quinta-feira, 28 de maio de 2020

[0238] Se só 10 % dos nossos alunos «gostam muito da escola», será que se brinca suficientemente nela?!


Hoje, 28 de Maio, comemora-se o Dia Mundial do Brincar.
Que nos diz este Dia acerca de todos os outros Dias que as crianças passam na escola?

Tendo há dias sido publicado o relatório em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) analisou o que se passava em 2018 com o comportamento das crianças em idade escolar, o Health Behaviour in School-aged Children (HBSC), é inevitável começar por dar uma vista de olhos ao que aí se escreveu.

O modo como a jornalista Andreia Sanches descreveu a evolução do gosto dos adolescentes portugueses em relação à escola, ao longo dos últimos vinte anos, está resumida nesta expressão: uma queda a pique.


Em 1998, primeiro ano em que Portugal participou no HBSC, 29 % dos nossos adolescentes gostavam muito da escola (entre 28 países, estavam em 2º lugar, a seguir à Letónia).
Em 2018, apenas 9,5 % dos nossos adolescentes responderam do mesmo modo (entre 45 países estavam em 38º lugar)

Este estudo da OMS é realizado de 4 em 4 anos, sendo baseado em amostras representativas de alunos com 11, 13 e 15 anos e repetindo um conjunto de perguntas, de edição em edição, para poder comparar as respostas.
A pergunta que permite ter uma ideia do sentimento dos adolescentes acerca de pressão exercida pela escola diz respeito aos trabalhos de casa. Segundo a coordenadora portuguesa do HBSC, Margarida Gaspar de Matos, “Sobretudo os mais velhos e as raparigas põem Portugal nos piores lugares, o que acontece desde 1998”: seis em cada dez alunos portugueses de 15 anos (49 % dos rapazes e 73 % das raparigas) dizem sentir-se pressionados ou muito pressionados com os trabalhos académicos. Mas a média de 45 países analisados também subiu nos últimos anos, estando agora nos 44 %.
A escola está realmente a ser «menos amada» por toda a Europa”, afirmou Margarida Gaspar de Matos. “Depois, pela Europa inteira há empregos mais incertos e fica mais indefinido o papel da escola nesses «bons empregos». Os alunos desinteressam-se (ou stressam pelas classificações), a concorrência é grande, o que aprendem depois até parece que «não serve para nada» e quando conseguem arranjar um emprego parece que têm sempre «poucas competências» e vão fazer cursos de preparação. Acontece um pouco por todo o lado.

Os alunos portugueses queixaram-se sobretudo do excesso de matéria nas aulas e do aborrecimento sentido na escola. Mas estão acima da média quanto ao apoio dos colegas que referem: 70 % dos rapazes e 60 % das raparigas de 15 anos sentem-se muito apoiados pelos colegas, contra uma média de 60 % e 51 %, respectivamente, a nível internacional. E 80 % sentem-se seguros na escola, envolvendo-se menos em lutas do que os adolescentes de outros países.


O Dia Mundial do Brincar relembra-nos que brincar é um direito, tal como foi declarado no artigo 31º da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas. E também nos relembra que esse direito se mantém como essencial para todas as idades, por nos proporcionar diversão, convívio e concentração, por nos desafiar à exploração e à criatividade. Tal como se defende no seguinte vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=xBJSGcOFe7c

Não poderá a escola ser organizada de modo a que possamos aí aprender através do brincar: experimentando, exprimindo, simulando, cooperando, organizando, sonhando?!

Fontes: notícia de Sanches (2020); sítio do Calendarr Portugal

Sem comentários:

Enviar um comentário