O Dia Mundial da Árvore, ou Dia Mundial da Floresta, é comemorado em 21 de Março, início da Primavera.
Em Portugal, a primeira comemoração que teve uma intenção semelhante aconteceu
na Vila do Seixal,
no dia 27 de
Maio de 1907, numa altura em muitos outros países já se realizavam
festas que celebravam o culto da árvore.
Nesse dia, as crianças das escolas oficiais, mais os seus professores,
dirigiram-se ao Campo dos Mártires da Liberdade e plantaram diversas árvores. A
cerimónia foi presidida pelo grande animador nacional desta ideia, o professor
Borges Grainha, acompanhado pela Comissão Organizadora local, formada por
António Augusto Louro, Alfredo dos Reis Silveira, D. José Maldonado, António
Jorge Evangelista, Eduardo Figueiredo, padre António Coutinho e professora Dª
Júlia Pinto (os nomes dos dois primeiros estão, hoje, associados a duas escolas
deste concelho).
Alguns meses depois, em 20 de Dezembro desse ano, comemorou-se de modo
semelhante em Lisboa,
onde as crianças das escolas plantaram 38 árvores na rua Alexandre Herculano.
Rapidamente estas iniciativas se multiplicaram por todo o
país, graças à acção da Liga Nacional de Instrução, da Academia de Estudos
Livres e do jornal O Século.
Sabe-se que em Maio
de 1918, no dia da Festa da Árvore, Antónia Adelaide Mota Ferreira plantou uma árvore no
jardim da Cova da Piedade; sabe-se que estas
comemorações foram longamente interrompidas, devido à mudança do regime político;
mas também se sabe que os alunos do primeiro ano em que funcionaram as Escolas do Clube Desportivo da Cova da
Piedade, em 1947, festejaram o seu curso com a plantação
de uma árvore.
A história das árvores no concelho do Seixal exemplifica o
que talvez tenha sido a história das árvores em toda a Península de Setúbal.
Ao chegar à Idade Média a floresta desta região era do tipo mediterrânico, com Aroeiras,
Carrascos,
Carvalhos,
Medronheiros,
Pinheiros-mansos,
Sobreiros,
Urzes,
Zambujeiros,
… A sua utilização como coutada, por reis e fidalgos, e a exploração silvícola
foi transformando esta floresta em charneca. D. Fernando e os seus sucessores
introduzem-lhe o Pinheiro-bravo, originário da Flandres.
Com as viagens marítimas, os jardins encheram-se com espécies exóticas, com
fins ornamentais: as os Plátanos, as Pimenteiras, as Palmeiras,
as Magnólias,
os Jacarandás,
os Dragoeiros,
os Cedros,
as Casuarinas,
as Borracheiras,
as Araucárias,
as Acácias,
…
E, em paralelo, as quintas tinham nos seus pomares, para venda dos frutos em
Lisboa, Figueiras,
Laranjeiras,
Limoeiros,
Tangerineiras,
…; e nos seus campos, Videiras e Oliveiras, mais os respectivos
lagares.
Era um tempo em que se vivia a «festa da árvore» todos os dias.
Os Eucaliptos
só chegaram no século XIX, sendo hoje dominantes, conjuntamente com o
Pinheiro-bravo.
Fontes: livros de Manuel Lima (1997b, pp. 81-83; e «A árvore
no concelho do Seixal») e livro do Colectivo das Escolas do Clube Desportivo da
Cova da Piedade (2019; p. 26)
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