domingo, 28 de maio de 2017

[0060] Livro sobre a Escola Secundário José Afonso (Seixal)

Está em fase de conclusão um livro sobre a história da Escola Secundária José Afonso, da autoria dos professores Alice Santos, Luís Filipe Santos, Madalena Ferreira e Sérgio Contreiras, prevendo-se que o seu lançamento ocorra no início do próximo ano lectivo.

Há dez anos atrás, no âmbito da elaboração de um dos seus Projecto Educativo, dois destes professores, Luís Filipe Santos e Sérgio Contreiras redigiram a seguinte síntese da história da Escola das Cavaquinhas / Escola Secundária José Afonso:

A criação da nossa escola deve-se à insistência de uma forte vontade local que encontramos reflectida, desde finais dos anos 50 até à abertura das aulas em 1964, na imprensa regional e nas actas da Câmara Municipal do Seixal (CMS) e do Conselho Municipal.
O desenvolvimento industrial, que já era considerável, pedia mão-de-obra qualificada, num tempo em que apenas as crianças com capacidade económica podiam deslocar-se diariamente às escolas de ensino pós-primário mais próximas, em Almada, Setúbal e Barreiro (eram por esses anos cerca de duas centenas).
E foi a própria Câmara que veio a tomar a decisão, na sessão de 1 de Setembro de 1960, de criar uma Escola Técnica Industrial e Comercial, «atendendo à extrema necessidade da existência de um estabelecimento deste género neste concelho».

À procura de casa

Não se tratando de uma iniciativa do governo, que até então construía os grandes e sólidos edifícios escolares que conhecemos, teve o Município que responsabilizar-se pelas necessárias condições físicas, o que veio a constituir uma história complicada em vários episódios ao longo de quatro anos.
Inicialmente a escola esteve para ser instalada na antiga Fábrica de Sardinhas do Seixal (edifício onde actualmente funcionam as Finanças e a Polícia), tendo mesmo sido publicado no Diário do Governo de 3 de Fevereiro de 1961, o aviso de concurso público para adjudicação das obras de adaptação.
Esta solução vem a ser abandonada no ano seguinte, decidindo a CMS, em Julho de 62, assumir a construção de um edifício novo para a Escola Técnica em terrenos prometidos gratuitamente ao Município para este fim.
Um ano depois, a empresa Mundet & Companhia, Lda. disponibiliza a Casa de Infância da sua fábrica no Seixal para instalação provisória da Escola.
Porém, esta solução vem a ser inviabilizada pela própria Mundet por ter decidido transferir de Lisboa para aquele edifício os seus escritórios centrais.

Em contrapartida, a Dª Paula Mundet cedeu, a título provisório, a Creche da fábrica da Amora, entretanto encerrada. Foi nesse edifício que a Escola veio finalmente a abrir, em Novembro de 1964.


Nascimento, crescimento

E aqui ficou instalada durante cinco meses até terminarem as obras (iniciadas logo no mês seguinte no Bairro das Cavaquinhas) da construção da sua casa própria em pavilhões prefabricados (que duraram até serem demolidos em 2004). O tão aguardado acontecimento deu-se no dia 26 de Abril de 1965. A Escola já tinha «poiso» certo … e muito espaço ao lado para crescer.


Estas instalações iniciais foram desde cedo, nos anos de 1966/68, sucessivamente acrescentadas, sempre a expensas do município, para garantir a oferta dos cursos industriais e comerciais que a comunidade local reivindicava, destacando-se os pavilhões oficinais.


Em 1968, em virtude da reforma que criou o Ciclo Preparatório do Ensino Secundário (correspondente ao actual 2º Ciclo do Ensino Básico), a Escola divide-se em duas: a Escola Preparatória Paulo da Gama, que fica instalada nos pavilhões iniciais, e a nossa Escola que, continuando com os ciclos seguintes das escolas técnicas, fica com as restantes instalações às quais serão acrescentados pavilhões prefabricados para aulas normais.

e formação da personalidade

Inicialmente criada por iniciativa municipal, a Escola acabou por surgir como secção da Escola Industrial e Comercial Emídio Navarro, de Almada, de acordo com o estipulado no Decreto n.º 45980 de 20 de Outubro de 1964. Em toda a região, “a nossa Escola Técnica” ficou sempre conhecida (e continua a ser) como Escola das Cavaquinhas.


Só em 1969, a escola se autonomiza, passando a ser, oficialmente, a Escola Industrial e Comercial do Seixal.
Na sequência da unificação do ensino secundário (liceus e escolas técnicas), operada com a revolução de Abril de 1974, a Escola Industrial e Comercial do Seixal dá lugar à Escola Secundária do Seixal. Esta nova realidade não impediu que a escola mantivesse, ao nível curricular, a sua identidade, continuando a oferta de cursos industriais e comerciais (mecânica, electricidade, secretariado) e, simultaneamente, se abrisse às áreas artísticas e da comunicação.


Finalmente, em 1993 a Escola Secundária nº 1 do Seixal (assim denominada desde a criação, em 1988, de outra na mesma freguesia, a nº 2, actual Escola Secundária Alfredo dos Reis Silveira), em homenagem ao professor-poeta-cantor e resistente antifascista, adoptou a designação de Escola Secundária Dr. José Afonso. A resposta positiva do Ministério da Educação ao nome proposto pela escola em 1991, com o acordo da Câmara Municipal do Seixal, demorou dois anos a chegar. Foi neste período que a CMS, antecipando-se à decisão do Ministério da Educação, atribuiu à rua o nome de Avenida José Afonso (até então Rua da Escola Técnica).

A História desafia o Presente

Actualmente, a escola continua instalada no seu chão original, diríamos histórico – o Bairro das Cavaquinhas. Desde 2004 em edifício novo, (à excepção do Pavilhão C, que data de uma remodelação anterior efectuada em 1986) e dotada de pavilhão gimnodesportivo, após muitos anos de lutas contra as más condições em que gerações de alunos, professores e funcionários, construíram sonhos, viveram experiências educativas e humanas ímpares que, ainda hoje, constituem a marca de identidade desta comunidade educativa.
Passou a fase do «Feia por fora / Bonita por dentro».
Guardemos a memória do que fomos e descubramos o que de melhor ela nos dá. Fica-nos a responsabilidade de continuarmos a (re)construí-la por dentro em cada gesto, na sala de aula e em todo o espaço educativo. A cidadania e o relacionamento humano bem sucedido entre os diversos actores educativos serão condição para todos os outros «sucessos».

Os interessados na aquisição do livro podem contactar os seus autores através de: fazespartedestahistoria@gmail.com, ou acompanhar a finalização do processo de publicação através de www.facebook.com/Livro-da-Escola-José-Afonso-Cavaquinhas.

Fonte do texto: Santos & Contreiras, em documentos da Escola Secundária José Afonso (2007)

quarta-feira, 24 de maio de 2017

[0059] Ser jovem em Portugal

Em síntese, escreveram Andreia Sanches, Francisco Lopes e Joaquim Guerreiro no jornal «Público»:
São cada vez mais escolarizados. E cada vez mais conectados com o mundo, via Internet. Mas este ainda é o grupo da população mais atingido pela pobreza. Há em Portugal 3,1 milhões de jovens até aos 29 anos, 1,4 milhões têm 14 anos ou menos.

E em pormenor, evidenciaram-no assim, graficamente:







Fonte infográfica: Sanches, Lopes & Guerreiro (2017),

sábado, 20 de maio de 2017

[0058] 28 de Maio, Dia Mundial do Brincar

O World Play Day foi criado na 8ª Conferência Internacional de Ludotecas em Tóquio, em 1999, uma iniciativa da International Toy Library Association (ITLA), e foi celebrado pela primeira vez em 2000, embora a data, 28 de Maio, só tenho fixada sido no ano seguinte, de modo a coincidir com a do aniversário da ITLA.
O Dia Internacional do Brincar celebra o artigo 31º da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas, reforçando que Brincar é um direito. Relembra que o Brincar é uma fonte inesgotável de alegria, uma atividade fundamental para o desenvolvimento do ser humano, essencial para a saúde física e mental.

A 9ª Conferência Internacional de Ludotecas teve como tema Brincar é Crescer e foi realizada na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), de 13 a 17 de Maio de 2002, e organizada pelo Instituto de Apoio à Criança.
A Nossa Banda foi alvo de uma intervenção, intitulada «Ludotecas escolares e matemática, nos Concelhos de Almada e Seixal» (Pedro Esteves, Escola Secundária José Afonso)

quarta-feira, 17 de maio de 2017

[0057] Dados estatísticos para pensar o insucesso escolar no 2º ciclo

A jornalista Clara Viana divulgou, há dias, as conclusões de um estudo da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência que visou as classificações internas dos alunos que frequentaram o 5º e o 6º anos de escolaridade em 2014-15 (as classificações internas são as atribuídas pelos professores, na escola, no final do ano lectivo).

O estudo descreveu a distribuição destas classificações de acordo com diversos critérios.

Ao cruzar a condição económica dos alunos com a sua classificação em diversas disciplinas tornou patente “haver uma enorme diferença entre as notas que os alunos carenciados obtêm e aquelas que são conseguidas por estudantes de meios mais favorecidos”, sobretudo nas disciplinas com carácter menos prático:

(se o rendimento do agregado familiar de um aluno for igual ou inferior ao salário mínimo nacional, ele pode dispor do apoio da Acção Social Escolar, ou ASE; esse apoio está dividida em dois escalões, A e B, correspondendo o primeiro aos casos mais carenciados)

O cruzamento do género dos alunos com a sua classificação em diversas disciplinas mostrou que os Rapazes têm mais dificuldades que as Raparigas em todas as disciplinas, à excepção da Educação Física:


A percentagem de negativas por disciplina confirmou ser mais forte nas disciplinas com carácter menos prático e a sua comparação com a capacidade revelada pelos alunos para recuperar de uma negativa no 5º ano mostrou que esta é menor precisamente nessas disciplinas:


Quanto ao número de negativas no final do ano lectivo, o estudo mostrou:



Fonte (citações e tabelas): Viana (2017 d)

sábado, 13 de maio de 2017

[0056] Um Dia Mundial da Metrologia aberto e ao pé de casa

O Dia Mundial da Metrologia é celebrado em 20 de Maio, aniversário da assinatura da Convenção do Metro, realizada em Paris, em 1875, por representantes de dezassete países, entre os quais Portugal.

O tema escolhido para as celebrações deste ano visa As Medições para os Transportes.


O Instituto Português da Qualidade (IPQ) associa-se a esta celebração organizando um “Dia Aberto”, que inclui a realização de um colóquio subordinado àquele tema e de visitas ao Laboratório Nacional de Metrologia e ao Museu de Metrologia do IPQ (programa).

Este “Dia Aberto” decorrerá no IPQ (localização e acesso: consultar a mensagem «0022»), durante a tarde de 22 de Maio (2ª feira).
A participação é gratuita, não dispensando a inscrição prévia (formulário), até ao dia 17 de Maio.

Fonte: www1.ipq.pt

domingo, 7 de maio de 2017

[0055] 10 de Maio, Dia Mundial das Aves Migradoras

A vida humana está interligada com a dos muitos outros seres vivos que partilham esta casa planetária comum. Não nos têm sido fácil compreendê-lo, porque nos habituámos a agir sem pensar para além de nós, porque até entre nós criámos fronteiras que nos tornaram ainda mais míopes.

O Dia Mundial das Aves Migradoras, pela primeira vez celebrado em 2006, por iniciativa das Nações Unidas, é um dos muitos dias de que nos desafiam a saber partilhar o planeta.
Muitas espécies de aves voam anualmente centenas ou milhares de quilómetros para garantir as suas condições de vida (nomeadamente de alimentação) e de reprodução. A maioria migra entre o Norte, onde se reproduz, e o Sul, onde inverna. Mas algumas espécies reproduzem-se no Sul e invernam no Norte; e outras residem em terras baixas durante os meses de Inverno e vivem nas montanhas durante o Verão.
Não se sabe exactamente como estas aves encontram as suas rotas migratórias. Há provas de que elas são capazes de se orientar pelo Sol durante o dia, pelas estrelas durante a noite e, sempre, pelo campo geomagnético. Algumas espécies podem detectar a luz polarizada, que usam para a navegação nocturna.
Estas aves, por serem migradoras, enfrentam os perigos das viagens, como a perda dos locais de invernia, como a alteração das suas fontes de alimentação.

Um voluntário on-line da ONU colocou no YouTube o seguinte vídeo, destinado a inspirar o próximo dia 10 de Maio: https://youtu.be/gZBfYwZ-yD8

O sapal de Corroios é um dos mais importantes locais da Nossa Banda para as aves migradoras.
Segundo o professor Manuel Lima, aí residem espécies como o Pato-real, a Galinha-de-água, o Pernilongo, a Perdiz-comum, o Melro-preto, a Cotovia-de-poupa, a Fuinha-dos-juncos e a Gralha-preta; são espécies migratórias que aí passam o Outono e o Inverno, o Pato-trombeteiro, a Piadeira, o Corvo-marinho, o Mergulhão-pequeno, o Alfaiate, a Rola-do-mar, a Petinha-ribeirinha, a Alvéola-branca e o Pisco-de-peito-ruivo; são migratórias que aí passam a Primavera e o Verão, o Rouxinol-pequeno-dos-caniços, a Alvéola-amarela, a Rola-comum, o Abelharuco-comum, o Cuco-canoro, a Andorinha-das-chaminés, a Andorinha-dos-beirais e o Andorinhão-preto; e são migratórias de passagem, pois aí apenas descansam durante a sua migração, o Borrelho-grande-de-coleira, a Tarambola-cinzenta, o Pilrito-de-bico-comprido, a Andorinha-do-mar-anã, o Garajau-comum, o Guarda-rios e o Chasco-cinzento.

O Flamingo é maior ave que frequenta o sapal de Corroios, podendo atingir 135 cm de comprimento e 155 cm de envergadura das asas. Surge aí desde há vinte anos, em particular entre os finais de Setembro e os princípios de Março, mas nidifica na Camargue (França) e em Fuentes de Piedra (Espanha).

Grupo de Flamingos na maré baixa do sapal de Corroios, junto ao Moinho de Maré
(fotografia de Eva Maria Blum, Julho de 2014)

Fontes: www.worldmigratorybirdday.org/, Lima (2011; pp. 42-44 e 58)

quinta-feira, 4 de maio de 2017

[0054] Sesimbra e a construção naval em madeira

Museu Marítimo de Sesimbra

Até meados do século XX a baía de Sesimbra foi dominada pela presença de uma grande diversidade de embarcações de madeira que navegavam à vela e se dedicavam à pesca e ao transporte.

Entre estas embarcações, destacaram-se duas que são únicas desta região, ambas dedicadas à pesca, a Barca de Sesimbra e a Aiola:

Aiola em construção, pelo mestre Acácio Farinha, oferecida ao museu

Importância da construção naval em madeira em Sesimbra, documentada entre o século XV e o século XX:

Texto do museu

Escreveu António Telmo (Carvalho Vitorino, 1927-2010), ligado a Sesimbra por, entre outras razões, aí ter sido professor:

“Gama, Cão ou Zarco
Não nasceram aqui,
Quem nasceu aqui foi o barco.”

Fontes: folheto da Câmara Municipal de Sesimbra (sem data); Wikipédia
Fotografias: Eva Maria Blum








































segunda-feira, 1 de maio de 2017

[0053] Uma possibilidade trazida pelo documentário «Viva Portugal»

Depois de exibido em Quebradas, em Vila Velha de Rodão, em Lisboa, em Évora, no Alto da Cova da Moura (Amadora) e em Grândola, o documentário Viva Portugal foi exibido, ontem, em Almada.

1974-75 foi um ano muito diferente em Portugal. As mudanças profundas que estavam a ocorrer esbateram barreiras e tornaram simples o que, paradoxalmente, não é: ver (se necessário transgredindo as distâncias impostas), ouvir (e não apenas querer ser ouvido), expressar (o que se recusa e o que se deseja).

Cartoon: João Abel Manta

Figuram neste documentário algumas referências ao que ocorreu na Nossa Banda: na Lisnave, na Messa, na Siderurgia Nacional.

Ficou combinado voltar a exibi-lo ainda antes da conclusão do ano lectivo, para os alunos do ensino secundário, no mesmo local, a Academia Almadense.
E ficou no ar um par de desafios: por que não realizar novos documentários sobre o que aconteceu depois de 1975, para que possamos todos aprender com o rumo que as coisas tomaram? e por que não serem os actuais jovens a procurar essas memórias e a interpretá-las de acordo com as questões que hoje os preocupam?