Fechado para obras de reabilitação durante cerca de um ano,
reabriu há uma semana ao público o Jardim Botânico Tropical de Lisboa:
Em 2015 este jardim foi transferido do extinto Instituto de
Investigação Científica Tropical para a Universidade de Lisboa, tendo a reabilitação
de que agora foi alvo incidido especialmente no Jardim dos Cactos (inacessível desde
a década de 1960) e no Jardim das Ninfas e, em geral, na repavimentação dos
caminhos, na modelação do terreno, na melhoria da sinaléctica, na substituição
de algumas espécies e no restabelecimento dos circuitos de água ou na
modernização da rede de rega.
O Jardim dos Cactos teve origem numa estufa de plantas
suculentas, cuja construção terminou em 1949; as suculentas e os cactos, ao
crescerem, romperam a estufa e formaram a sua própria paisagem, levando ao
encerramento da estufa ao público. Mas a actual remodelação deixou as suas ruínas
parcialmente visíveis, para que possamos compreender hoje como o planeado pelo
Homem interage com o decidido pela Natureza.
Entre as plantas que é possível observar, encontram-se um pinheiro australiano
de grande porte, um dragoeiro do século XIX, tipuanas e sumaúmas dos trópicos, casuarinas da Oceânia,
antigas espécies como as magnólias e
sobretudo as cicadáceas, o Ficus
sycomorus (a árvore mais citada da
Bíblia), alguns sobreiros
portugueses, altíssimas palmeiras e uma sequóia da Califórnia.
Os inícios históricos deste
jardim estiveram na vontade do rei D. João V criar a
Real Quinta de Belém, que se estenderia desde o Palácio de Belém até à Ajuda.
Para tal adquiriu o Palácio dos Condes da Calheta e os terrenos anexos por 50
000 cruzados, reservando a parte superior do actual jardim para a sua regis
hortus suburbanus, uma horta gigante destinada a alimentar as suas visitas
e a sua família.
O terramoto de 1755 não
danificou este espaço. Em 1758, dá-se nas proximidades do palácio o atentado
contra o rei D. José I. ao
longo de quase todo o século XIX o jardim foi usado para a realização de
caçadas reais, mantendo-se o palácio disponível para acomodar as visitas reais.
No início do século XX, sendo
necessário repensar o ensino agronómico colonial, foi aberto por decreto régio
o Jardim Colonial de Lisboa, nas Laranjeiras, perto do então Instituto de
Agronomia e Veterinária. Num «Diário do Governo» de 1906 escrevia-se sobre ele:
é “indispensável o exemplar vivo para que a
demonstração seja rigorosamente scientifica e educativa, para que o alumno não
fique imaginando somente como são os animaes e os vegetaes, mas tenha a noção
viva da realidade”. No entanto, em 1912, o
Jardim Colonial de Lisboa foi transferido das Laranjeiras (onde já se revelava
pequeno) para Belém, onde a proximidade ao
rio, o suave declive do terreno e a capacidade de criar microclimas permitia albergar
plantas originárias desde a Escandinávia até ao Equador. Funcionando como
dependência pedagógica do Instituto Superior de Agronomia, situado nas
proximidades, era também centro de estudo de culturas e de recolha de
informação sobre a agricultura colonial. Em 1951, ainda foi designado por
Jardim e Museu Agrícola do Ultramar.
Fonte: informação
jornalística de Serafim (2020)
Imagem:
sítio dos Museus da Universidade de Lisboa