Hoje, 28 de Maio, comemora-se o Dia Mundial do Brincar.
Que nos diz este Dia acerca de todos os outros Dias que as
crianças passam na escola?
Tendo há dias sido publicado o relatório em que a Organização
Mundial da Saúde (OMS) analisou o que se passava em 2018 com o
comportamento das crianças em idade escolar, o Health
Behaviour in School-aged Children (HBSC),
é inevitável começar por dar uma vista de olhos ao que aí se escreveu.
O modo como a jornalista Andreia Sanches descreveu a
evolução do gosto dos adolescentes portugueses em relação à escola, ao longo
dos últimos vinte anos, está resumida nesta expressão: uma queda a pique.
Em 1998, primeiro ano em que Portugal participou no HBSC, 29 % dos nossos
adolescentes gostavam muito da escola (entre 28 países, estavam em 2º lugar, a
seguir à Letónia).
Em 2018, apenas 9,5 % dos nossos adolescentes responderam do
mesmo modo (entre 45 países estavam em 38º lugar)
Este estudo da OMS é realizado de 4 em 4 anos, sendo baseado
em amostras representativas de alunos com 11, 13 e 15 anos e repetindo um
conjunto de perguntas, de edição em edição, para poder comparar as respostas.
A pergunta que permite ter uma ideia do sentimento dos
adolescentes acerca de pressão exercida pela escola diz respeito aos trabalhos
de casa. Segundo a coordenadora portuguesa do HBSC, Margarida Gaspar de Matos, “Sobretudo os mais velhos e as raparigas põem Portugal
nos piores lugares, o que acontece desde 1998”: seis em cada dez alunos
portugueses de 15 anos (49 % dos rapazes e 73 % das raparigas) dizem sentir-se
pressionados ou muito pressionados com os trabalhos académicos. Mas a média de
45 países analisados também subiu nos últimos anos, estando agora nos 44 %.
“A
escola está realmente a ser «menos amada» por toda a Europa”, afirmou Margarida Gaspar de Matos. “Depois, pela Europa inteira há empregos mais incertos e
fica mais indefinido o papel da escola nesses «bons empregos». Os alunos
desinteressam-se (ou stressam pelas classificações), a concorrência é grande, o
que aprendem depois até parece que «não serve para nada» e quando conseguem
arranjar um emprego parece que têm sempre «poucas competências» e vão fazer
cursos de preparação. Acontece um pouco por todo o lado.”
Os alunos portugueses
queixaram-se sobretudo do excesso de matéria nas aulas e do aborrecimento
sentido na escola. Mas estão acima da média quanto ao apoio dos colegas que
referem: 70 % dos rapazes e 60 % das raparigas de 15 anos sentem-se muito
apoiados pelos colegas, contra uma média de 60 % e 51 %, respectivamente, a
nível internacional. E 80 % sentem-se seguros na escola, envolvendo-se menos em
lutas do que os adolescentes de outros países.
O Dia Mundial do Brincar relembra-nos que brincar é um
direito, tal como foi declarado no artigo 31º da
Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas. E também nos relembra
que esse direito se mantém como essencial para todas as idades, por nos proporcionar
diversão, convívio e concentração, por nos desafiar à exploração e à criatividade.
Tal como se defende no seguinte vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=xBJSGcOFe7c |
Não poderá a escola ser organizada de modo a que possamos
aí aprender
através do brincar: experimentando, exprimindo, simulando, cooperando,
organizando, sonhando?!
Fontes: notícia
de Sanches (2020); sítio do Calendarr Portugal