A existência de salinas entre o Samouco e Alcochete está
documentada desde o século XIII.
Entre os anos 30 e os anos 50 do século XX chegou a aí 56
salinas, trabalhando nelas entre mil a mil e quinhentos salineiros, que
produziam cerca de 110 a 120 mil toneladas de sal por ano.
Por volta dos anos 70, antes da construção da Ponte Vasco da
Gama, estas salinas entraram em declínio, restando uma única a produzir de forma
artesanal, a Marinha
do Canto.
As marcas deixadas pelas salinas abandonadas, hoje situadas entre
dunas, pinhais e sapais, na margem Sul do Rio Tejo, são bem visíveis no
seguinte mapa:
Origem: Googlemaps |
Tudo no processo de obter artesanalmente o Sal deve ser
feito à mão.
Após o Inverno os tanques são limpos. O primeiro tanque, o
que se situa a cota mais elevada, serve para armazenar água e ocupa cerca de um
terço da área da salina. Neste local do estuário do Tejo a salinidade da água
anda pelos 18 a 20 gramas por litro, tendo a do mar cerca de 40. Esta água vai
sendo transferida para outros tanques, por meio de comportas, até chegar ao
tanque de cristalização, onde, à medida que a água se evapora, a salinidade da
que fica vai aumentando.
Actualmente os tanques de cristalização da Marinha do Canto não
ultrapassam 60 a 70 m2 de área, e apenas dois salineiros trabalham
neles. Quando a salinidade da água ultrapassa os 200 gramas por litro desenvolve-se
na água uma microalga cor-de-rosa, que constitui a base de uma longa cadeia alimentar
que tem no topo e dá a cor aos Flamingos. Esta microalga desaparece com o
escoamento da água onde vive.
Fotografia de Eva Maria Blum |
Além do sal (grosso ou fino, conforme a moagem a que é
posteriormente submetido) também se obtém a flor do sal, que se forma à
superfície, sem contacto com o fundo do tanque, quando a salinidade da água
atinge os 250 gramas por litro.
Além do seu uso na conservação dos alimentos e na culinária,
o sal chegou a ser usado como moeda (e foi designado por “ouro branco”), sendo
hoje usado para muitos outros fins.
A Marinha do Canto, integrada na natureza que a rodeia, é
actualmente gerida pela Fundação Salinas do Samouco.
Fonte informativa: André Batista (da Fundação Salinas do Samouco)
Informação complementar: vídeo https://youtu.be/bfSXMhd-x0Q
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