As três exposições:
«As Vinhas de Almada. O vinho na história local»
(da autoria do Centro de Arqueologia de Almada);
«Objecto - Projecto» (realizada no
âmbito da Trienal de Arquitectura, com curadoria do arquitecto Godofredo
Pereira); e
«O Presídio e a Trafaria. 450 Anos de História»
(da autoria do Centro de Arqueologia de Almada).
Qualquer destas exposições, a seu
modo, coloca a questão da relação entre as duas margens do Tejo:
os vinhos que Almada e o Seixal produziam
e que Lisboa consumia ou exportava; as funções que, a partir do século XVI,
foram atribuídas à Trafaria (a quarentena de pessoas e de mercadorias; a defesa
militar e o presídio; a moagem e a pequena indústria, de conservas, de
explosivos), ou que mais recentemente aí foram descobertas (os banhos
terapêuticos);
a gradual dinâmica social que a
margem Sul desenvolveu como consequência desta relação funcional …;
o que, nas claras palavras de
Godofredo Pereira, pode ser dito assim: “Trata-se de uma exposição [ele refere-se
à segunda] sobre o papel da frente ribeirinha de Almada no desenvolvimento
urbano de Lisboa.” Almada cresceu “como espaço de apoio às funções mais nobres
da capital”; ela, em particular, “destaca a arquitetura dos equipamentos
coletivos, surgidos por necessidade e realizados em economia de meios, desde
associações de socorro mútuo, a cooperativas de consumo, passando pelas sedes
de clubes recreativos ou de diversos espaços culturais. São estes equipamentos
que vão fazendo a cidade, dando forma não só aos seus ritmos diários mas também
às suas aspirações políticas e sociais – aos seus projetos. É sobre esta
cidade, inseparável de Lisboa, que vai crescendo nos interstícios da logística
e do urbanismo capitalista que a exposição Objecto – Projecto se debruça.” O
que, interpreta-se, parte de um pressuposto: “a cidade é um problema político,
de conflito entre vários projetos.” (citações retiradas de uma entrevista feita
pela «Agenda de Almada» de Outubro de 2016).
Os edifícios do Presídio (a prisão
propriamente dita mais os locais de residência e administração) não se
encontram em bom estado, mas essa condição também nos faz pensar na sua
História …
Um grupo de gente preocupada com
as ligações entre Educação e Património visitará estas três exposições no próximo dia 11 de Novembro, a partir das
14h00. Se formos mais, sempre se conversa.
Porquê a expressão «Outra
Banda»? Porque não «Nossa Banda»?
Tem esta questão algo a ver com a Educação?
Aqueles que nós consideramos serem «o outro» consideram-nos por sua vez como «o outro» …
ResponderEliminarSe esta é uma distinção estéril, que se ganhará se nos reconhecermos mutuamente como complementarmente diferentes?
Stephen Stoer e António Magalhães escreveram um livro para acentuar que «A Diferença Somos Nós» (2005). E o ensaísta Alberto Manguel, referindo-se a Dom Quixote e a Sancho Pança, afirmou: “Tornaram-se espelhos enobrecidos postos frente a frente, reflectindo as qualidades que, invisíveis num, são visíveis no outro, e vice-versa.” (2011; p. 108)
Fomos 7, os visitantes, gente que liga Património e Educação, que se vai conhecendo através destas visitas, que esboça possíveis colaborações (como profissionais, como cidadãos).
ResponderEliminarO que me agradou mais nestas três visitas foi a questão já anunciada: quem somos nós, nesta banda, quem são os outros, na outra banda, como é que uns e outros viajamos entre estes dois lados do mesmo rio e nos influenciamos mutuamente por estas viagens?
Os edifícios são um pouco deprimentes, pela sua história, pela incapacidade (até hoje) de os reabilitarmos.
Os 4 dragoeiros nos cantos do jardim são espectaculares (e simbólicos de uma «ordem» bem estabelecida).
Poderemos continuar a fazer visitas regulares, a trocar ideias, a pensar numa «rede»?
Espero que sim!
Vou colocar algumas fotografias na minha www.facebook.com/pedro.esteves.1420354 (porque não uma futura página chamando a atenção para os diversos Facebooks institucionais?).