sábado, 23 de fevereiro de 2019

[0179] No próximo dia 27: uma sessão para jogar, depois de pensar …


Abel Manta (1888 – 1982): Jogo de Damas
(1927, óleo sobre tela, 106 x 116 cm; colecção Museu do Chiado)

Organizada pelo Grupo Estrela Azul terá lugar na Associação Almada Mundo, na próxima 4ª feira, dia 28 de Fevereiro, a partir das 15h00, uma sessão sobre Jogos de Reflexão. A participação é livre.

Haverá 13 jogos à disposição, a maioria para 2 jogadores (alguns podem ser disputados por 3 ou 4). E o objectivo é jogá-los pensando um pouco, num ou noutro caso, nas estratégias envolvidas …
Lista dos 13 jogos:


Informação: a Associação Almada Mundo está situada na Praça Capitães de Abril nº 2 A e B, Cova da Piedade.



domingo, 17 de fevereiro de 2019

[0178] O Museu Industrial da Baía do Tejo, no Barreiro


A Companhia União Fabril (CUF) teve origem em Lisboa, em 1865, tendo as suas instalações fabris sido transferidas para o Barreiro no início do século XX.
De modo a transportar os Adubos aí fabricados, iniciou-se, em paralelo, a produção de sacos de Juta (uma planta de origem asiática) e, em 1935, uma Central Diesel para lhe fornecer a energia necessária.

Após o desmantelamento do enorme complexo industrial da CUF, a recuperação do edifício da Central Diesel teve início em 1999, sendo oficialmente inaugurado como museu no final de 2004.

1974: o complexo industrial
(vista aérea, de Poente para Nascente; fotografia exposta no museu, fotografada por Pedro Esteves)

Hoje: o parque empresarial
(vista de Sul para Norte; fotografia retirada de www.baiadotejo.pt

Fonte: Baía do Tejo (folheto, sem data)

sábado, 9 de fevereiro de 2019

[0177] Sob a toponímia, o passado: algumas ruas de Corroios, do Laranjeiro e do Feijó

A actual malha urbana das freguesias de Corroios, do Laranjeiro e do Feijó foi grandemente construída nas últimas seis décadas, transformando os campos, as quintas e os dispersos núcleos urbanos que nelas existiam.
Os nomes que foram dados a muitas das novas ruas reflectiram o que tinha acabado de ser substituído, ou que já começara a ser substituído há mais tempo, e cuja memória deixou saudades.

Agora que a Natureza está a começar a reagir ao que pode ter sido o curto Inverno de 2018-19, os nomes de algumas dessas ruas sugerem-nos como outrora a reacção da Natureza ao Inverno seria expressa de um modo muito mais intenso.
A Estrada dos Álamos, que começa por trás da bomba de gasolina do Laranjeiro, passa pela Quinta de Santo Amaro (de que é hoje utilizada a «Casa Amarela») e se transforma em Rua do Trevo ao entrar na freguesia de Corroios, é um bom exemplo desse contraste entre o que foi ontem e o que é hoje o anúncio da Primavera pela Natureza:







Mas há outros nomes que lembram as profundas mudanças introduzidas pela malha urbana na livre expressão da Natureza.

Na freguesia de Corroios existe uma Rua das Flores, que desce de Miratejo até à Quinta do Rouxinol (onde está situado o Moinho de Maré) e que tem, a Nascente, a Rua das Palmeiras.
Imediatamente a Poente da Rua das Flores situam-se: a Rua das Manjeronas; a Rua do Alecrim; a Rua das Camélias; a Rua das Orquídeas, que forma uma inabitual curva fechada, no interior da qual se situam a Rua dos Malmequeres e a Praceta dos Malmequeres; a Praceta das Orquídeas; a Rua do Girassol, a Rua dos Cactos; a Rua da Madressilva e a Praceta da Madressilva; a Praceta das Flores; e a Rua das Oliveiras.
E para Poente da Auto-estrada existem ainda: uma outra Rua do Alecrim, a Rua das Azinheiras, a Rua das Olaias, a Rua dos Sobreiros (uma árvore que deixou muitos exemplares até aos dias de hoje), a Rua das Palmeiras, a Rua das Amoreiras, a Rua das Acácias, a Rua das Tílias, a Rua dos Eucaliptos, a Rua dos Pinheiros, a Rua da Quinta dos Medronheiros, etc., etc., etc. …

Na freguesia do Laranjeiro, a Rua dos Eucaliptos lembra uma Quinta dos Eucaliptos que já não existe; ela e uma outra Rua das Flores ladeiam, respectivamente a Norte e a Nascente, o Parque Luís de Sá. um pouco mais a Norte, perto dos muros do Alfeite, existe uma Rua das Laranjeiras e uma Travessa das Laranjeiras.

Na freguesia do Feijó, quem parte do Complexo Municipal dos Desportos e sobe para o Laranjeiro fá-lo pela Rua dos Castanheiros, onde os jardineiros da Câmara Municipal de Almada plantaram, para nos amenizar as saudades, Castanheiros-da-Índia (à esquerda) e Ameixoeiras-de-jardim (à direita).
Mais perto da fronteira com a freguesia de Corroios encontra-se uma Rua da Quinta das Amoreiras (outra árvore que parece ter sido frequente nesta região, dados os exemplares que ainda hoje subsistem).

Fonte: sítio da Google Maps

Fotografias: Pedro Esteves

sábado, 2 de fevereiro de 2019

[0176] Uma visão artística do património do Seixal


Situado na marginal que acompanha o Rio Judeu na direcção do Seixal (a Avenida da República), e logo a seguir ao desvio para a Avenida José Afonso, foi inaugurado em 2018 um mural de azulejos de Albino Moura intitulado Cidade do Seixal.

Neste mural podem ser encontrados elementos do património natural, edificado e laboral associados a este concelho: os seixos fluviais que, supõem-se, terão estado na origem do seu nome; os flamingos e outras aves que são hoje visíveis no esteiro e em terra; a primeira riqueza trabalhada nesta região, a piscícola e a agrícola; as grandes ferramentas que exploraram essa riqueza, como os moinhos (de vento, de maré), as embarcações (em particular a Muleta), as redes e, mais tarde, as fábricas (nomeadamente as que transformaram a cortiça); e os edifícios em que tradicionalmente se viveu e também aqueles com que as instituições, antigas e modernas, se afirmaram:

(composição de 3 fotografias, recortadas, de Eva Maria Blum)

domingo, 27 de janeiro de 2019

[0175] «Rio Grande»: uma ponte entre duas exposições actualmente patentes em Almada


Datado de 1996, este CD inclui dez composições com música de João Gil e letra de João Monge, contando com as vozes e os instrumentos de João Gil, Jorge Palma, Rui Veloso, Tim e Vitorino.

Tim, membro dos «Xutos e Pontapés», veio de Almada, sendo um dos músicos referidos na exposição NA MARGEM: uma história do rock (ver mensagem «0172»).
E «Rio Grande» ficciona uma história de vida que se ajusta a muitos dos operários que trabalharam na «Lisnave», tema de uma outra exposição, Pórtico de Identidade. A Lisnave em Almada (ver mensagem «0165»).



As dez composições: A Fisga; O Caçador da Adiça; Fui às Sortes e Safei-me; O Dia do Nó; O Sobrescrito; Lisnave; Dia de Passeio; Postal dos Correios; Senta-te Aí; Ponte do Guadiana.

E a composição que faz a ponte entre as duas exposições:

LISNAVE

Há homens de toda a sorte
Com sonhos e desenganos
Homens do Sul e do Norte
E também há Africanos

Cada qual seus apetrechos
Todos de azul são fardados
Aprendem os novos eixos
Outra raça de soldados

Quando toca a campainha
Está na hora do avio
Comi caril de galinha
Dei o caldo de safio

Os barcos de todo o mundo
Chegam doentes, idosos
Depois de uma volta a fundo
Partem muito mais vistosos

Os nossos representantes
Dizem com muito calor
Se não somos almirantes
Temos o nosso valor

Eu que nunca vi o mar
Nunca lhe senti a frio
Ando agora a remendar
A barriga de um navio

João Monge, professor de Almada, colaborou, antes de participar neste CD, com os «Trovante» e com a «Ala dos Namorados».

Fonte: CD «Rio Grande» (1996)

sábado, 19 de janeiro de 2019

[0174] A educação: num mundo que sai de um paradigma e não sabe em qual entrará


Entrevistado por João Céu e Silva, o filósofo José Gil fez os seguintes dois comentários relacionados sobre a educação:

Fotografia (inserida na entrevista) de Reinaldo Rodrigues / Global Imagens

João Céu da Silva:
O passado mostrado pela arte e pela cultura tem vindo a ser suplantado pela preocupação com a situação financeira e económica. Os pilares da educação mudaram?
José Gil:
Não é só a questão económica, o que se passa é, repito, uma erosão de tudo o que é a tradição. O passado está a ser engavetado, digitalizado e virtualizado, e cada vez menos lhe atribuímos uma realidade com peso. O passado é cada vez mais uma imagem que se transforma numa coleção de imagens enquanto objetos de consumo, apesar de não informarem nem sedimentarem a nossa pessoa e cada vez menos os comportamentos sociais. Um aluno sabe cada vez menos sobre o passado, nem lhe interessa saber, e isso é terrível, pois há uma erosão que vem da transformação do valor da realidade do passado e da transmissão pela tecnologia que traduz tudo em imagem. Tudo isso é metabolizado e instrumentalizado pelo capitalismo, que só conta cada vez mais com o que gera uma mais-valia.

João Céu da Silva:
Como é que se confronta pessoalmente com esta mudança de paradigmas?
José Gil:
Não acho que haja mudança de paradigma, porque tal não existe para o nosso presente. Estamos a mudar de paradigma sem que tenhamos aquele para o qual queremos mudar. Isto em tudo, como é o caso da educação para a cidadania. Havia antes uma educação para a transmissão e acumulação na área das humanidades, agora é o da cidadania. O que é que os professores vão ensinar? E como vão formar turmas tumultuosas. Isto é uma coisa ridícula, porque quando não se dão meios nem se preparam os professores para a cidadania não há formação possível: ou seja, não há paradigma, tanto mais que a questão da cidadania leva a ponderar questões totais na sociedade.

Fonte: Gil, entrevistado por Silva (2019)



sábado, 12 de janeiro de 2019

[0173] Vídeos sobre o património natural e cultural da Nossa Banda


Sugestão para as frias noites desta época do ano:

Sobre o património natural da Serra da Arrábida:

Arrábida a Património Mundial (2010; patrocinado pela Associação dos Municípios da Região de Setúbal; com cerca de 15 minutos): www.youtube.com/watch?v=nnCcfWQiRy0

Arrábida, da Serra ao Mar (2013; de Luís Quinta e Ricardo Guerreiro; com cerca de 45 minutos): www.youtube.com/watch?v=qKyYvT8TU4A

Sobre o património cultural da Serra da Arrábida:

Al-Rábita: a serra e o homem (2014; de Luís Quinta e Ricardo Guerreiro; com cerca de 45 minutos): www.youtube.com/watch?v=uKuHWjmAVGA


Sobre o património natural da costa marítima e fluvial de Almada:

Almada, banhada por um Mar de Histórias (2011; de Pedro de Carvalho; com cerca de 45 minutos): www.youtube.com/watch?v=qHSI7FJoVus

Almada, entre o Rio e o Mar (2014; de Luís Quinta; com cerca de 45 minutos): www.youtube.com/watch?v=GCQnBwxATR0

Fonte da imagem: blogue do Departamento de CSH


sábado, 29 de dezembro de 2018

[0171] Primeiros resultados do novo inquérito da O.M.S. aos adolescentes


A Organização Mundial da Saúde realiza, de 4 em 4 anos e desde 1998, um inquérito dirigido aos adolescentes de algumas dezenas de países visando determinar os hábitos, consumos e comportamentos que têm impacto na sua saúde física e mental.
Nas mensagens «0015», «0016» e «0017» foram referidos alguns resultados gerais da edição de 2014 desse inquérito e na mensagem «0064» foi abordado o aspecto particular da obesidade dos nossos jovens.

Para o inquérito de 2018, que visou obter dados para cinco estudos diferentes, foram questionados em Portugal quase sete mil jovens, que frequentavam o 6º, 8º, 10º e 12º anos de escolaridade. Os seus resultados já começaram a ser divulgados. A jornalista Natália Faria intitulou assim a notícia em que se referiu à descrição que estes jovens fizeram da sua relação com a escola: Adolescentes portugueses estão exaustos. Os que não gostam da escola triplicaram nos últimos 20 anos.

Eis alguns dos dados apresentados nessa notícia:

Em 1998, 13,1 % dos inquiridos disseram não gostar da escola.
Em 2018 disseram-no 29,6 %.

Em 1998, 3,8 % dos inquiridos queixaram-se da pressão com os trabalhos da escola.
Em 2018 queixaram-se 13,7 %.

Em 2010, 69,3 % dos inquiridos do 8º e do 10º ano pretendiam ir para a universidade.
Em 2018 apenas 54,8 % o pretendiam.

Este ano, 17,9 % dos inquiridos disseram-se cansados e exaustos “quase todos os dias”, 12,7 % acusaram dificuldades em adormecer e 5,9 % confessaram que se sentem “tão tristes que não aguentam”.


Este ano, 87,2 % dos inquiridos queixaram-se de a matéria escolar ser demasiada, 84,9 % de ser aborrecida e 82 % de ser difícil. E 56,9 % de a pressão para que tenham boas notas também ser exercida pelos seus pais.


Este ano, 51, 8% dos inquiridos consideraram-se maus alunos.

E entre os do 8º e 10º ano, 56,6 % declararam passar várias horas por dia ao telemóvel.

Fonte: notícia de Faria (2018)

sábado, 22 de dezembro de 2018

[0170] Memórias de almadenses sobre a sua educação (II)

Com o apoio dos seus professores, os alunos do 9º ano do Agrupamento de Escolas Anselmo de Andrade entrevistaram os seus Avós, tendo a síntese dessas entrevistas originado um livro com um bonito título: Conta-me que eu conto. Os Avós na minha idade. Retratos sociais de Almada entre 1950 e 1974.
A seguir estão citados partes dos testemunhos que estes Avós deram sobre a educação que tiveram, à semelhança do feito neste blogue em relação a um outro livro (mensagem nº 112).




Aprender antes de ir para a escola:

Lembro-me que caía uma chuva miudinha, que lá se chamava molha-parvos, mas que aqui se dizia de molhos-tolos. Corrigiram-me logo, embora eu não soubesse o que era um tolo achava que, na verdade, era a mesma chuva. Logo a seguir aprendi que não se dizia manita nem canito, mas sim mãozinha e cãozinho, assim como passadêra aqui era passadeira. Já estava a aprender tanta coisa e nem sequer ainda tinha visto a escola.
Entrevistado: Carlos Nascimento (ao chegar para viver em Almada, em 1958, vindo do Algarve)

P`ra semana começava a escola e era necessário fazer um reconhecimento desta nova terra. Aprender a localização da escola, o caminho do autocarro e os atalhos a pé.
Entrevistado: Carlos Nascimento

A separação de vias:

Depois disso [exame de admissão ao 1º Ciclo] fui frequentar um curso técnico. [Como sabe] Filho de família pobre tem que ir para o Curso Industrial, quando muito para o Curso Comercial; frequentar o Liceu era outra coisa! Por acaso, isto acaba logo a seguir ao 25 de Abril … A Escola Industrial e Comercial estava carimbada! Eu achei mal ter acabado, foi uma pena, mas a verdade é que há uma razão e a razão é que estava estigmatizada: os pobres vão para ali, os ricos vão para outro lado … Então, acaba-se com isto [no 25 de Abril de 1974]
Entrevistado: José Manuel Maia

A separação entre Rapazes e Raparigas:

Havia escolas apenas para os meninos e outras para as meninas.
Entrevistado: Alberto Pedro Martins Calvário

O material escolar no 1º Ciclo:

Um livro escolar; lápis; borracha; dois cadernos (quadriculado e pautado); pasta (onde se levava o material). Só alguns dos alunos com mais posses económicas é que tinham o privilégio de possuir uma caixinha com lápis de cor
Entrevistado: Maria de Lourdes Borges Ribeiro Limão da Veiga Freira

Havia uma espécie de farda obrigatória para os rapazes, calças de ganga com alças e peitilho tendo bordado as iniciais da escola (EICDAC – Escola Industrial e Comercial D. António da Costa), o nome, o número e a turma do aluno, que a minha mãe teve de bordar em pouco tempo
Entrevistado: Carlos Nascimento

A escola era muito diferente do que é hoje, a variedade de materiais escolares era pouca e resumia-se ao ainda hoje «célebre» livro de leitura, caderno de linhas, caderno de contas «quadriculado» e um caderno de folhas brancas «desenho», lápis, borracha, caneta de tinta permanente. Começávamos pela ardósia com o respectivo «lápis de pedra» e pelo caderno de duas linhas
Entrevistado: Manuel Martins Cargaleiro

O que se aprendia no 1º Ciclo:

Na Primária eu sabia de cor as dinastias e os reis …, sabia de cor todos os rios e as serras de Portugal Continental, o nome de todas as Ilhas dos arquipélagos dos Açores e Madeira e o nome das colónias e os seus rios
Entrevistado: Carlos de Almeida Vitória

Os métodos de ensino no 1º Ciclo:

Eram baseados nos livros e manuais escolares, na explicação do professor e no que ele escrevia no quadro
Entrevistado: Graciano Rodrigues Filipe

Líamos uma ou outra página do livro e fazíamos, dia sim, dia não, cópias, muitas contas e problemas, redações e desenhos
Entrevistado: Alcina Cardoso

Era escrever a matéria que era dada pelo professor, que também escrevia no quadro
Entrevistado: Fernando Cristo

O ensino na altura era muito exigente e todos os alunos tinham de decorar as matérias e a tabuada: 2 x 2 – 4; 8 x 3 - 24
Entrevistado: Dinora Palma Pereira Cardoso

Eu levei reguadas na mão esquerda, pois costumava escrever com ela e a professora queria que eu escrevesse com a direita. Agora escrevo com as duas
Entrevistado: Odília da Felicidade Dias Gonçalves

Os professores reagiam de forma normal, mas quando um aluno não sabia alguma coisa que perguntassem levava reguadas; era castigado
Entrevistado: Edite dos Santos Marques

Iam pra a janela com orelhas de burro quando não sabiam a lição, levavam reguadas nas mãos com a chamada «menina dos 5 olhos» quando se portavam mal e levavam com um ponteiro na cabeça quando não estavam com atenção
Entrevistado: Maria Mesquita

Os tempos livres no 1º Ciclo:

Eu brincava à apanhada, às escondidas, fazíamos uma roda com um lencinho que deixávamos cair numa amiguinha, cantávamos a «linda falua que lá vai lá vai», brincávamos ao bom barqueiro …
Entrevistado: Maria Alice Viegas Batista Jorge

Os tempos livres depois do 1º Ciclo:

jogar à bola”, “jogar o bilas (berlindes) às três covinhas”, jogar aopião”;
quando chovia”, nas “ruas navegávamos com barquinhos de cortiça ou casca de pinheiro e no jardim navegávamos com caixotes de madeira que íamos surripiar às mercearias”;
subir montes e vales”, “guerras e coboiadas”, “mergulhos no Tejo, apesar das ostras frequentemente deixarem as suas marcas nos nossos pés”, “apanhávamos fruta: íamos à chincha”;
saía com a família”;
irmos aos bailaricos e em excursões”;
fazer “teatro” na associação, “brincávamos às peças de teatro
Entrevistados: Fernando dos Santos Andrade; Odília da Felicidade Dias Gonçalves; Carlos Nascimento

Ir ou não ir à escola:

Era obrigatório ir à escola, mas alguns dos rapazes da minha idade, para ajudarem os pais no campo, não foram à escola. as raparigas, essas não era costume mandá-las à escola, pelo que ajudavam as mães na lida da casa
Entrevistado: José Maria Caldeira Gonçalves

Os filhos dos pais remediados faziam um curso secundário. Filhos com pais que tinham possibilidades económicas (eram muito poucos) faziam curso universitário
Entrevistado: Manuel Maria

Só se estudava até à quarta classe. Depois iam trabalhar para o campo de um modo geral. Não havia férias. O tempo era utilizado na ajuda aos pais
Entrevistado: José Maria Caldeira Gonçalves

Não havia tempos livres. Só depois de sair da escola e eram usados para ajudar nas lides do campo
Entrevistado: Maria Natalina Mourão Teixeira Artur

Nas aldeias faziam de tudo, desde a ceifa, a rega, apanhar fruta, apanhar azeitonas, colher cereais …
Entrevistado: José Manuel Ribeiro Pereira

Aprendizagens fora da escola:

As colectividades serviam para as pessoas conviverem e aprenderem …, pelo menos naquela altura. (…); eram uma espécie de escolas …
Entrevistado: José Manuel Ribeiro Pereira

A nossa sociedade. O nosso clube, onde tinham estado todos os nossos parentes. Onde educávamos filhos. Onde arranjávamos o casamento num baile … Portanto, aquilo era uma família. Agora, não vai para a colectividade, vai para a ginástica ou para o Karaté. Hoje não há aquele relacionamento que havia anteriormente
Entrevistado: Alexandre Castanheira

[A Lisnave] foi uma grande aprendizagem. Eu contactei ali com gente, que do ponto de vista do saber e do sentimento pelas ideias de liberdade, de justiça social, era muito enriquecedora. Aquele sentimento que ali havia, da luta do trabalho, era muito forte … não era esterilizado, era o que era!
Entrevistado: José Manuel Maia

Posso afirmar que [a guerra em Moçambique] foi simultaneamente uma das minhas piores épocas de vida, mas também uma época de uma grande aprendizagem, uma aprendizagem excecional. A relação do ponto de vista da solidariedade, do espírito de entreajuda, da atenção para com o próximo, foi uma verdadeira maravilha e uma maravilhosa experiência de vida.
Entrevistado: José Manuel Maia

Fonte bibliográfica: Mendonça, Cruz & Almas (2017; pp. 17, 18, 25, 33, 35, 42, 43, 53, 54, 55, 58, 61, 62-64, 70, 71, 74, 78, 84 e 115)

domingo, 9 de dezembro de 2018

[0169] Onde obter informações sobre o Património Mundial classificado em Portugal


O sítio da Comissão Nacional da UNESCO, que faz parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, tem listado o Património Mundial que já foi classificado por aquela organização em Portugal, bem como informações relevantes sobre cada um dos casos.

Estão na lista do património material: Angra do Heroísmo nos Açores; Jerónimos e Torre de Belém; Mosteiro da Batalha; Convento de Cristo; Centro Histórico de Évora; Mosteiro de Alcobaça; Paisagem Cultural de Sintra; Centro Histórico do Porto; Côa e Siega Verde; Floresta Laurissilva na Madeira; Centro Histórico de Guimarães; Alto Douro Vinhateiro; Paisagem Vinha da Ilha do Pico; Elvas e suas Fortificações; Universidade de Coimbra.

Na lista do Património Cultural Imaterial figuram, por ano de inscrição:

2011: FADO, MÚSICA POPULAR URBANA PORTUGUESA


2013: DIETA MEDITERRÂNICA
(em conjunto: Chipre, Croácia, Espanha, Itália, Grécia, Marrocos, Portugal)


2014: CANTE ALENTEJANO, CANTAR POLIFÓNICO DO ALENTEJO, SUL DE PORTUGAL


2015: MANUFATURA DE CHOCALHOS
(necessita de Salvaguarda Urgente)


2016: FALCOARIA, UM PATRIMÓNIO HUMANO VIVO
(em conjunto: Emirados Árabes Unidos, Áustria, Bélgica, República Checa, França, Alemanha, Hungria, Itália, Casaquistão, República da Coreia, Mongólia, Marrocos, Paquistão, Portugal, Qatar, Arábia Saudita, Espanha, República Árabe da Síria)


2016: PROCESSO DE MANUFATURA DA OLARIA PRETA DE BISALHÃES
(necessita de Salvaguarda Urgente)


2017: PRODUÇÃO DE FIGURADO EM BARRO DE ESTREMOZ


Fonte (informações e imagens): sítio da Comissão Nacional da UNESCO

sábado, 1 de dezembro de 2018

[0168] A World Digital Library / Biblioteca Digital Mundial


A ideia surgiu em 2005, quando James H. Billington propôs que a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América, de que era Bibliotecário, criasse uma Biblioteca Digital Mundial para a UNESCO.
A concretização aconteceu em 2009, através da disponibilização gratuita, com apoio multilingue, de conteúdos sobre cada estado-membro da UNESCO: livros, mapas, fotografias, filmes, …

São objectivos principais desta Biblioteca:
·       Promover a compreensão internacional e intercultural;
·       Expandir o volume e a variedade de conteúdo cultural na Internet;
·       Fornecer recursos para educadores, académicos e o público em geral;
·       Desenvolver as instituições parceiras, a fim de reduzir a lacuna digital dentro dos e entre os países.

Um dos documentos acessível nesta Biblioteca, fornecido pela Biblioteca Nacional do Brasil, é o «Mappa Humorístico da Europa», desenhado em 1914, altura em que a Iª Guerra Mundial se estava a iniciar (as comemorações dos 100 anos do seu término ocorreram recentemente):


Tal como está descrito nesta Biblioteca Digital, este mapa criado “pelo famoso ilustrador e pintor modernista português António Soares (1894 - 1978)” e “pode ser visto como uma reprovação às potências da Europa, que na época contribuíram para que o continente europeu caísse numa grande conflagração que resultou na Primeira Guerra Mundial. Cada uma das 21 nações é representada como um animal, com os nomes dos países apresentados numa legenda no canto superior esquerdo do mapa. As principais potências são retratadas como enormes feras selvagens. A Rússia, um urso polar, agarra e tira sangue da Áustria-Hungria, retratada como um lobo, e o tigre da Alemanha devora o cervo da Bélgica. A Grã-Bretanha, um leopardo, e a França, um leão, ambos tentam lutar contra o tigre. A Sérvia parece ser um rato, que rói a orelha do lobo austro-húngaro. A Turquia Otomana aparece como um crocodilo um tanto desinteressante, enquanto os países menores, muitos deles neutros, são representados por animais menores e mais pacíficos, como o coelho albanês e a tartaruga grega. Mapas retratando países como animais eram produzidos há bastante tempo na Europa, desde os séculos XVI e XVII, quando os Países Baixos eram frequentemente referidos como um leão.

Fonte (texto e imagem): sítio da World Digital Library (em português)