sábado, 12 de dezembro de 2020

[0264] Beleza e sombra (III): as primeiras plantas com flor

Para ilustrar os primeiros grandes grupos de plantas que se reproduziram através de sementes foram referidos, na mensagem «0250», os casos das Cicas e dos Ginkgos e, na mensagem «0257», os casos dos Pinheiros, das Cupressáceas e das Araucárias.

Há cerca de 140 milhões de anos, no início do período Cretácico, uma planta que produzia sementes começou a fazê-lo a partir de flores. A família de plantas que se constituiu a partir deste passo pioneiro foi a das Magnoliáceas, tendo todas as outras famílias de plantas com flores evoluído a partir dela.
Num estudo internacional divulgado em 2017, onde se combinou matematicamente as informações sobre a estrutura e sobre a genética das plantas com flor, conclui-se que a aparência das flores originais seria próxima da que a actual flor da Magnólia tem; e deduziu-se que o percurso evolutivo dos restantes grupos de famílias terá sido, muito plausivelmente, o seguinte (no centro encontra-se a família das Magnoliáceas):



A Magnólia-sempre-verde (cujo nome científico é Magnolia grandiflora) é uma árvore originária do Sudeste do continente norte-americano e foi introduzida na Europa no século XVIII, sendo muito cultivada em jardins e parques.
As flores desta Magnólia são brancas, aromáticas e de dimensão invulgar (cerca de 25 centímetros de diâmetro), surgindo no final da Primavera. Por não possuírem néctar, a polinização é geralmente feita por escaravelhos, atraídos pelo seu aroma e pela possibilidade de se alimentarem das estruturas florais:



Os frutos estão estruturados como uma pinha (uma característica anatómica semelhante à das plantas que a antecederam), que atinge a maturidade no Outono e dispersa as sementes de cor vermelha, com a ajuda de aves e de mamíferos (à esquerda a pinha ainda fechada e, à direita, já aberta):


A família das Magnoliáceas inclui hoje cerca de 227 espécies, todas extintas na Europa há mais de 2 milhões de anos. Algumas dessas espécies, no entanto, são cultivadas por razões ornamentais: além da Magnólia, frequente em muitos jardins, públicos e privados, é possível ver um relativamente jovem Tulipeiro-da-Virgínia no Parque da Paz (na Cova da Piedade).

 

Fontes: indicações públicas prestadas no Jardim Botânico da Universidade de Lisboa; livro de Bingre & outros (2007; pp. 42 e 138-140); notícia de Serafim (2017), de onde também foi extraída a imagem com a evolução das flores

Fotografias: Eva Maria Blum

Inspiração: mensagem nº 143 do blogue «Cosmovivências»

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