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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

[0110] Uma visita à exposição «Loulé. Territórios, Memórias, Identidades»

A exposição é assim genericamente apresentada no sítio do Museu Nacional de Arqueologia (em Lisboa), onde está patente ao público:

Loulé, no sul de Portugal, é o mais extenso concelho do Algarve, que cruza de norte a sul e da serra ao mar. Dotado de bons recursos naturais, foi habitado pelo Homem ao longo dos tempos.
A história da Arqueologia de Loulé remonta ao trabalho pioneiro de Estácio da Veiga (1828-1891), que reuniu uma coleção para constituir o Museu Arqueológico do Algarve, mas que foi incorporada no então Museu Etnográfico Português em 1894. Assim, o património de Loulé ficou para sempre ligado ao Museu Nacional de Arqueologia.
Entre o século XX e o presente, a Arqueologia foi uma prática amadurecida no território louletano e no seu museu, pela ação de vários arqueólogos envolvidos nesta exposição.
São estas as razões que unem o Museu Nacional de Arqueologia e o Museu Municipal de Loulé na organização desta mostra, inscrita numa linha de colaboração prosseguida pelo Museu Nacional com as autarquias há duas décadas.
Esta exposição assume-se como o estado da Arte da investigação arqueológica do concelho de Loulé e conta a história das comunidades que o constituíram entre a Pré-História e a Idade Média, assente nos vestígios arqueológicos e nas fontes documentais conservados nas instituições que laboriosamente constroem as memórias e as identidades de Loulé.

As comunidades que terão sucessivamente vivido neste território podem assim ser imaginadas a partir das evidências arqueológicas aí encontradas, sendo a compreensão de cada uma delas indissociável da compreensão da vida nos territórios mais castos a que estava ligada:
·      entre os 6 e os 2 mil anos antes da nossa era (tempo de sociedades camponesas), a rede de exploradores do cobre que unia o Sul de Espanha e de Portugal;
·     na Idade do Bronze (IIº Milénio a. C.) e na Idade do Ferro (Iº Milénio a. C.), a persistência dos anteriores laços, que levaram à emergência da mais antiga escrita da Península Ibérica, a escrita do Sudoeste (pelo menos a partir do séc. VI a. C.) e que indiciava a existência de influências mais longínquas (parentesco com o alfabeto fenício);
·      entre os finais do séc. II a. C. e o séc. V d. C. (tempo de integração no mundo romano), a ligação ao mundo mediterrânico;
·      entre o século V e o século VIII d. C. (com a afirmação do cristianismo e a unificação visigótica), a manutenção das ligações com o Oriente e o Norte de África;
·      entre 712 / 713 e 1248 / 1250 d. C. (tempos islâmicos), a convivência entre os mundos muçulmano, cristão e judeu;
·      e desde o séc. XIII (tempos cristãos ), a mistura da anterior convivência com nova vaga de influência vindas do Norte.

O concelho de Loulé surge, deste modo, como se fosse uma das quadrículas arqueológicas que, conforme a profundidade a que é escavada, revela ligações mais fortes ou com os mundos próximos a Leste / a Sul, ou com os mundos mais afastados do Mediterrâneo / a Norte:


Seria interessante perceber como estas sucessivas comunidades foram reproduzindo, ou transformando, até hoje, a sua língua, os seus ditos e contos, a sua poesia, as suas actividades práticas como a pesca, o artesanato e a gastronomia, mas também as plantas e os animais que as acompanharam …

Fontes: sítio do Museu Nacional de Arqueologia e folheto da exposição (Museu Nacional de Arqueologia & Museu Municipal de Loulé, 2017), que é possível aceder através da Dropbox (página «Documentos / Portugal» deste blogue)

quarta-feira, 12 de abril de 2017

[0049] Onde se pode ver o documentário «Viva Portugal» neste Abril

Este documentário (mensagem «0046»), cuja versão original é de 1976 e a digital é de 2017, integra o programa das comemorações do 25 de Abril 2017 em várias localidades.

Um dos realizadores, Malte Rauch, estará em Portugal nessa altura, participando em quase todas as sessões:


Domingo, dia 23, às 16h00: na Escola Primária de Quebradas, 2065-148 Alcoentre

Segunda-feira, dia 24, às 21h00: na Casa de Artes e Cultura do Tejo, Rua de Santana 459, 6030-230 Vila Velha de Rodão

Terça-feira, dia 25, às 11h30 e 17h30 (sem a presença do realizador) e 21h00: no Museu do Aljube, Rua Augusto Rosa 42, 1100-091 Lisboa

Quarta-feira, dia 26, às 18h00: no Auditório Soror Mariana, Universidade de Évora, CME/ SOIR Joaquim António de Aguiar, Rua Diogo Cão 6, 7000-841 Évora

Quinta-feira, dia 27, às 18h30: na Cinemateca Portuguesa, Sala Luís de Pina, Rua Barata Salgueiro 39, 1269-059 Lisboa

Sexta-feira, dia 28, às 14h30: na Sala Multiusos da Associação Moinho da Juventude, Alto da Cova da Moura, Travessa do Outeiro 1, 2610-202 Buraca / Amadora

Sábado, dia 29, às 17h00: no Cine-Teatro Grandolense, Praça D. Jorge de Lencastre, 7570 Grândola

Domingo, dia 30, às 21h00: no Estúdio da Academia Almadense, Rua Capitão Leitão 64, 2800-133 Almada

sábado, 1 de abril de 2017

[0046] A exibir em Almada, o documentário «Viva Portugal»: o primeiro ano após o 25 de Abril

No Estúdio da Academia Almadense, no próximo dia 30 de Abril, às 21h00 – entrada livre.

Estará presente Malte Rauch, um dos realizadores, com quem será possível debater o documentário no final da sua exibição.


Viva Portugal é a crónica de um ano de Revolução. O filme, rodado de Maio de 1974 a Maio de 1975, abre com imagens do 25 de Abril transmitidas pela televisão portuguesa e termina com a manifestação do 1º de Maio de 1975. Um ano de esperanças e de lutas que por algum tempo colocaram Portugal na ribalta da opinião pública europeia.

Viva Portugal foi apresentado em vários países, nomeadamente na televisão e cinemas alemães, em França (em Paris foi cartaz durante várias semanas), em Espanha, clandestinamente, ainda durante o regime de Franco, e EUA.

Um filme de: Malte Rauch, Christiane Gerhards, Samuel Schirmbeck, Serge July
Imagem: Martin Bosboom
Versão portuguesa digital (2017): Eva Voosen
Colaboração: Maria Eulália de Brito, Teo Ferrer de Mesquita, Vasco Esteves
Duração: 98 minutos


Trailer no Youtube: Viva Portugal



(cartoon: João Abel Manta)

 O filme Viva Portugal foca entre outros aspectos:

-   as contradições entre a ala direita e esquerda do MFA que já a 26 de Abril de 1974, quando da libertação dos presos políticos na Cadeia de Caxias havia surgido,

-   o processo  de  aprendizagem  dos  militares "apolíticos" em contacto com os trabalhadores em greve e ocupação de fábricas,

-   a tentativa de golpe de estado da maioria "silenciosa" (Spínola) a 28 de Setembro,

-   a ocupação das terras e sua distribuição pelos camponeses que as cultivam. A primeira tentativa de auto-organização dos camponeses,

-   à semelhança do que acontecera na LIP, em França, os trabalhadores bancários portugueses levam a cabo uma "acção ilegal": fotocopiam em segredo os documentos correspondentes a operações bancárias,

-   passagens do único documento filmado da televisão portuguesa, sobre o fracassado golpe da direita a 11 de Março: uma unidade de paraquedistas enviada para atacar tropas do MFA, não dispara mas discute o assunto e depõe finalmente as armas,

-   desde o início do processo revolucionário português que uma grande parte da imprensa mundial tenta levar a cabo a sua tarefa não perdendo de vista os chefes, os quartéis-generais dos vários partidos, as forças em jogo e "ideólogos",

-   tal como os agentes da CIA e outros tipos de polícia secreta, procuram descobrir o centro do Poder sem contudo o conseguirem,

-   horrorizada, começa a supor que o "poder caiu na rua", que o velho fantasma se ergueu em Portugal; e para evitar que ele passe ao resto da Europa, essa imprensa "séria" perdeu os escrúpulos e passou à luta.

(cartoon: Vasco de Castro)

O filme Viva Portugal não se limita ...

... à apresentação de chefes, estratégias partidárias ou às chamadas Vanguardas. Também não responde a perguntas como, "qual a percentagem de votos que colherá cada partido" (entre nós 80% votaria no ditador Caetano se ele se candidatasse - tão arreigado está ainda o medo - diz-nos um professor primário no Norte).
   
     "ACABARAM-SE OS DISCURSOS, AS LINDAS GRAVATAS, OS CHAPÉUS ELEGANTES, AS PROMESSAS VAZIAS. AGORA O TEMPO É DE DIÁLOGO ENTRE OS PORTUGUESES, PARA QUE ENCONTREMOS O CAMINHO QUE DEVEMOS SEGUIR" diz um oficial do Movimento das Forças Armadas durante uma "campanha de Dinamização Cultural", numa aldeia.

Este diálogo entre oficiais progressistas e o povo trabalhador, o processo dialéctico entre o Poder armado e o Povo oprimido é o tema principal do filme. Não se procura conduzir o espectador a qualquer tipo de construção política mas sim, tão directo quanto possível, introduzi-lo nos acontecimentos em Portugal, no primeiro ano após a queda do regime.