domingo, 31 de março de 2019

[0183] Ser cidadão, para Augusto Boal


Mal terminada a comemoração do Dia Mundial do Teatro, no passado dia 27 de Março, vale a pena fazer uma pequena incursão pelo modo como Augusto Boal relacionou as Pessoas e o Mundo através do Teatro.
Afirmou ele, num documentário exibido em Almada em 26 de Julho de 2015, que cidadão não é aquele que vive em sociedade, mas sim aquele que transforma a sociedade em que vive:

Cartaz do documentário de Zelito Viana

A sua concepção acerca do teatro corresponde a esta ideia fundamental: os métodos do seu Teatro do Oprimido não surgiram como invenções individuais, antes como consequência de descobertas colectivas surgidas no contexto de experiências concretas. Aqueles a quem se destina o seu Teatro não são apenas espectadores, transformam, colectivamente, as suas percepções sobre a vida, expressando-as através do Teatro
A sua Árvore do Teatro do Oprimido tem como raízes a Ética da Solidariedade, as quais alimentam as mais variadas manifestações do conhecimento humano:


Fontes: documentário de Viana (2010); sítio da Secretaria da Educação do Paraná (Brasil), incluindo para a segunda imagem

sábado, 23 de março de 2019

[0182] 2019: Ano Internacional da Tabela Periódica dos Elementos Químicos


As Nações Unidas e a UNESCO tomaram a decisão de comemorar os 150 anos da criação, por Dmitry Mendeleev, de um dos mais importantes instrumentos na história da ciência.

Mendeleev começou por criar uma ficha de papel para cada um dos 63 elementos químicos então conhecidos. Depois alinhou as fichas, por ordem crescente de massa atómica e por coluna dos elementos com propriedades semelhantes, reparando existir entre os elementos uma rede de relações verticais, horizontais e diagonais.
Existiam lugares vazios nesta disposição das fichas, o que levou Mendeleev a admitir que eles correspondiam a elementos ainda não descobertos, cujas propriedades físico-químicas podiam ser previstas a partir da lógica do sistema que tinha criado. E, de facto, acertou nas propriedades de sete desses elementos ainda desconhecidos. Estava-se em 1869.

Quase meio século depois, em 1913, Henry Moseley, ao analisar os espectros de raios-x dos 83 elementos já conhecidos, encontrou uma relação matemática entre o comprimento de onda e o número atómico de cada elemento, provando que o número atómico era a informação mais importante para prever o seu comportamento. Ao dispor os elementos químicos por ordem crescente do seu número atómico, Moseley criou a tabela periódica tal como ainda hoje é usada:



As comemorações são também momentos em que se pode e deve pensar nos aspectos menos simpáticos do uso aquilo que se comemora. A European Chemical Society criou uma variante da tabela periódica em que se destaca a abundância / escassez de cada elemento químico, a sua utilização ou não no fabrico de smartphones e os conflitos políticos / militares em que a respectiva extracção está ou não envolvida:


Fontes: sítios da Ciência Viva (texto e 2ª imagem) e da Tabela Periódica.org (1ª imagem)


quarta-feira, 20 de março de 2019

[0181] Primavera: a Árvore e a Floresta


Anualmente, no dia 21 de Março, a Árvore e a Floresta são mundialmente celebradas.
A origem recente desta ideia deve-se à iniciativa do jornalista e político norte-americano Julius Sterling Morton, que, para incentivar a plantação de árvores no estado de Nebraska, promoveu o Arbor Day em 10 de Abril de 1872.
Em Portugal a 1ª Festa da Árvore foi comemorada em 9 de Março de 1913 e o 1º Dia Mundial da Floresta em 21 de Março de 1972.

Os actuais argumentos para que estas celebrações se realizem recorrem a informações vindas da ciência e, por vezes, da economia. Através delas somos recordados de que 30 % da superfície terrestre está coberta por florestas, de que mil árvores adultas absorvem cerca de seis mil quilogramas de dióxido de carbono e de que é através da fotossíntese que as árvores absorvem esse dióxido de carbono e produzem e libertam oxigénio para a atmosfera.

Estas celebrações têm, no entanto, origens muito mais antigas, sempre associadas ao momento particular em que o ciclo da Natureza se encontra nesta época do ano: o início da Primavera.
Sandro Botticelli (1445 - 1510), por exemplo, celebrou deste magnífico e abrangente modo o extraordinário momento em que, uma vez mais, estamos a entrar:

Primavera, de Sandro Boticelli (pintado por volta de 1478; quadro patente na Galeria Uffizi, em Florença; dimensões, 203 x 315 cm)

Segundo Susie Hodge, Botticelli representou através desta pintura textos dos romanos Ovídio e Séneca, que viveram um milénio e meio antes dele.

Fontes: sítios da Calendarr Portugal e da Wikipédia; Hodge (2017; pp. 60-63)

sábado, 9 de março de 2019

[0180] Uma visão artística do património do concelho de Sesimbra


Da autoria de Albino Moura, o mural Sesimbra foi inaugurado em 25 de Julho de 2016, no Largo de Bombaldes, junto à entrada do Mercado do Peixe da vila de que recebeu o nome. Tem 6 metros de comprimento e 2 metros de altura e é composto por azulejos:


Neste mural podem ser identificados elementos do património associado ao concelho de Sesimbra: o património natural (as falésias, o mar, o peixe, as aves); o património mitológico (o Senhor Jesus das Chagas, padroeiro dos pescadores de Sesimbra); o património edificado (as igrejas da vila, o Santuário e o Farol do Cabo Espichel, a Ermida da Memória, a Fortaleza de Santiago e o Castelo de Sesimbra); e o património laboral (a pesca e a moagem, em particular a Moagem de Sampaio).

À semelhança do que faria dois anos mais tarde no mural Cidade do Seixal (ver mensagem «0176»), Albino Moura coloca no centro deste novo mural um pescador, abraçado ao seu barco de pesca (tradicionalmente a Muleta, no Seixal, e a Aiola, em Sesimbra):

Pormenores centrais
de «Cidade do Seixal» (2018) e de «Sesimbra» (2016)

Não deixa de ser curiosa a convergência entre estas duas representações e a feita no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, do Infante D. Henrique, com a sua Caravela pronta a navegar:


Imagens: Infocul.pt (Sesimbra); Eva Maria Blum (Seixal); Wikipédia (Padrão dos Descobrimentos)