sábado, 11 de agosto de 2018

[0151] A última salina artesanal do Samouco


A existência de salinas entre o Samouco e Alcochete está documentada desde o século XIII.
Entre os anos 30 e os anos 50 do século XX chegou a aí 56 salinas, trabalhando nelas entre mil a mil e quinhentos salineiros, que produziam cerca de 110 a 120 mil toneladas de sal por ano.
Por volta dos anos 70, antes da construção da Ponte Vasco da Gama, estas salinas entraram em declínio, restando uma única a produzir de forma artesanal, a Marinha do Canto.

As marcas deixadas pelas salinas abandonadas, hoje situadas entre dunas, pinhais e sapais, na margem Sul do Rio Tejo, são bem visíveis no seguinte mapa:

Origem: Googlemaps

Tudo no processo de obter artesanalmente o Sal deve ser feito à mão.

Após o Inverno os tanques são limpos. O primeiro tanque, o que se situa a cota mais elevada, serve para armazenar água e ocupa cerca de um terço da área da salina. Neste local do estuário do Tejo a salinidade da água anda pelos 18 a 20 gramas por litro, tendo a do mar cerca de 40. Esta água vai sendo transferida para outros tanques, por meio de comportas, até chegar ao tanque de cristalização, onde, à medida que a água se evapora, a salinidade da que fica vai aumentando.
Actualmente os tanques de cristalização da Marinha do Canto não ultrapassam 60 a 70 m2 de área, e apenas dois salineiros trabalham neles. Quando a salinidade da água ultrapassa os 200 gramas por litro desenvolve-se na água uma microalga cor-de-rosa, que constitui a base de uma longa cadeia alimentar que tem no topo e dá a cor aos Flamingos. Esta microalga desaparece com o escoamento da água onde vive.

Fotografia de Eva Maria Blum

Além do sal (grosso ou fino, conforme a moagem a que é posteriormente submetido) também se obtém a flor do sal, que se forma à superfície, sem contacto com o fundo do tanque, quando a salinidade da água atinge os 250 gramas por litro.

Além do seu uso na conservação dos alimentos e na culinária, o sal chegou a ser usado como moeda (e foi designado por “ouro branco”), sendo hoje usado para muitos outros fins.

A Marinha do Canto, integrada na natureza que a rodeia, é actualmente gerida pela Fundação Salinas do Samouco.

Fonte informativa: André Batista (da Fundação Salinas do Samouco)

Informação complementar: vídeo https://youtu.be/bfSXMhd-x0Q

Sem comentários:

Enviar um comentário