Começar a perceber o que é o Tocá Rufar é descobrirmos como, num aparentemente simples projecto de percussão, se articula a persistência individual, a cooperação entre os percussionistas e a pujança do associativismo em rede e, claro, é encantarmo-nos com o ritmo vital que os intérpretes deste projecto nos proporcionam:
O Tocá Rufar foi fundado em 1996,
propondo-se formar artisticamente (e desenvolver culturalmente) quem
desejasse trabalhar com a percussão tradicional
portuguesa.
Em 1998 actuou na Expo realizada em Lisboa, sendo, desde
esse mesmo ano, apoiado financeiramente pelo Ministério
da Cultura, por ter sido considerado um Projecto
de Interesse Cultural. E,
em 1999,
constituiu-se como Associação dos Amigos do Tocá Rufar (ADAT).
Desde 2019 integra a Rede Nacional de Clubes UNESCO.
A Orquestra Tocá Rufar,
uma orquestra de percussão tradicional portuguesa, inclui naipes de bombos, caixas de rufo e timbalões, sendo capaz
de interpretar ritmos e temas originais, quer em formato de desfile, quer em
formato de palco. Já actuou com artistas como Amélia Muge, o Balett Gulbenkian,
os Buraka Som Sistema, Fafá de Belém, Fausto, Gilberto Gil, Jorge Palma, José
Mário Branco, Mickael Carreira, Paulo de Carvalho, Tony Carreira e os Xutos
& Pontapés, e, fora de Portugal, actuou, entre outros países, em Espanha, na
Bélgica, no Reino Unido, na Alemanha, no Brasil,
nos EUA, em Macau, na Coreia do Sul,
no Japão ...
Mais de 80 % das suas actuações são oferecidas
para eventos cujos promotores não têm capacidade financeiras, desde que os respectivos
princípios e causas sejam considerados justos e meritórios. Noutras actuações, solicitadas
por quem as pode pagar, o Tocá Rufar é financeiramente exigente.
Após o surgimento da Orquestra Tocá Rufar foram criadas em
Portugal cerca de cinquenta novas orquestras de percussão. Pelo que o Tocá
Rufar decidiu organizar anualmente o festival Portugal a Rufar, que reúne cerca de
um milhar de bombos de todo o mundo, juntando, num mesmo acontecimento, a
percussão clássica, étnica, tradicional e contemporânea, bem como as dimensões instrumental
e académica.
A ADAT organiza desde 2015 o Congresso do Bombo, nesse ano na Aula Magna (Lisboa),
nos anos seguintes na Casa do Bombo (Fundão), na Casa das Artes (Amarante), no
Fórum Cultural (Seixal), no Governo Civil (Vila Real) e, em 2020, virtualmente,
dada a impossibilidade de o realizar presencialmente, em Viana do Castelo (ver:
www.bombo.pt).
Em 2016, o Tocá Rufar deu início
à preparação da candidatura da prática dos Bombos à lista da UNESCO do
Património Cultural Imaterial da Humanidade.
A comunidade associativa em que o Tocá Rufar se integra
estende-se, actualmente, por sete países e por trinta distritos e inclui cerca
de 350 grupos de percussão criados por portugueses.
Todos os anos este projecto ensina, gratuitamente, cerca de 500 alunos, podendo
ser considerado um projecto de intervenção sociocultural, que
visa o desenvolvimento da sociedade civil, nomeadamente das suas componentes
mais frágeis e mais carentes de atenção. Este contributo foi assim resumido por
Rui Júnior,
fundador e coordenador do projecto, ao responder a um responsável municipal da
educação:
“Os nossos tocadores, quando integram a Orquestra Tocá Rufar assumem a responsabilidade de representar a cultura e identidade de um país – este projecto, pela visibilidade que tem, acarreta esse peso; por isso são-lhes exigidas muitas horas de trabalho árduo, regras de educação e de conduta exemplares e uma apresentação e postura rigorosas. Eles são artistas e, sobretudo, seres humanos exigentes e de valor e - lhe garanto -, saberão tomar as necessárias iniciativas e responsabilidades, hoje e no futuro, de tudo fazer pela sua terra, assim o senhor saiba dar-lhes o respeito e admiração que eles merecem. Qualquer indivíduo que ingresse na Orquestra, seja criança, jovem, adulto, idoso, homem ou mulher é considerado e tratado pelo Tocá Rufar como um ser auspicioso.”
Para quem quiser antever a futura «Aldeia do Bombo», a nova sede do Tocá Rufar»: https://youtu.be/kTcWYhgH-Gk.
Fonte: sítio do Tocá Rufar
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