sábado, 27 de outubro de 2018

[0163] De 2 a 18 de Novembro há muito teatro em Almada!


A 22ª Mostra de Teatro de Almada irá concretizar-se de 2 a 18 de Novembro, por iniciativa dos grupos de teatro que nela participam e da Câmara Municipal de Almada,.

A apresentação desta edição é assim feita no blogue que vem acompanhando a Mostra:
Meses antes do seu início, escolhem-se e decoram-se textos, ensaia-se com o pensamento na intensidade que se deverá dar às palavras, define-se a movimentação em cena, fazem-se desenhos de luz e escolhem-se os melhores sons que hão-de acompanhar as peças, constroem-se cenários, desenham-se figurinos, preparam-se adereços, montam-se espaços cénicos e cria-se, enfim, ILUSÃO.
Chegado o momento, actores e público, numa só respiração, acrescentam sentidos a cada récita e, deste modo, ampliam formas de estar e de ser e contribuem para um mundo diferente, mais pleno e mais rico, no fundo, melhor.
Na vitrine onde a 22ª Mostra de Teatro se expõe ressalta a diversidade: Heiner Müller, Bertolt Brecht, Beckett, Natália Correia, Marina Carr, António Mauriz, Patrick Süskind, Alberto Luengo mas também Paulo Sacaldassy, Fernando Fitas e Blaise Cendrars entre muitos outros fazem antever a riqueza daquilo a que será possível assistir.
Também este ano, se poderá, então, contar com um programa muito diversificado que terá na mira os mais diferentes públicos, e que contemplará ainda, pela riqueza que lhe trazem, os já habituais espaços de formação, de debate e de convívio entre público e artistas.
Aos 22 grupos participantes caberá a confirmação da multiplicidade de escolhas, entre diferentes estéticas e géneros, bem como a responsabilidade de continuar a fazer de Almada, espaço de artes e cultura, a terra onde o teatro se sente definitivamente em casa.


CALENDÁRIO

2 NOVEMBRO | SEXTA | 21H30
AUDITÓRIO FERNANDO LOPES-GRAÇA
ACTOS URBANOS
CRIAÇÃO | M/16 | 70’
DE SARAH ADAMOPOULOS | ENCENAÇÃO: JOANA SABALA

3 NOVEMBRO | SÁBADO | 16H00
TEATRO-ESTÚDIO ANTÓNIO ASSUNÇÃO
TEATRO EXTREMO
DOIS REIS E UM SONO | M/6 | 75’
DE NATÁLIA CORREIA E MANUEL LIMA

3 NOVEMBRO | SÁBADO | 21H30
TEATRO MUNICIPAL JOAQUIM BENITE – SALA DE ENSAIOS
ARTES E ENGENHOS
A MORTE NOS OLHOS | M/16 | 70’ | ESTREIA
DE ALEXANDRE PIERONI CALADO E JOÃO FERRO MARTINS COM CARLOTA LAGIDO

6 NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA |22H00
PÁTIO DO PRIOR DO CRATO
O GRITO
SEMENTEIRA | M/12 | 75’
DE FERNANDO FITAS

7 NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA | 21H30
AUDITÓRIO DA COSTA DA CAPARICA
TEATRO DA GANDAIA
O SEGREDO DE QUEM SOMOS | M/10 | 50’
DE CHRISTIANE DE MACEDO

8 NOVEMBRO | QUINTA-FEIRA | 21H30
TEATRO-ESTÚDIO ANTÓNIO ASSUNÇÃO
TEATRO UBU
ILHA DO SUMIÇO | TODOS | 45’
DE FRANCISCO SILVA, RUI SILVARES E ANA NAVE

9 NOVEMBRO | SEXTA-FEIRA | 21H30
CINETEATRO DA ACADEMIA ALMADENSE
ALPHA TEATRO
GODET...GODOT...GODIN...
...OU LÁ COMO ELE SE CHAMA! | M/16| 60’ ESTREIA
A PARTIR DE “À ESPERA DE GODOT” DE SAMUEL BECKET

9 NOVEMBRO | SEXTA-FEIRA | 21H00
10 NOVEMBRO | SÁBADO | 21H00
11 NOVEMBRO | DOMINGO | 16H00
RECREIOS DESPORTIVOS DA TRAFARIA
NINHO DE VÍBORAS
FAZER UMA FOGUEIRA | M/6 | 180’ (tem intervalo)
DE ALBERTO LUENGO (SEGUNDO JACK LONDON)

10 NOVEMBRO | SÁBADO | 19H00
PONTO DE ENCONTRO – CASA MUNICIPAL DA JUVENTUDE
MARINA NABAIS DANÇA, ASSOCIAÇÃO CULTURAL
NO | M/5 | 50’
CRIAÇÃO COLETIVA

10 NOVEMBRO | SÁBADO | 21H00
SALÃO DE FESTAS DA INCRÍVEL ALMADENSE
CÉNICO DA INCRÍVEL ALMADENSE
UM MINUTO ANTES DE DIZER ADEUS | M/12 | 50’
DE PAULO SACALDASSY

10 NOVEMBRO | SÁBADO | 22H15
TEATRO-ESTÚDIO ANTÓNIO ASSUNÇÃO
A LAGARTO AMARELO – ASSOCIAÇÃO CULTURAL
O CONTRABAIXO | M/12 | 70’ ESTREIA
DE PATRICK SüSKIND

11 NOVEMBRO | DOMINGO | 11H00
SALÃO DE FESTAS DA INCRÍVEL ALMADENSE
CÉNICO DA INCRÍVEL ALMADENSE
A BIBLIOTECA ENCANTADA | M/3 | 40’
DE IRÍS PITACAS

11 NOVEMBRO | DOMINGO | 16H30
CINETEATRO DA ACADEMIA ALMADENSE
EMBALARTE
AS VOLTAS QUE A TERRA DÁ | TODOS Recomendado 6 meses aos 5 anos | aprox. 30’
DE ÂNGELA RIBEIRO E SUSANA ROSENDO

11 NOVEMBRO | DOMINGO | 18H00
TEATRO-ESTÚDIO ANTÓNIO ASSUNÇÃO
GRUPO DE TEATRO DA ACADEMIA ALMADENSE
A TEIA | M/12 | 60’ ESTREIA
CRIAÇÃO COLETIVA

11 NOVEMBRO | DOMINGO | 19H00
AUDITÓRIO FERNANDO LOPES-GRAÇA
O OUTRO LADO
PÂNTANO | M/12 | 90’ ESTREIA
DE MARINA CARR

11 NOVEMBRO | DOMINGO | 21H00
AUDITÓRIO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL MANUEL DA FONSECA
ASSOCIAÇÃO CULTURAL MANUEL DA FONSECA
CRÓNICAS ANACRÓNICAS | M/12 | 60’ ESTREIA
DE ASSOCIAÇÃO CULTURAL MANUEL DA FONSECA – CRIAÇÃO COLETIVA

13 NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA | 21H30
CINETEATRO DA ACADEMIA ALMADENSE
TEATRO DA GANDAIA
O SEGREDO DE QUEM SOMOS | M/10 | 50’
DE CHRISTIANE DE MACEDO

14 NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA | 21H30
TEATRO-ESTÚDIO ANTÓNIO ASSUNÇÃO
NOVO NÚCLEO TEATRO, FCT
HORÁCIO | M/12 | 60’ ESTREIA
CENTRADO NO MITO DE HORÁCIO
A PARTIR DOS TEXTOS: “O HORÁCIO”, HEINER MÜLLER, “OS HORÁCIOS E OS CURIÁCIOS”, BERTOLT BRECHT, “HORÁCIO”, PIERRE CORNEILLE

15 NOVEMBRO | QUINTA-FEIRA| 10H30 e 11H30
AUDITÓRIO FERNANDO LOPES-GRAÇA
TEATRO ABC.PI – Associação Cultural
ÀS CRIANÇAS | M/3 | 37’
DE BLAISE CENDRARS

16 NOVEMBRO | SEXTA-FEIRA| 21h00
AUDITÓRIO FERNANDO LOPES-GRAÇA
PRODUÇÕES ACIDENTAIS
A MINHA EUROPA / MY EUROPE | M/12 | 80’
DE COLIN GINKS e ISABEL MÕES

16 NOVEMBRO | SEXTA-FEIRA | 22h30
TEATRO-ESTÚDIO ANTÓNIO ASSUNÇÃO
ARTES E ENGENHOS
MIGRAÇÕES – TÍTULO PROVISÓRIO | M/16 | 65’
DE SANDRA HUNG, ARTES E ENGENHOS

17 NOVEMBRO | SÁBADO| 21H00
AUDITÓRIO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL MANUEL DA FONSECA
ASSOCIAÇÃO CULTURAL MANUEL DA FONSECA
ROMEU CORREIA, TALVEZ POETA | M/12 | 90’ (TEM INTERVALO)
DE GRUPO DE TEATRO DA ASSOCIAÇÂO CULTURAL MANUEL DA FONSECA – CRIAÇÃO COLETIVA

18 NOVEMBRO | DOMINGO| 16H00
TEATRO-ESTÚDIO ANTÓNIO ASSUNÇÃO
TEATRO & TEATRO – ASSOCIAÇÃO CULTURAL O MUNDO DO ESPECTÁCULO
O TREM DAS TREZE (E TREZE) | M/12 | 60’ ESTREIA
DE ANTÓNIO MAURIZ

18 NOVEMBRO | DOMINGO| 16H00
AUDITÓRIO FERNANDO LOPES-GRAÇA
COMPANHIA DE TEATRO MUSICAL DA PLATEIAS D’ARTE
SONHOS – UM CLÁSSICO ENCANTADO | M/3 | 60’ ESTREIA
ADAPTAÇÃO DE DIOGO NOVO E SARA CASTANHEIRA inspirado nos CONTOS dos IRMÃOS GRIMM

18 NOVEMBRO | DOMINGO | 21H00
RECREIOS DESPORTIVOS DA TRAFARIA
GITT – GRUPO DE INICIAÇÃO TEATRAL DA TRAFARIA
TRÊS BICAS E UM CARIOCA DE LIMÃO | M/12 | 50’ ESTREIA
DE XICO BRAGA

Fonte: blogue da Mostra de Teatro de Almada (onde é possível obter informações complementares sobre cada espectáculo)

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

[0162] Como fazer o «Origami»? Qual o seu papel na educação?


A primeira sessão organizada pelo Grupo Estrela Azul em 2018-19 tem por título uma pergunta: Afinal, o Origami é útil?


Será dinamizada pela professora Ana Mota e decorrerá na Associação Almada Mundo (Praça Capitães de Abril nº 2 A e B, Cova da Piedade), no dia 31 de Outubro, a partir das 15h00. A participação é livre.

domingo, 21 de outubro de 2018

[0161] Como está o mundo neste momento?


Com fundamento nas estatísticas disponibilizadas por publicações internacionalmente fidedignas, o sítio Worldometers mostra a quem o consulta uma estimativa em tempo real do estado quantitativo de diversas facetas deste mundo sempre em mudança: a população; o governo e a economia; a sociedade e os seus media; o ambiente; a alimentação; a água; a energia; e a saúde.

Um exemplo, registado perto do fim da tarde deste Domingo:


Esta mensagem foi, portanto, uma das cerca de quatro milhões e meio de mensagens colocadas hoje em blogues de todo o mundo.

Fonte: sítio de Worldometers

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

[0160] CINEMAR: dois dias de cinema na Trafaria!



O Cinemar é uma mostra de filmes sobre o Mar e a Pesca que decorrerá ao ar livre, em dois locais da Trafaria, já nesta 6ª feira (dia 12) e neste Sábado (dia 13). E é gratuito.

Programa:


Esta iniciativa resulta da colaboração de um grande número de pessoas e de colectivos:


Informação recebida através de email

domingo, 7 de outubro de 2018

[0159] A visitar em Lisboa: o Jardim Botânico da Ajuda


O Jardim Botânico da Ajuda foi criado há 250 anos, sendo o mais antigo jardim botânico do país. Desenhado pelo naturalista italiano Domenico Vandelli, destinava-se à educação dos netos de D. José I e integrava um museu de história natural, uma casa de risco e laboratórios de química e de física, constituindo o primeiro espaço científico da cidade.
Em 1784, o padre João Faustino utilizou-o como ponto de partida para a viagem da sua máquina aeroestática, um balão foi feito em papel colorido e enchido com gás; este elevou-se nos ares, deambolou sobre o Tejo e acabou por cair em Cacilhas, tal como a «Gazeta de Lisboa» relatou ao pormenor.
Foi D. João VI, um dos netos de D. José I, que abriu este jardim ao público, uma vez por semana. E que, ao residir no Brasil para fugir às invasões francesas, fundou o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Quanto ao jardim que deixou na Ajuda, acabaria por ser integrado no Instituto Superior de Agronomia, em 1910, contribuindo o seu espaço científico para a criação da Academia das Ciências.
Entre 1994 e 1997, depois de sucessivos períodos de abandono e decadência, o jardim foi restaurado, estando actualmente dividido em quatro partes: um patamar inferior, com um jardim de estilo romântico; um patamar superior, a «escola», onde as plantas estão organizadas de acordo com as suas regiões de origem; uma mata, junto ao portão que o liga à Calçada do Galvão; e o jardim dos aromas, onde podem ser apreciadas plantas aromáticas, medicinais, tintureiras e saponificadoras, em canteiros concebidos para também serem acessíveis a invisuais.
Entre as árvores mais apreciadas encontram-se:
Jacarandás (Jacaranda mimosifolia), originários da América do Sul (o nome provém do tupi-guarani) e hoje comuns nos jardins e passeios públicos;
o único exemplar de Schotia afra existente num jardim botânico europeu e que, pela sua dimensão, se encontra apoiado numa grande estrutura circular em ferro;
a árvore da Sumaúma (Ceiba pentandra), com um tronco protegido por grandes espinhos e cujos frutos, parecidos com uma pêra-abacate, têm as sementes protegidas por centenas de pelos brancos (outrora usados para encher as almofadas);
alguns Gingko (Ginkgo biloba), uma espécie vinda do tempo dos dinossauros e de que, dizem, alguns exemplares sobreviveram ao bombardeamento atómico em Hiroshima;
e vários Dragoeiros (Dracaena drago), nativos da Madeira e dos Açores (onde actualmente são considerados vulneráveis), entre eles o maior do país, que veio já adulto para Portugal, que tem actualmente perto de 400 anos de idade e que, por ter sido atacado por um fungo em 2006, que lhe apodreceu parte das raízes, se encontra agora apoiado por um conjunto de cabos e de ferros:

À esquerda, um dos extremos do grande Ginkgo biloba; no centro, a Schotia afra

Fonte jornalística: Gonçalves (2018)
Fotografia: Eva Maria Blum

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

[0158] Em 5 de Outubro: Dia Mundial do Professor


O Dia Mundial do Professor foi instituído em 1994, pela UNESCO, a organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Este ano o tema em destaque é o da qualificação dos professores:


Foi entretanto publicado o relatório Education at a Glance 2018, sendo possível acedê-lo em:
A divulgação de que foi alvo em Portugal enfatizou a média salarial dos professores portugueses, por ser consideravelmente superior à das restantes profissionais qualificadas. O relatório explica-o pelo envelhecimento dos professores portugueses, o que o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, confirmou: em Portugal leccionam apenas 121 professores com menos de 30 anos.
Segundo o relatório, a percentagem dos nossos professores do ensino básico e secundário que têm 50 anos ou mais era cerca de 22 % em 2005 e cerca de 38 % em 2016, enquanto no conjunto dos países da OCDE subiu dos 32 % para os 35 %.

Fontes: sítios da Calendarr Portugal, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e notícia de Silva (2018)

sábado, 22 de setembro de 2018

[0157] As praias da Nossa Banda: o início da transformação da Costa de Caparica


As praias para usufruto massificado resultaram de uma lenta apropriação e transformação dos seus areais. Na margem Sul do Tejo, a Ponta dos Corvos, a Mutela, a Margueira, Cacilhas, o Ginjal e a Banática começaram, desde a década de 1870, a ser usados pelas famílias aristocratas e burguesas de Lisboa para banhos e natação, seguindo-se-lhes a Trafaria e, mais tarde, a Cova do Vapor e a Costa de Caparica (mensagem «0154»).

A Costa de Caparica foi uma das praias visitadas por Adriano de Sousa Lopes (1879-1944), entre 1922 e 1926, tendo dela feito diversos desenhos e pinturas onde as únicas actividades humanas figuradas são as relacionadas com a pesca:

Manhã na praia da Caparica (óleo sobre cartão; acervo do Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa):


Céu da Caparica (óleo sobre tela; acervo do Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa):


Sensivelmente pela mesma altura também Raúl Brandão (1867-1930), no seu livro Os Pescadores, de 1923, descreveu a Costa de Caparica:

Da horrível Trafaria à Caparica gastam-se dezoito minutos num carrinho pela estrada através do pinheiral plantado há pouco. Os pinheiros são mansos, anainhos e inocentes: - os pinheiros novos são como bichos novos e têm o mesmo encanto … Ao lado esquerdo desdobra-se o grande morro vermelho a esboroar, e ao outro lado o terreno extenso e plano rasgado de valas encharcadas. De repente uma curva, algumas casotas cobertas de colmo - Caparica. Primitivamente isto foi um grupo de barracas que os pescadores aqui ergueram neste esplêndido sítio de pesca, à boca da barra, a dois passos do grande consumidor. Têm um ar ainda mais humilde que os palheiros de Mira ou Costa Nova. Quatro tábuas e um tecto de colmo negro com remendos deitados cada ano: alguns reluzem e conservam ainda as espigas debulhadas do painço. No imenso areal o barco da duna, sempre o mesmo barco, maior ou mais pequeno, próprio para a arrebentação, de proa e popa erguidas para o céu.”
“Uma grande extensão de areal, só areia e mar, barcos como crescentes encalhados e alguns pescadores remendando as redes. Nem um penedo. Areia e céu, mar e céu. Dum lado o formidável paredão vermelho, a pique, desmaiando pouco e pouco, até entrar pelo mar dentro todo roxo, no cabo Espichel. Do outro o mar azul metendo‑se, num jorro enorme, pela ampla barra de Lisboa, deslumbrante e majestosa. De onde isto é esplêndido é acolá do alto do convento dos Capuchos. Assombro de luz e cor. Amplidão. As casotas da Caparica aos pés, o mar ilimitado em frente, ao fundo e à direita a linha recortada da Serra de Sintra com as casinhas de Cascais e Oeiras no primeiro plano esparsas num verde amarelado … E a luz? E o prodígio da luz? … A gente está tão afeita à luz que não repara nela e trata como uma coisa conhecida e velha este azul que nos envolve e penetra e que desaba em torrentes sobre as águas verdes desmaiadas e sobre as terras amarelas e vermelhas até ao cabo Espichel … Mas fecho os olhos - abro os olhos … Imensa vida azul - jorros sobre jorros magnéticos. Todo o azul estremece e vem até mim em constante vibração. Quem sai da obscuridade para a luz é que repara e estaca de assombro diante deste ser, tão vivo que estonteia …

A pintura de Adriano de Sousa Lopes e a escrita de Raúl Brandão podem ter sido os primeiros sinais, registados, de uma nova visão sobre as praias da Costa de Caparica. Depois, ao longo de um século, seguiram-se as transformações de que hoje somos testemunhas.

Fontes (texto e imagens): Sítio do Museu Nacional de Arte Contemporânea (consultado, sobre a exposição «Sousa Lopes 1979-1944. Efeitos de Luz», em 13 de Outubro de 2015); Wikipédia (sobre Raúl Brandão); Brandão, citado por Gomes (2018; pp. 27-28)


segunda-feira, 17 de setembro de 2018

[0156] A «Orca de Aljezur» deu à costa em Almada


O artista plástico Artur Bordalo, mais conhecido por Bordalo II, descreve a ameaça que a poluição exerce sobre os grandes animais representando-os através do lixo.
Para o Festival O Sol da Caparica deste ano Bordalo II criou a Orca de Aljezur, que evoca não só a poluição dos oceanos como a possibilidade de essa poluição aumentar devido a futuras prospeções dos fundos marinhos:


Com quase oito metros de comprimento, esta peça faz parte da série Big Trash Animals e utilizou o lixo retirado de algumas praias do concelho de Almada durante o Inverno. Segundo o autor, “a ideia passa por representar uma imagem da natureza, neste caso os animais, construída com aquilo que os destrói – o lixo, a poluição e a contaminação”; e, por não pretender que as pessoas fiquem “afastadas da realidade”, foca “pontos sensíveis, relevantes, que fazem parte da consciencialização”, como “forma fazer parte da mudança do Mundo para algo melhor.

Fonte: agenda da Câmara Municipal de Almada (2018)
Imagem: retirada da versão digital da agenda da Câmara Municipal de Almada (2018)

domingo, 9 de setembro de 2018

[0155] A 10ª edição da Feira ObservaNatura


Anualmente, na altura em que as aves migradoras se concentram para passar mais a Sul o Inverno, realiza-se no concelho de Setúbal a Feira ObservaNatura.


Dedicado ao turismo da natureza, este evento decorre este ano na Herdade da Mourisca, na Reserva Natural do Estuário do Sado, na cidade de Setúbal, no Parque Natural da Arrábida, na baía do Sado e na Península de Troia.
Habitualmente, cada edição desta Feira disponibiliza atividades como escalada, caminhadas, observação de aves e de golfinhos, stand up paddle, canoagem e vela.
Este ano haverá transportes que ligam os diferentes pontos onde decorrem as atividades, com paragens na Casa da Baía, no Parque Urbano de Albarquel, no cais de catamarãs, no Moinho de Maré da Mourisca e em Troia.
No Moinho de Maré e na Herdade da Mourisca as ações são especialmente focadas na observação de aves.
No Estuário do Sado realizam-se passeios de observação de aves e estabelece-se ligação às ruínas romanas de Troia através embarcações marítimo-turísticas, com saídas do cais palafítico do Moinho de Maré.

Imagens e outras informações: ObservaNatura

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

[0154] As praias da Nossa Banda no fim do século XIX


Desde a década de 1870 as famílias aristocratas e burguesas de Lisboa acostumaram-se a “ir a ares” para a margem Sul do Tejo, havendo referências de que usavam os areais da Ponta dos Corvos (ou Ponta do Mato), da Mutela, da Margueira, de Cacilhas, do Ginjal e da Banática para banhos e natação.
Um pouco mais tarde começou também a ser usada a Trafaria, que foi ganhando importância face aos condicionamentos introduzidos mais a leste (instalação de fábricas, da Base Naval e do Arsenal de Marinha e alargamento do cais de Cacilhas). Em 1901 foi aí inaugurada pela Rainha Dona Amélia uma Colónia Balnear, que a toponímia local recorda assim:



Depois foram descobertas as potencialidades da Cova do Vapor e, a partir de 1925, as da Costa de Caparica, cuja primeira ligação por estrada chegou via Trafaria.

Fontes: Câmara Municipal de Almada (2015)
Fotografias: Eva Maria Blum

sábado, 25 de agosto de 2018

[0153] Entre o passado e o futuro da construção e reparação naval em madeira no estuário do Tejo


A Muleta que se encontrava em construção no Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos (concelho da Moita) por encomenda da Câmara Municipal do Barreiro (mensagem «0098») está pronta, aguardando a chegada da autorização para navegar. Trata-se de uma embarcação com nove velas, concebida para a pesca de arrasto e usada entre o Cabo da Roca e o Cabo Espichel (desde um pouco a Norte até um pouco a Sul da costa atlântica de Lisboa).

O mestre Jaime Costa está à frente deste estaleiro, propriedade da sua família desde 1955.


Jaime Costa seguiu a arte do pai, carpinteiro naval, que também já fora a arte do avô e do bisavô.

O pai veio da terra dos moliceiros, Pardilhó, perto de Aveiro, chegando a Sarilhos Pequenos, junto ao Tejo, com 17 anos. E Jaime começou a aprender o ofício aos 11 anos, trabalhando a madeira durante o dia e estudando à noite. Concluíu o curso industrial e comercial na Escola do Montijo, pensou em continuar a estudar no Instituto Superior Técnico, mas o trabalho era muito. Era preciso aprender calafetagem, carpintaria e pintura, um saber empírico passado de pais para filhos.

Na década de 1950 haveria perto de 800 barcos a atravessar o Tejo, nomeadamente fragatas. Quando Jaime Costa chegava a Lisboa, ainda miúdo, as docas do Cais do Sodré, do Jardim do Tabaco, do Poço do Bispo e de Alcântara estavam apinhadas destas embarcações, de gente, que aí desembarcavam produtos agrícolas vindos dos campos alentejanos.
Havia, por essa altura, na margem Sul, 42 estaleiros navais a trabalhar, só entre a Lisnave e Alcochete. Hoje resta um único desses estaleiros. O mestre Jaime Costa, agora com 65 anos, continua a não ter dias de folga, pois no seu estaleiro apenas dispõe de três carpinteiros navais, sendo Jaime o mais novo. Tem encomendas até 2021, em grande parte devido ao interesse das câmaras municipais da margem sul pelas embarcações tradicionais. A Câmara da Moita, por exemplo, pretende lançar a candidatura a património imaterial da UNESCO das técnicas de construção e reparação das embarcações tradicionais do estuário do Tejo. Mas, para Jaime Costa, o turismo pode ser outra oportunidade a ter em conta: “Se nós conseguirmos arranjar diversidade [de trabalhos] para os moços, para virem trabalhar não só na carpintaria ou na pintura, eu penso que será mais cativante. De Verão, contactam com as pessoas, de Inverno reparam as embarcações”.

Fonte jornalística: Moreira (2018b), sendo a fotografia de Daniel Rocha

sábado, 18 de agosto de 2018

[0152] O novo sítio e as próximas iniciativas do Centro de Arqueologia de Almada


O «CAA», como é conhecido entre os seus sócios, é uma associação sem fins lucrativos criada em 1972, com estatuto de utilidade pública e de ONG-Ambiente, onde se trabalha na investigação e na divulgação da Arqueologia, do Património e da História.



Nos quatro Sábados de Setembro o CAA anima quatro visitas guiadas:

8 de Setembro 2018: o Centro Histórico de Cacilhas;
15 de Setembro 2018: a Cova da Piedade – Romeira:
22 de Setembro de 2018: a Trafaria – Murfacém;
29 de Setembro de 2018: o Centro Histórico da Trafaria.

Estas informações, os projectos e os contactos do CAA podem ser acedidos no seu novo sítio:
https://carqueoalm.wixsite.com/carqueoalm.

sábado, 11 de agosto de 2018

[0151] A última salina artesanal do Samouco


A existência de salinas entre o Samouco e Alcochete está documentada desde o século XIII.
Entre os anos 30 e os anos 50 do século XX chegou a aí 56 salinas, trabalhando nelas entre mil a mil e quinhentos salineiros, que produziam cerca de 110 a 120 mil toneladas de sal por ano.
Por volta dos anos 70, antes da construção da Ponte Vasco da Gama, estas salinas entraram em declínio, restando uma única a produzir de forma artesanal, a Marinha do Canto.

As marcas deixadas pelas salinas abandonadas, hoje situadas entre dunas, pinhais e sapais, na margem Sul do Rio Tejo, são bem visíveis no seguinte mapa:

Origem: Googlemaps

Tudo no processo de obter artesanalmente o Sal deve ser feito à mão.

Após o Inverno os tanques são limpos. O primeiro tanque, o que se situa a cota mais elevada, serve para armazenar água e ocupa cerca de um terço da área da salina. Neste local do estuário do Tejo a salinidade da água anda pelos 18 a 20 gramas por litro, tendo a do mar cerca de 40. Esta água vai sendo transferida para outros tanques, por meio de comportas, até chegar ao tanque de cristalização, onde, à medida que a água se evapora, a salinidade da que fica vai aumentando.
Actualmente os tanques de cristalização da Marinha do Canto não ultrapassam 60 a 70 m2 de área, e apenas dois salineiros trabalham neles. Quando a salinidade da água ultrapassa os 200 gramas por litro desenvolve-se na água uma microalga cor-de-rosa, que constitui a base de uma longa cadeia alimentar que tem no topo e dá a cor aos Flamingos. Esta microalga desaparece com o escoamento da água onde vive.

Fotografia de Eva Maria Blum

Além do sal (grosso ou fino, conforme a moagem a que é posteriormente submetido) também se obtém a flor do sal, que se forma à superfície, sem contacto com o fundo do tanque, quando a salinidade da água atinge os 250 gramas por litro.

Além do seu uso na conservação dos alimentos e na culinária, o sal chegou a ser usado como moeda (e foi designado por “ouro branco”), sendo hoje usado para muitos outros fins.

A Marinha do Canto, integrada na natureza que a rodeia, é actualmente gerida pela Fundação Salinas do Samouco.

Fonte informativa: André Batista (da Fundação Salinas do Samouco)

Informação complementar: vídeo https://youtu.be/bfSXMhd-x0Q

quarta-feira, 25 de julho de 2018

[0150] Álvaro Laborinho Lúcio: “há uma educação para ricos e uma educação para pobres”


Nasceu em 1941
Foi jurista, professor universitário e ministro da Justiça

“Eu sou natural da Nazaré, uma terra que era na altura uma terra razoavelmente forte enquanto vila piscatória e onde havia imensa pobreza. Havia uma clara distinção entre o pé calçado e o pé descalço. Eu fiz toda a instrução primária na Nazaré onde havia duas escolas, uma em baixo e outra em cima. Na escola de cima andavam os filhos dos pés calçados. Mas os meus pais quiseram, e bem, que eu estivesse na escola dos pescadores, dos pés descalços. Eu fiquei sempre na escola deles e muitos dos meus amigos de infância fizeram a vida de pescador.
Eu tinha muito a noção do que era a miséria grande que havia na Nazaré, o que isso significava relativamente ao mar, o que isso significava relativamente à pesca, o que significava relativamente ao perigo brutal dos naufrágios que aconteciam. Havia sempre gente de luto na Nazaré e isso fez-me sempre compreender que essa distinção entre o pé calçado e o pé descalço correspondia na Nazaré à geografia da terra. Ia-se até um certo sítio e era a zona do pé calçado, ia-se daí para a frente e era a zona do pé descalço.”

“Há uma justiça para ricos e uma justiça para pobres, como há uma saúde para ricos e uma saúde para pobres, como há uma educação para ricos e uma educação para pobres. Porque o modo de chegar à justiça, o modo de chegar à saúde e o modo de chegar à educação, tem caminhos que ainda estão fora da justiça, fora da saúde e fora da educação. E quando se chega, já se vai em situação de diferenciação. O importante é acabar com os pobres. A luta deve ser essa. A pobreza é uma violação de direitos humanos e o grande objectivo é a erradicação da pobreza. Foi o que se fez com a escravatura, foi o que se fez com o apartheid.”

“Quando falo nesta Europa que caminhou para a predominância dos interesses, do dinheiro e dos mercados, a escola veio transformar-se num instrumento disto. E isso é extraordinariamente negativo porque, no fundo, nós estamos a formar para isto, quando devíamos estar a formar para uma dissidência possível relativamente a isto, onde a escola devia formar cidadãos cultos, capazes de terem sentido crítico e serem dissidentes. E não. Ela está a formar gente com pensamento único. Se nós perdermos a dimensão cidadã, perdemos o único capital que temos modificador do mundo e da vida.”

Fonte: Laborinho, entrevistado (2018; p. 45)