quarta-feira, 17 de maio de 2017

[0057] Dados estatísticos para pensar o insucesso escolar no 2º ciclo

A jornalista Clara Viana divulgou, há dias, as conclusões de um estudo da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência que visou as classificações internas dos alunos que frequentaram o 5º e o 6º anos de escolaridade em 2014-15 (as classificações internas são as atribuídas pelos professores, na escola, no final do ano lectivo).

O estudo descreveu a distribuição destas classificações de acordo com diversos critérios.

Ao cruzar a condição económica dos alunos com a sua classificação em diversas disciplinas tornou patente “haver uma enorme diferença entre as notas que os alunos carenciados obtêm e aquelas que são conseguidas por estudantes de meios mais favorecidos”, sobretudo nas disciplinas com carácter menos prático:

(se o rendimento do agregado familiar de um aluno for igual ou inferior ao salário mínimo nacional, ele pode dispor do apoio da Acção Social Escolar, ou ASE; esse apoio está dividida em dois escalões, A e B, correspondendo o primeiro aos casos mais carenciados)

O cruzamento do género dos alunos com a sua classificação em diversas disciplinas mostrou que os Rapazes têm mais dificuldades que as Raparigas em todas as disciplinas, à excepção da Educação Física:


A percentagem de negativas por disciplina confirmou ser mais forte nas disciplinas com carácter menos prático e a sua comparação com a capacidade revelada pelos alunos para recuperar de uma negativa no 5º ano mostrou que esta é menor precisamente nessas disciplinas:


Quanto ao número de negativas no final do ano lectivo, o estudo mostrou:



Fonte (citações e tabelas): Viana (2017 d)

1 comentário:

  1. Parece-me clara a existência de um efeito socioeconómico sobre o insucesso escolar, e já o é desde há décadas.
    O que este estudo ajuda a ver é a diferença, assinalada na mensagem (e mais discreta na notícia do «Público», que também li), entre as disciplinas «mais» e «menos» práticas (os autores do estudo chamam «mais académicas» a estas últimas).
    Esta pista parece-me apontar para a necessidade de currículos muito mais abertos, e portanto muito mais diferenciados, que é aquilo que os sucessivos Ministérios da Educação não querem admitir, convictos de o insucesso se vir a resolver com «mais» (e eventualmente «melhor») «do mesmo», ou seja, passando a responsabilidade para as escolas e para os professores.

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