enfrentamos hoje desafios sem precedentes - sociais, económicos e ambientais - provocados por uma globalização em aceleração e por um muito mais rápido desenvolvimento tecnológico. Paralelamente, estas forças conferem uma miríade de novas oportunidades para o desenvolvimento humano. O futuro é incerto e não o conseguimos predizer; mas é preciso estar disponível e preparado para esse futuro. As crianças que entram nos sistemas educativos em 2018 serão jovens adultos em 2030. As escolas têm de os preparar para empregos que ainda não foram criados, para tecnologias que não foram ainda inventadas, para resolver problemas que ainda não foram antecipados. Aproveitar oportunidades e encontrar soluções será uma responsabilidade partilhada. Temos a responsabilidade de educar estas crianças, tornando-as competentes, equipadas com o conhecimento, as capacidades, as atitudes e os valores que os tornam capazes de ser os construtores de um futuro melhor. Estamos todos convidados a perguntar qual o melhor modelo de aprendizagem que ajudará os alunos a ter sucesso no desenho do mundo sobre o qual agirão.
Através do projeto da OCDE O futuro da educação e competências 2030, 29 países e economias estão a colaborar para a encontrar perguntas para duas perguntas prementes:
  • De que tipo de conhecimentos, capacidades, atitudes e valores vão necessitar os estudantes para ter sucesso e modelar o seu mundo?
  • Como podem os sistemas educativos desenvolver esse conjunto de competências?
O projeto não procura estabelecer uma abordagem uniforme para os sistemas educativos, porque isso não ajudaria a responder a estas questões. Pelo contrário, fornece uma plataforma para o desenvolvimento de uma compreensão partilhada sobre desenho curricular. Estudantes preparados para o futuro precisam de ser agentes ativos quer na sua própria educação, quer na sua própria vida. Ser agente implica um sentido de responsabilidade para participar no mundo e, assim, influenciar pessoas, eventos e circunstâncias para o que é melhor. Ser agente assenta no poder de modelar um propósito e identificar ações para o conseguir. Uma educação de sucesso prepara jovens que pensam por si só e trabalham e vivem com os outros. Isto implica desenvolver a capacidade de resolver problemas complexos, de questionar a sabedoria estabelecida, integrando conhecimento emergente, de comunicar eficientemente e de promover o bem-estar. Os jovens precisam do conhecimento que é adquirido sem o recurso único a rotinas de memorização. Formas múltiplas de avaliação, metodologias ativas de ensino e aprendizagem, trabalho interdisciplinar, trazendo o mundo real para dentro da sala de aula — estes são ingredientes nucleares para este objetivo de promover uma aprendizagem melhor e mais profunda.
A partir das Competências Chave (desenvolvidas no projeto OCDE DeSeCO – Definição e Seleção de Competências), o projeto Educação 2030 identificou três categorias adicionais, conhecidas como Competências Transformadoras:
  • Criar novos valores: é necessário pensar criativamente, desenvolver novos produtos e serviços, novos empregos, novos processos e métodos, novas formas de pensar e viver, novas empresas, novos setores, novos modelos de negócio e novos modelos sociais. Cada vez mais, a inovação não emerge de indivíduos que pensam e trabalham sozinhos, mas da cooperação e colaboração que permitir criar novo conhecimento a partir do conhecimento existente.
  • Reconciliar tensões e dilemas: é hoje necessário pensar de forma mais integrada para impedir conclusões prematuras e reconhecer interconexões. Num mundo de interdependência e conflito, os indivíduos assegurarão com sucesso o seu bem-estar, o das suas famílias e das suas comunidades, somente através do desenvolvimento desta segunda competência transformadora: a capacidade de reconciliar os seus próprios objetivos com as perspetivas dos outros.
  • Assumir responsabilidade: lidar com a novidade, a mudança, a diversidade e a ambiguidade assume que os indivíduos podem pensar autonomamente e trabalhar com os outros. De igual modo, a criatividade e a resolução de problemas requer a capacidade para considerar as consequências futuras das ações de cada um, para avaliar risco e recompensa, e para aceitar a responsabilização pelos produtos do trabalho desenvolvido. Isto sugere um sentido de responsabilidade, e maturidade moral e intelectual, com a qual uma pessoa pode refletir sobre as suas ações e avaliá-las à luz das suas experiências e dos objetivos pessoais e da sociedade, à luz dos que lhes foi ensinado e dito, e à luz dos que está certo ou errado.
Muitos atores são chamados a desempenhar um papel para que estas competências possam ser desenvolvidas. Para ajudar a desenvolver o compromisso e a capacidade de ser agente naqueles que aprendem, precisamos não só de reconhecer a sua diversidade individual e o seu potencial, mas também de reconhecer que o conjunto mais largo de relações que influenciam a sua aprendizagem - com os seus professores, os seus colegas, famílias e comunidades. Um conceito fundamental que subjaz a este modelo de aprendizagem é, portanto, o de «co-construção» - as relações interativas de suporte mútuo que ajudam os alunos a progredir em direção aos seus objetivos. Neste contexto, todos devemos considerar-nos aprendentes, não apenas os alunos, mas também os professores, as escolas, os decisores políticos, as famílias e as comunidades. Se a aprendizagem está no centro, é crítico o desenvolvimento de comunidades de aprendizagem.

Fonte (em jornal): Costa, Dillon, Suzuki, Kim, Skovsgaard e Schleicher (2018)

sábado, 10 de fevereiro de 2018

[0117] Os Fóruns Urbanos Mundiais

Está a decorrer, em Kuala Lumpur (capital da Malásia), a 9ª edição do Fórum Urbano Mundial (World Urban Forum), por iniciativa da Habitat - Nações Unidas.


O primeiro destes fóruns ocorreu em Nairobi (2002), seguindo-se Barcelona (2004), Vancouver (2006), Nanjing (2008), Rio de Janeiro (2010), Nápoles (2012) e Medellín (2014).

Em Vancouver estiveram em destaque os temas da sustentabilidade da urbanização e da inclusividade das cidades, tendo sido chamado a atenção para que a previsão de os países em desenvolvimento virem a duplicar (de 2 para 4 mil milhões) a sua população urbana nos 30 anos seguintes implicaria a necessidade de construir uma cidade para 1 milhão de pessoas, por semana, durante esses 30 anos.

Em Nanjing esteve em destaque o tema da urbanização harmoniosa. E foi sublinhado que a harmonia não podia resultar da existência de contrastes entre aqueles que vivem com privações e os que vivem na opulência nem conduzir ao sacrifício da natureza.

No Rio de Janeiro esteve em destaque o direito à cidade, de modo a estabelecer pontes entre o que tem sido dividido dentro das cidades, em direcção à plena inclusividade.

Em Nápoles destacou-se o futuro urbano e em Medellín a equidade do desenvolvimento das cidades.

Em Kuala Lumpur pretende-se focar a implementação da Nova Agenda Urbana, adoptada na Habitat III, uma conferência da Habitat - Nações Unidas.

A 10ª edição do Fórum Urbano Mundial irá decorrer em Abu Dhabi (2020).

Fontes: sítio da Habitat – Nações Unidas (e, em particular, o seu tema «WUF9»)

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

[0116] A Fábrica dos Sonhos (Cova do Vapor, Trafaria)

A propósito do absurdo que é pensarmos a educação a partir dos rankings das escolas [mensagem 0115], eis uma notícia saída hoje no jornal «Público», da autoria de Cristiana Faria Moreira:

Alexandra Leal diz que quase ninguém sabe que ali estão, na Trafaria, mesmo ao lado da praia de São João da Caparica, há para lá de 40 anos. O bairro do 2º Torrão cresceu de forma clandestina ao longo de décadas, em Almada. Metade das casas não tem saneamento básico, o acesso à água, tal como à electricidade, é escasso. É para mostrar ao Presidente da República as condições precárias em que cerca de três mil pessoas vivem naquele bairro de barracas que Alexandra Leal lançou uma petição, em jeito de carta aberta, que, à data de publicação deste artigo, tinha reunido perto de 500 assinaturas.


«Estivemos 56 horas seguidas sem electricidade, nós na Fábrica dos Sonhos (centro comunitário) e eles, crianças, que vivem na área da Fábrica. Estamos num bairro ‘ilegal’ mas feito de seres humanos que, tal como nós, pagam impostos, nasceram neste mundo e se servem dos mesmos direitos que outros. E escrevo-lhe este pedido de ajuda em desespero do que é ver, assistir e dar apoio a crianças e jovens que, dia após dia, vêem os seus direitos humanos violados», escreve Alexandra Leal.
A antiga gestora financeira fundou, juntamente com o avô José Gonzalez, de 80 anos, a Associação Cova do Mar, em 2016, para criar campos de férias gratuitos. Nasceu depois a Fábrica dos Sonhos, um espaço para crianças desfavorecidas passarem o tempo livre que, segundo Alexandra, já reuniu numa tarde perto de 30 crianças num espaço ´minúsculo`, sem muitas condições.
De acordo com os números do último Censos, de 2011, viviam naquele bairro 1096 habitantes. Na contagem que a Associação de Moradores fez, em 2016, estão cerca de 3000. Desses, aponta Alexandra, mais de 200 são crianças e jovens dos seis aos 17 anos.
«Todos os dias o acordar deles é uma missão heróica, vão para a escola sem capacidade de fazer os TPC porque não tinham luz. Os que têm a sorte de estudar para a faculdade, fazem-no à luz da vela e os incríveis que já lá estão têm de entregar os trabalhos escritos à mão, porque o PC não funciona sem electricidade», descreve a fundadora da associação.
O bairro do 2º Torrão, entre a Cova do Vapor e a Trafaria, começou por ser um sítio de pescadores junto ao rio Tejo. As primeiras casas clandestinas, a ocuparem terrenos privados, surgiram na década de 70. Hoje, passa despercebido aos que por ali passam a caminho das praias de São João da Caparica. Estão às portas de Lisboa, dizem, «a capital que acolhe o Web Summit», de frente para Algés, de onde podem «assistir de longe ao NOS Alive cuja luz dos três dias de festival abafa por completo a falta de luz que existe ano após ano», naquele bairro, onde o Inverno é «rigoroso», com «cheias por todo o lado».
«Não existe electricidade legal, a água que corre não é abundante, não temos saneamento básico, chove em muitas das casa e quartos. Existem ninhos de carraças, pulgas e ratazana também nas ruas, confesso que dentro da Fábrica também estamos sujeitos aos ‘Ratatouille’ que não cozinham mas que comem tudo o que encontram pelo caminho», descreve a fundadora da associação.
A petição foi lançada a 19 de Janeiro e reuniu já 470 assinaturas. O objectivo é conseguir que o Presidente da República visite aquele bairro «esquecido» há décadas.
«Ele vai ter a perfeita consciência da violação de direitos humanos que ali está. Temos a plena consciência de que ele não vai ficar indiferente», acredita Alexandra, que termina a carta em jeito de convite: «Se puder ajudar e tiver saudades de leccionar, preciso também de professores voluntários e seria um privilégio poder tê-lo na Fábrica dos Sonhos!».

Fonte jornalística: Moreira (2018)

domingo, 4 de fevereiro de 2018

[0115] Explorando, na Nossa Banda, a era pós-ranking das escolas

O jornal «Público» divulgou ontem, 3 de Fevereiro de 2018, o seu ranking anual das escolas portuguesas, tal como já vem fazendo desde 2001.
Este e outros rankings têm vindo a ser bastante criticados, sendo a razão central das críticas o afunilamento de perspectivas que eles, implicitamente, promovem: pressupõem um modelo particular de educação e as escolas são seriadas em função da sua capacidade de promover esse modelo.

Este ranking oferece-nos, no entanto, algumas oportunidades para pensar no que poderia ser diferente se as escolas deixarem de ser pressionadas para a uniformidade. E uma das oportunidades que nos proporciona decorre da informação sobre a média da escolaridade dos pais e das mães dos alunos de cada escola. Abaixo figuram as 28 escolas públicas dos concelhos de Almada e Seixal que, segundo o ranking do «Público», tiveram no final de 2016-17 pelo menos 50 alunos examinados no 9º ano (não estão indicados os seus nomes, apenas a sua localização aproximada no mapa, mais a respectiva média da escolaridade dos pais, em 2015-16):


Há neste mapa três regiões com escolas cujas médias da escolaridade dos pais são particularmente baixas (fundo verde). Em duas dessas regiões essas escolas estão situadas lado-a-lado com escolas cujas médias são substancialmente mais altas (fundo rosa).

Esta realidade (e a crítica que é feita aos rankings) sugere que se encare a seguinte questão: sendo cada aluno diferente, sendo cada família diferente, sendo cada escola diferente, não deverá a educação, em qualquer destas escolas, ser capaz de ter em conta essas diferenças, de modo a potenciar o melhor e a compensar o mais fraco de cada um?

Fonte: Público (2018), que pode ser descarregado a partir da página «Documentos» (na pasta «Documentos sobre Portugal»)