Povoado Neolítico, na Ponta da Passadeira: com cerca de 5 000 anos; vestígios
que o associam à caça, à pesca, à recolecção de marisco, à olaria e ao eventual
culto do touro.
Vinhas: está documentada a sua
existência em Coina (1257) e no Lavradio (1298); na primeira metade do século XIX
elas ocupavam um terço do solo do concelho.
Salinas: existiam no Lavradio (antes de 1317) e no estuário do Coina (desde 1322); perduraram, juntamente com a
agricultura, até ao início do século XX.
Fornos Cerâmicos: os da Mata da Machada (séculos XV e XVI) usavam a argila
e a lenha das proximidades, produzindo malgas, pratos, candeias, tigelas,
copos, escudelas e talhas, pesos de rede, telhas, formas de biscoito (para o
Vale do Zebro) e formas de pão de açúcar (para os engenhos açucareiros); mesmo
se pode dizer do forno de Santo António da Charneca,
da mesma época.
Complexo Real de Vale do Zebro: no
século XV tinha 27 fornos, um armazém de cereal, um cais de embarque, um moinho
de maré com 8 moendas (o maior do estuário do Tejo, nessa época); produzia o
«biscoito» (o nome proveio das duas cozeduras a que era sujeito, para ficar
completamente desidratado), que era conservado em barricas e não azedava
durante as viagens marítimas (precisava de ser humedecido antes de poder ser
consumido; a ração diária era de 428 gramas por pessoa); danificado pelo
terramoto de 1755, foi reconstruído, acabando por servir para outros fins.
Moinhos de maré: foi referenciada
a existência de 11; o primeiro data de 1484; há vestígios dos de Coina, Telha, Palhais, de três na Alburrica
(Grande, Pequeno e do Cabo) e do d`El Rei
(Vale do Zebro); no século XVIII foi construído o de Braancamp,
maior que o de Vale do Zebro; antes destes moinhos houve moinhos fluviais.
Moinhos de vento: aproveitavam
os ventos predominantes de Norte; haveria uma dúzia no século XVIII, que
perderam valor comercial com a chegada da moagem industrial; na Alburrica, subsistem os moinhos Nascente e Poente
(1852), de tipologia portuguesa, e o Gigante (1852), de três pisos e pás de madeira,
de tipologia holandesa, tal como o moinho do Jim, que se situou na antiga praia do Norte, hoje Av. Bento Gonçalves (1827).
Construção naval: para
embarcações de longo curso, desde o século XV até ao século XIX, situada na Ribeira da Telha (Azinheira Velha, Santo André),
próximo de uma mancha florestal (Mata da Machada); trabalhou em articulação com
a construção naval da Ribeira, em Lisboa; paralelamente desenvolveu-se a
construção e a reparação naval, destinadas à pesca e à navegação no rio.
Muleta: esta embarcação aparenta
ter raízes no Mediterrâneo oriental; possui um mastro inclinado, com verga para
uma grande vela latina, dois panos na ré e seis na proa; e possui «tartaranha»
(rede de arrasto e de alar) e redes de deriva; exigia uma campanha de 15
homens, um mestre e 2 moços auxiliares; em 1901 só havia uma a laborar; foi
substituída pelo Bote-de-fragata em 1928.
Real Fábrica de Espelhos e Vidros Cristalinos
de Coina: fundada no século XVIII, por D. João V; laborou entre 1719
e 1749, sendo transferida para a Marinha Grande devido à proibição de utilizar
a madeira dos pinhais reais, apesar de ter usado, durante algum tempo, hulha
importada.
Linha Ferroviária de Sul do Tejo:
começou a ser explorada comercialmente em 1861; em 1884 foi-lhe acrescentado a
ligação a um cais fluvial, tornando atrativo o seu uso pela indústria.
Indústria Corticeira: a primeira
notícia da inauguração de uma fábrica de cortiça no Barreiro é de 1865; em 1920
havia aí 40 fábricas e mais de 1000 operários (um terço da população activa
barreirense; houve quem trabalhasse a partir dos 7 anos de idade; no fim do
século XIX a jornada de trabalho era de 12 horas); a CUF veio proporcionar
condições mais atractivas para os trabalhadores, a que se juntou a pressão do
crescimento urbano, levando ao desaparecimento desta indústria.
Companhia União Fabril (CUF):
instalou-se no Barreiro, para se expandir, pois o seu desenvolvimento estava limitado
em Lisboa; em 1907 já tinha armazéns e um cais acostável; depois teve um ramal
de caminho-de-ferro e novos terrenos para Sul do terreno inicial, situado junto
ao rio; constrói um bairro operário em 1908; no final dos anos 50 emprega mais
de 8 mil operários e na década seguinte mais de 10 mil; a recessão dos anos 70
questionou o seu modelo de grande concentração industrial.
Associativismo: são centenárias
a Sociedade de Instrução e Recreio Barreirense «Os Penicheiros» e a Sociedade
União Democrática Barreirense «Os Franceses» (1870); a Sociedade Filarmónica
Agrícola Lavradiense e a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários dos
Caminhos de Ferro do Sul e Sueste (1894); a Sociedade Filarmónica União
Agrícola 1º de Dezembro (1896); o Futebol Clube Barreirense e a Cooperativa
«Corticeiros» (1911); e a Cooperativa Popular Barreirense (1913).
Fonte (catálogo): Camarão & Carmona (2015)
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