sábado, 4 de fevereiro de 2017

[0034] Uma visita ao Museu de Metrologia, na Caparica

O Museu de Metrologia faz parte do Instituto Português da Qualidade, estando situado na Rua António Gião, nº 2, na Caparica (ver mapa do acesso na mensagem «0022»).
As visitas podem se guiadas, mediante marcação, ou feitas livremente.
É também possível visitá-lo virtualmente, em www1.ipq.pt/museu.
Contactos: por email, museu.metrologia@ipq.pt; e por telefone, 212 948 139.

A evolução das medidas em Portugal está organizada em três períodos.

A Idade Média, período caracterizado pela diversidade de padrões de medida e de valores.

A Formação do Estado Moderno, período caracterizado pelas tentativas de criação de um sistema uniforme de medidas.
Foi D. João II quem iniciou o processo de uniformização da grande variedade de medidas existentes no país.

Em 1499, D. Manuel concretizou a reforma do sistema de pesos, que subsistiu até ao século XIX:


Este sistema baseou-se no «marco» alemão e tinha uma matematicamente interessante escala de submúltiplos e múltiplos:


A Reforma de 1575, de D. Sebastião, visou o sistema dos volumes, de líquidos e secos.
As ordenações filipinas pouco alteraram estes sistemas, que vigoraram até ao século XIX, em Portugal, e até 1919, no Brasil.

Desde meados do século XIX, período caracterizado pela adopção e promoção do Sistema Métrico Decimal.
O Sistema Métrico Decimal, de 1791, foi inspirado no movimento filosófico, científico e político francês. Escreveu Lavoisier, em 1794: “Jamais algo de maior e mais simples, de maior coerência em todas as suas partes, saiu da mão dos homens.”
Apesar das invasões francesas (ou guerras peninsulares), este sistema foi adoptado em Portugal, mas com nomes provenientes da nossa tradição (por exemplo, em vez do «quilograma» manteve-se a «libra»).
A revolta liberal suspendeu a adopção da Reforma de D. João VI, de 1814, que só foi implementada a partir de 1852, por fases, já com os nomes das novas unidades traduzidos do francês:



No entanto, de acordo com Joaquim da Silveira (nascido em 1825 e, em 1858, primeiro Inspector-Geral dos Pesos e Medidas), continuaram a ser usadas muitas e diversas medidas por todo o país.
A Convenção do Metro foi realizada em Paris (1875), com a participação portuguesa.
O Sistema Internacional de Unidades foi adoptado em 1960, incorporado mais unidades e procurado fundamentá-las em constantes da natureza (a única que resiste actualmente a esse esforço é o «Kg», prevendo-se que em 2019 haja uma reestruturação que consiga contornar as dificuldades até agora encontradas).
Estas alterações provocaram resistências, por vezes violentas, como a Revolta dos Quebra Quilos, no Brasil. A convicção dos reformistas foi a de que a educação iria fazer desaparecer essas resistências:

Caixa Métrica nº 2

Lateralmente às salas com a evolução metrológica histórica há um conjunto de vitrinas, dispostas em torno de uma réplica da Balança da Casa das Índias (fabricada em 1803 com base num quadro actualmente patente no Museu da Cidade de Lisboa; a balança original desapareceu no terramoto de 1755), com instrumentos organizados tematicamente e relacionados, entre outros aspectos, com o volume de secos, o volume de líquidos, os comprimentos, os pesos e a aferição metrológica.

(Fontes: As fotografias foram retiradas de www1.ipq.pt/museu; e a tabela sobre o sistema de pesos de D. Manuel foi retirado de Lopes, 2005, p. 45)

2 comentários:

  1. Penso que todos os museus da Nossa Banda são interessantes, embora uns sejam mais conhecidos que outros. A haver maior ligação entre eles e com gente das comunidades locais (uma rede?), poderão ser ainda mais interessantes, como conjunto.

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