A IEA - International
Association for the Evaluation of Educational Achievement (Associação
Internacional para a Avaliação dos Resultados Educativos) apresenta-se assim no
seu sítio (www.iea.nl/):
“We are an international cooperative of
national research institutions, governmental research agencies, scholars, and
analysts working to research, understand, and improve education worldwide.
We conduct high-quality, large-scale
comparative studies of education across the globe in order to provide
educators, policymakers, and parents with insights into how students perform.”
Um dos estudos pelos quais esta
associação é responsável
é o TIMSS - Trends in International Mathematics
and Science Study (Estudo
Internacional sobre as Tendências em Matemática e Ciências). O primeiro estudo TIMSS foi realizado em 1995, tendo sido
repetido desde aí de 4 em 4 anos: em 1999, em 2003, em 2007, em 2011 e em 2015.
Portugal participou
nas edições de 1995, 2011 e 2015 e os resultados globais foram, agora,
divulgados.
De acordo com a notícia da jornalista Clara Viana, no
«Público» de 30 de Novembro de 2016, os alunos do 4º ano portugueses ficaram
muito bem posicionados em Matemática, mas não em Ciências:
Alguns aspectos desta notícia que exigem uma reflexão
mais aprofundada:
· Dois dos últimos ministros da educação procuraram
reivindicar para a sua política educativa as origens do progresso conseguido a
Matemática; mas, comenta a jornalista, “também há quem admita que,
independentemente das diferenças [entre essas políticas], a evolução registada
traduz uma aposta comum” na Matemática;
· Esta “aposta comum” pela Matemática (e pelo Português) tem,
no entanto, sido criticada, pois pode ter dado origem a um estreitamento curricular que pode explicar, por exemplo, a queda dos
resultados dos nossos alunos em Ciências;
· Apesar das diferenças entre as políticas educativas que seguiram,
aqueles dois ministros coincidem ainda num aspecto essencial: ambos defendem “uma
maior concentração dos professores nos resultados” / “uma ênfase crescente nos
resultados”;
· Os alunos portugueses que participaram neste estudo foram
aqueles que mais fortemente reconheceram o grande empenho dos seus professores de
Matemática (88 %, contra uma média de 68 % dos alunos dos
49 os países participantes); mas só 61 % afirmaram gostar muito de
aprender esta disciplina (8º lugar entre os 49 países) e apenas 25 % se declararam muito confiantes nas suas capacidades (40º
lugar); em Ciências, as correspondentes percentagens dos nossos alunos foram de
88 %, 82% e 47 %;
· Entre ex-ministros e outros comentadores, a “formação dos
professores” foi o factor que mais destacado para justificar os progressos a
matemática registados neste estudo.
Para além das diferenças técnicas, o fundamental das políticas educativas da última década manteve-se: como grande objectivo, obter «resultados» (medidos pelos exames nacionais e pelos testes internacionais, como o PISA e o TIMSS); como principal melhoria no funcionamento quotidiano, controlar os «professores» (que têm de ser permanentemente formados, orientados, sobrecarregados e avaliados); e como faces públicas deste processo, os especialistas (a cada ministro os seus) e os directores (que têm visões sobre o futuro, tanto melhores quanto mais perfeitamente se encaixarem nas visões dos especialistas).
ResponderEliminarA propósito dos «resultados» deste TIMSS, houve quem destacasse que os miúdos portugueses da 4ª classe já estavam melhor que os finlandeses em Matemática. Mas «estar à frente dos outros» não é o objectivo dos finlandeses. Eero Väätäinen, que coordenou uma escola e o sector da educação duma cidade, descreveu assim o espírito das reformas educativas na Finlândia:
“Não devemos esquecer que as crianças não andam na escola para fazer testes. Elas vêm aprender a vida, encontrar o seu próprio caminho. Acaso se pode avaliar a vida?”
(Fonte: E. Väätäinen, citado por P. Descamps em «Na Finlândia, a busca de uma escola igualitária», artigo publicado no «Le Monde Diplomatique», edição portuguesa, IIª série, nº 75, de 2013; pp. 29-31)