No dia 20 de Julho comemorou-se o Dia Mundial do Xadrez.
Considera-se que o Xadrez teve origem num outro jogo, o Chaturanga,
jogado na Índia por volta do século VI da era actual. Ao chegar à Pérsia, este
jogo foi aí transformado em Xadrez, sendo depois difundido até à Europa:
Na seguinte ilustração, patente no Libro de los juegos (um manuscrito encomendado por Afonso X, o Sábio, rei de Castela, Leão e Galiza entre 1252 e 1284), vemos dois homens disputando uma partida de Xadrez perante um nobre:
Na transição para a Idade Moderna, como consequência das profundas
mudanças sociais que estavam a ocorrer, as regras do Xadrez tornaram-se mais
dinâmicas, tal como Bertolt Brecht descreve numa cena de Vida de Galileu,
passada em 1616:
“GALILEU (para
os secretários que estão a jogar xadrez): Como podem continuar a jogar xadrez
à moda antiga? Agora joga-se assim: as figuras maiores podem percorrer todos os
campos. A torre anda assim (mostra como
se faz). Tem-se espaço à vontade e podem-se fazer planos.”
Com a continuação dos tempos, o Xadrez tornou-se um jogo despido de elementos
não racionais, como se depreende do modo como o escritor Stefan Zweig o comenta: no “xadrez, jogo
exclusivamente de cálculo, isento de todo o azar”, o “atractivo
[…] consiste unicamente no facto de a sua estratégia se desenvolver
diversamente em dois cérebros diferentes”.
Esta visão do Xadrez como actividade puramente racional está também presente na
pintura, na escultura e no cinema. Maria Helena Vieira da Silva, por exemplo, em A Partida de Xadrez
(1943; 81 x 100 cm), incorpora este jogo num ambiente que se adivinha estar igualmente
estruturado por uma racionalidade estrita:
Hoje, há países em que a aprendizagem do Xadrez faz parte dos currículos oficiais. Não é o caso de Portugal, embora algumas escolas o tenham adoptado: na Escola 31 de Janeiro, situada na Parede (concelho de Cascais), “o xadrez é uma disciplina como todas as outras, de frequência obrigatória e com direito a programa e avaliação”.
Para o director desta escola, Vítor
Rodrigues, “A partir de três, quatro anos de
experiência, estes alunos já têm uma grande capacidade de concentração e
conseguem ficar três horas a jogar”.
Fontes: livros de Brecht (1970; pp. 100-101), de Pastoureau
(2016; pp. 227-228) e de Zweig (1974, pp. 74-75); artigo de Leiria (2007)
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