sábado, 20 de março de 2021

[0277] O Dia Mundial da Árvore na Nossa Banda

O Dia Mundial da Árvore, ou Dia Mundial da Floresta, é comemorado em 21 de Março, início da Primavera.


Em Portugal, a primeira comemoração que teve uma intenção semelhante aconteceu na Vila do Seixal, no dia 27 de Maio de 1907, numa altura em muitos outros países já se realizavam festas que celebravam o culto da árvore.
Nesse dia, as crianças das escolas oficiais, mais os seus professores, dirigiram-se ao Campo dos Mártires da Liberdade e plantaram diversas árvores. A cerimónia foi presidida pelo grande animador nacional desta ideia, o professor Borges Grainha, acompanhado pela Comissão Organizadora local, formada por António Augusto Louro, Alfredo dos Reis Silveira, D. José Maldonado, António Jorge Evangelista, Eduardo Figueiredo, padre António Coutinho e professora Dª Júlia Pinto (os nomes dos dois primeiros estão, hoje, associados a duas escolas deste concelho).

Alguns meses depois, em 20 de Dezembro desse ano, comemorou-se de modo semelhante em Lisboa, onde as crianças das escolas plantaram 38 árvores na rua Alexandre Herculano.

Rapidamente estas iniciativas se multiplicaram por todo o país, graças à acção da Liga Nacional de Instrução, da Academia de Estudos Livres e do jornal O Século.
Sabe-se que em Maio de 1918, no dia da Festa da Árvore, Antónia Adelaide Mota Ferreira plantou uma árvore no jardim da Cova da Piedade; sabe-se que estas comemorações foram longamente interrompidas, devido à mudança do regime político; mas também se sabe que os alunos do primeiro ano em que funcionaram as Escolas do Clube Desportivo da Cova da Piedade, em 1947, festejaram o seu curso com a plantação de uma árvore.

Apresentação do Dia Internacional das Florestas pela FAO
Lema de 2021: Restauração das Florestas

A história das árvores no concelho do Seixal exemplifica o que talvez tenha sido a história das árvores em toda a Península de Setúbal.
Ao chegar à Idade Média a floresta desta região era do tipo mediterrânico, com Aroeiras, Carrascos, Carvalhos, Medronheiros, Pinheiros-mansos, Sobreiros, Urzes, Zambujeiros, … A sua utilização como coutada, por reis e fidalgos, e a exploração silvícola foi transformando esta floresta em charneca. D. Fernando e os seus sucessores introduzem-lhe o Pinheiro-bravo, originário da Flandres.
Com as viagens marítimas, os jardins encheram-se com espécies exóticas, com fins ornamentais: as os Plátanos, as Pimenteiras, as Palmeiras, as Magnólias, os Jacarandás, os Dragoeiros, os Cedros, as Casuarinas, as Borracheiras, as Araucárias, as Acácias, …
E, em paralelo, as quintas tinham nos seus pomares, para venda dos frutos em Lisboa, Figueiras, Laranjeiras, Limoeiros, Tangerineiras, …; e nos seus campos, Videiras e Oliveiras, mais os respectivos lagares.

Era um tempo em que se vivia a «festa da árvore» todos os dias.

Os Eucaliptos só chegaram no século XIX, sendo hoje dominantes, conjuntamente com o Pinheiro-bravo.

Fontes: livros de Manuel Lima (1997b, pp. 81-83; e «A árvore no concelho do Seixal») e livro do Colectivo das Escolas do Clube Desportivo da Cova da Piedade (2019; p. 26)

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