De 25 a 27 de Novembro de 2019, no Arquivo Nacional Torre do Tombo
e na Casa da Achada - Centro Mário Dionísio (em Lisboa), realiza-se, com
entrada livre, uma conferência internacional organizada
pelo Instituto
de História Contemporânea (IHC) da Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa e cuja apresentação e programa são os seguintes:
“A culminar o primeiro
ano de trabalho da linha temática «Usos do
Passado, Memória e Património Cultural», no âmbito do IHC,
organizamos uma conferência, que pretende interrogar esse campo conturbado e confluente
de ciências sociais e humanas como a história, a antropologia, a arqueologia, a
museologia: os usos do passado.
As abordagens acerca da
memória, objectificada como património, sobretudo desde os anos 1980,
correspondem a um estado do saber e das sociedades, quando o optimismo se
diluiu e o futuro pareceu tornar-se passado. Essa viragem, coetânea de mudanças
ao nível das sociedades, requereu uma reflexão sobre os usos do passado, como
artefacto do presente, sujeitos às relações de forças dentro das sociedades,
que interrogue igualmente o lugar do porvir, em tempos de futuros pretéritos.
Convocando quer
investigadores reconhecidos, quer jovens com trabalhos em curso nesse domínio
de orla, nesta conferência pretende-se interrogar o crescendo dos estudos sobre
a memória, o património e o anti-património, a relação com as fontes orais, os
arquivos e os museus, ao mesmo tempo que se debate a teoria e os métodos, numa
abordagem em que se convocam saberes de fronteira de várias disciplinas.
Resulta do aprofundamento
dos saberes no âmbito de um conjunto de relações estabelecidas pelos
investigadores da linha de investigação «Usos do Passado, Memória e Património
Cultural», congrega colegas de vários centros europeus, da Universidade Federal
do Ceará e da Red(e) Ibero-Americana Resistência e/y Memória, trazendo até
Lisboa investigadores de várias proveniências disciplinares, no domínio das
ciências sociais e humanas.”
Programa
25 de Novembro
9h30 – Abertura
10h00 – Conferência inaugural: Rui Bebiano (CES -
Universidade de Coimbra), Memória histórica, trauma e
democracia
10h45 – Debate
11h30 – Painel 1: O passado e o futuro são países estrangeiros? Teoria e métodos
11h30 – Paula Godinho (IHC - NOVA
FCSH), Real, imaginado e horror: a anemia da razão crítica e a força da
memória colectiva
11h45 – Anouk Guiné (Université du
Havre), Metodología y producción de conocimiento en contexto de
posconflicto. El caso peruano
12h00 – Raúl H. Contreras Román
(UNAM), Evocar el porvenir. Apuntes para el estudio etnográfico de futuros
passados
12h15 – João Carlos Louçã (IHC - NOVA
FCSH), A memória como artefacto para amanhã
12h30 – Debate
14h00 – Painel 2: História, memória, esquecimento e usos do passado
14h00 – Fabienne Wateau (CNRS), Herança indesejada e memória do meio. Acerca de marcas, matérias e
objetos
14h15 – Jorge Freitas Branco (ISCTE - IUL),
Os inertes também falam. Esquecimento e memória em torno dos
georrecursos da ilha do Porto Santo
14h30
– Shawn Parkhurst (University of Louisville), (Re)Making the Commons of a
Duriense village: Remembering Space and Spacing Memory
14h45 – Pedro Martins (IHC - NOVA
FCSH), Os usos da Idade Média: a dicotomia História-Memória à luz do
medievalismo português (c.1840-1940)
15h00 – Tânia Casimiro (IHC - NOVA
FCSH), Materialidades, identidades e desigualdades sociais: uma
perspectiva arqueológica (1755-1830)
15h15 – Debate
16h00 – Painel 3: Usos do Passado: materialidades, práticas e resistências
16h30 – Felipe Criado (INCIPIT, CSIC,
Galiza) e Rafael Millán (INCIPIT, CSIC, Galiza), Arqueologia, Cognição, Memória
16h45
– Rui Gomes Coelho (Rutgers University, USA: Joukowsky Institute for
Archaeology and the Ancient World, Brown University, EUA. UNIARQ - Centro de Arqueologia da Universidade de
Lisboa), Intimidades imperiais na Lisboa contemporânea
17h00 – Xurxo M. Ayán Vila (IHC - NOVA
FCSH) e Xosé Gago-García-Brabo (Câmara Municipal de A Pobra do Brollón,
Galiza), Adegas da Memória: a construção da memoria nas comunidades
camponesas da Ribeira Sacra
17h15 – Márcia Hattóri (Marie Curie no
INCIPIT , Brasil), Patrimônio como desvio dos processos de
reparação da violência de Estado e patrimônio como contestação territorial
quilombola
17h30 – Josu Santamarina Otaola
(Universidade do País Basco), Usos do Passado num contexto de
post-conflito: violencia política, materialidade, memoria e patrimonio em
Euskal Herria
17h45 – Debate
26 de Novembro
10h00 – Painel 4: Património e encenações
10h00 – Suene Honorato (Universidade
Federal do Ceará), O cânone romântico brasileiro: exclusão das
lutas indígenas e suas implicações para o presente
10h15 – Dulce Simões (INETmd - NOVA
FCSH), O património cultural e a construção de imaginários futuros
10h30 – Ema Pires (IHC - Universidade
de Évora), Sobre muros de xisto, javalis e árvores: modos possíveis de
habitar numa aldeia do interior de Portugal
10h45 – Heriberto Cairo Carou
(Universidade Complutense de Madrid), “Las Hermanitas Malvinas”:
Identidad, Geopolitica y Cultura Popular en Argentina
11h00: Ana Estévez (Museo do Pobo
Galego), Café da memória no Museo do Pobo Galego
11h15: Debate
11h30 – Painel 5: Emblematizações, memória e resistência
11h30 – Cristina Nogueira, Uma comunidade que lembra: as comemorações do 85 aniversário do 18
de janeiro na Marinha Grande
11h45
– Brian Juan O’Neill (ISCTE - IUL), A Relic People? Luso-typicalism in 18thCentury Marriages
12h00 – Adelaide Gonçalves
(Universidade Federal do Ceará), Sementes de Memória e
Resistência: Mulheres camponesas e soberania alimentar
12h15 – Mariana Rei (IHC - NOVA FCSH),
Das capitais do têxtil às capitais da cultura: notas sobre uma
pesquisa em curso no contexto de Guimarães – Lille
12h30 – Atílio Bergamini (Universidade
Federal do Ceará), Genocídio cotidiano: elementos para a
construção de um conceito
12h45 Debate
14h30 – Painel 6: Os arquivos: que passado guardado?
14h30 – Tiago Baptista (IHC - NOVA
FCSH e ANIM), Os arquivos de filmes e a patrimonialização do
cinema
14h45 – Silvestre Lacerda (ANTT), Os arquivos e as memórias individuais e das organizações:
descrição, preservação e disponibilização on-line
15h00 – Luísa Tiago de Oliveira (CIES –
ISCTE - IUL), História Oral, Fontes Orais e Arquivos Orais
15h15 – José Manuel Lopes Cordeiro
(Universidade do Minho), O Arquivo da Administração da
Região Hidrográfica do Norte: um património a conhecer e a valorizar
15h30 – Maria de Lurdes Rosa (IEM -
NOVA FCSH), O multiverso arquivístico, para arquivistas e historiadores
15h45 – Debate
16h00 – Projecção de O Silêncio, de António Loja Neves e José Alves
Pereira
18h30 – Casa da Achada: Apresentação de livros
• Alfredo González e Xurxo Ayán, “Arqueología. Una introducción a la materialidad del pasado“,
Madrid, 2018, Alianza Editorial, por Felipe Criado
• Jorge Moreno, “El Duelo revelado“, UNED, 2019, por João Rodrigues e
Vanessa Almeida
• Daniel Bensaïd, “Espectáculo, Fetichismo, Ideologia (um livro inacabado)“,
Fortaleza, Plebeu Gabinete de Leitura, 2019 (reedição de uma obra publicada em
2013 e há muito esgotada).
19h30 – Actuação do Coro da Achada
27 de Novembro
10h00 – Painel 7: Exibição do passado (1): os museus
10h00 – Maria da Luz Sampaio (IHC -
NOVA FCSH), Caminhos da salvaguarda e difusão das coleções técnico-industriais
10h15 – Gonçalo de Carvalho Amaro (IHC
- NOVA FCSH), Um museu mestiço: o gradual reconhecimento da
cultura indígena por parte dos museus chilenos
10h30 – Maria Miguel Cardoso (Museu do
Trabalho, Setúbal), Memória, Narrativa e Poder: o papel da memória
na construção de narrativas museais – o caso do Museu do Trabalho Michel
Giacometti
10h45 – Ângela Luzia (Museu da Cidade,
Almada), Estratigrafias: a função da memória em cenários de ruína
industrial
11h00 – Francisco Régis Lopes Ramos
(Universidade Federal do Ceará), O Museu Histórico Nacional e a
divulgação da história do Brasil (cultura material e escrita da história)
11h15 – Covadonga López de Prado
(Museo Massó, Pontevedra), O enfoque de xénero nas
museografías. A necesidade de implantar un enfoque feminista
11h30 – Debate
12h00 – Painel 8: Exibição do passado (2): os museus e a democracia
12h00 – María Lois (Universidade
Complutense), ‘He Maori ahau’: patrimonialización, museos y
contextos postcoloniales
12h15 – Rui Pereira (IHC - NOVA FCSH),
Descolonizar o Museu, Descolonizar o Saber, promover a igualdade,
combater a discriminação
12h30 – Luís Farinha (IHC - NOVA FCSH,
Museu do Aljube), Museu do Aljube Resistência e Liberdade:
Construção de um lugar de memória democrática
12h45 – Maria Alice Samara (IHC - NOVA
FCSH), Metamorfoses do espaço: de prisão a museu
13h00 – Debate
15h00 – Painel 9: Usos do Passado, memória política e ditaduras
15h00 – Manuel Loff (IHC - NOVA FCSH,
Universidade do Porto), “A maior catástrofe da história
portuguesa”: “retornados” e descolonização no discurso público português
15h15 – Jorge Moreno Andrés, Fotografía, duelo y memoria. El uso de las imágenes familiares en
contextos de violencia política
15h30 – Miguel Cardina (CES -
Universidade de Coimbra), (Des)monumentalizar a luta:
heroísmo, tempo e nação
15h45 – Lourenzo Fernandez Prieto
(USC), O relato dun pasado que non existe máis. Historia e musealización
16h00 – Aitzpea Leizaola (Universidade
del Pais Vasco - UPV - EHU), Memorias incompletas,
patrimonios incómodos. Interrogando los objetos de las exhumaciones de fosas
comunes de la guerra civil española
16h15 – Fernando Rosas (IHC - NOVA
FCSH), Portugal século XX: o “colonialismo popular”
16h30 – Debate
17h00 – Performance de Joana Craveiro: Quando o passado (nos) persiste, ou, disse ele, “Há sempre uma
história por detrás de todas as coisas” - uma keynote em jeito de
palestra performativa sobre alguns passados que não nos largam.
Fonte: sítio
Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa