A exposição é assim genericamente
apresentada no sítio do Museu Nacional de Arqueologia (em Lisboa), onde
está patente ao público:
“Loulé, no sul de Portugal, é o mais extenso concelho do
Algarve, que cruza de norte a sul e da serra ao mar. Dotado de bons recursos
naturais, foi habitado pelo Homem ao longo dos tempos.
A história da Arqueologia de Loulé remonta ao trabalho
pioneiro de Estácio da Veiga (1828-1891), que reuniu uma coleção para
constituir o Museu Arqueológico do Algarve, mas que foi incorporada no então
Museu Etnográfico Português em 1894. Assim, o património de Loulé ficou para
sempre ligado ao Museu Nacional de Arqueologia.
Entre o século XX e o presente, a Arqueologia foi uma
prática amadurecida no território louletano e no seu museu, pela ação de vários
arqueólogos envolvidos nesta exposição.
São estas as razões que unem o Museu Nacional de
Arqueologia e o Museu Municipal de Loulé na organização desta mostra, inscrita
numa linha de colaboração prosseguida pelo Museu Nacional com as autarquias há
duas décadas.
Esta exposição assume-se como o estado da Arte da
investigação arqueológica do concelho de Loulé e conta a história das
comunidades que o constituíram entre a Pré-História e a Idade Média, assente
nos vestígios arqueológicos e nas fontes documentais conservados nas
instituições que laboriosamente constroem as memórias e as identidades de
Loulé.”
As comunidades que terão sucessivamente
vivido neste território podem assim ser imaginadas a partir das evidências
arqueológicas aí encontradas, sendo a compreensão de cada uma delas indissociável
da compreensão da vida nos territórios mais castos a que estava ligada:
·
entre os 6 e os 2 mil anos antes da nossa era (tempo
de sociedades camponesas), a rede de exploradores do cobre que unia o Sul de
Espanha e de Portugal;
· na Idade do Bronze (IIº Milénio a. C.) e na
Idade do Ferro (Iº Milénio a. C.), a persistência dos anteriores laços, que
levaram à emergência da mais antiga escrita da Península Ibérica, a escrita do
Sudoeste (pelo menos a partir do séc. VI a. C.) e que indiciava a existência de
influências mais longínquas (parentesco com o alfabeto fenício);
·
entre os finais do séc. II a. C. e o séc. V d.
C. (tempo de integração no mundo romano), a ligação ao mundo mediterrânico;
·
entre o século V e o século VIII d. C. (com a afirmação
do cristianismo e a unificação visigótica), a manutenção das ligações com o
Oriente e o Norte de África;
·
entre 712 / 713 e 1248 / 1250 d. C. (tempos
islâmicos), a convivência entre os mundos muçulmano, cristão e judeu;
·
e desde o séc. XIII (tempos cristãos ), a
mistura da anterior convivência com nova vaga de influência vindas do Norte.
O concelho de Loulé surge, deste
modo, como se fosse uma das quadrículas arqueológicas que, conforme a profundidade
a que é escavada, revela ligações mais fortes ou com os mundos próximos a Leste
/ a Sul, ou com os mundos mais afastados do Mediterrâneo / a Norte:
Seria interessante perceber como estas
sucessivas comunidades foram reproduzindo, ou transformando, até hoje, a sua língua,
os seus ditos e contos, a sua poesia, as suas actividades práticas como a pesca,
o artesanato e a gastronomia, mas também as plantas e os animais que as
acompanharam …
Fontes: sítio do Museu Nacional de Arqueologia e folheto da exposição (Museu Nacional de Arqueologia & Museu Municipal de
Loulé, 2017), que é possível aceder através da Dropbox (página
«Documentos / Portugal» deste blogue)
É interessante saber estas coisas. Espero que os objetos expostos tenham sido capazes de contar estas histórias de forma acessível a muitas pessoas.
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