Agenda

sábado, 28 de setembro de 2019

[0206] Duas actividades do Centro de Arqueologia de Almada, em Outubro


Já no próximo Sábado, dia 5 de Outubro, apresentação do livro Sobreda ontem e hoje, da autoria de Elisabete Glória Gonçalves, no Salão Nobre do Solar dos Zagallos, pelas 16h00:


E no dia 24 de Outubro, na Travessa Luís Teotónio Pereira (Cova da Piedade 2805-187 Almada), pelas 18h00, conversa sobre a história do Serviço Educativo do Centro de Arqueologia de Almada, animada por Ana Braga, Elisabete Glória Gonçalves e José Carlos Serra


quarta-feira, 25 de setembro de 2019

[0205] A revolta estudantil de 2015 e 2016 no Brasil


Em 2015, milhares de alunos do ensino secundário de São Paulo (Brasil), procurando resistir ao projecto de reorganização do ensino público do então governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, ocuparam mais de 200 das suas escolas. Organizaram-se para nelas permanecerem de dia e de noite e aí realizaram assembleias de autogestão e aulas sobre pensamento crítico. Letícia Karen, então com 15 anos, recordou as razões da resistência: “A gente só ficou sabendo do projecto de Geraldo Alckmin através do jornal. Até lá, nem os professores nem as classes estudantis sabiam de nada (…). Todos sabíamos que era um corte na educação pública, que não era para melhorar: para quê fechar escolas quando o que precisamos é de muitas mais?

Imagem retirada de: https://focasnaarea.wordpress.com

A mobilização tinha, aliás, sido iniciada por manifestações de rua, apoiadas por entidades escolares e por sindicatos de professores, mas rapidamente se tornou autónoma. E como os estudantes se aperceberam de que as manifestações não eram suficientes, decidiram ocupar as escolas, inspirando-se no exemplo da Revolução dos Pinguins dos alunos do ensino secundário chilenos, em 2006.
As ocupações duraram dois meses, e o que os estudantes viveram e aprenderam equivaleu ao que viveriam e aprenderiam ao longo de muitos anos. De novo o testemunho, hoje, de Letícia Karen: “A gente desconstruiu aquele ensino baseado na escola ditatorial e construiu junto outra coisa. Fomos descobrindo outras possibilidades de existência ali dentro, coisa que nunca tínhamos feito antes.

No final de 2015, este movimento conseguiu que o projecto de reorganização do ensino público paulista fosse suspenso. Mas ainda havia muitos outros problemas: as más condições das escolas, os salários em atraso das empregadas de limpeza e dos professores, as salas de aula superlotadas (40 a 50 alunos para um professor). “A gente costuma dizer que nós ocupamos as escolas não só porque elas iam fechar, mas por toda a precarização do ensino público”, precisa Letícia.” Por isso, em 2016, os estudantes juntam à sua lista de protestos questões como o desvio do dinheiro das merendas, os projectos de lei ligados ao movimento conservador e retrógrado Escola sem Partido e a reforma do ensino secundário anunciada pelo governo de Michel Temer. De São Paulo, a mobilização estende-se a outras cidades, com manifestações e mais de 1000 escolas e universidades públicas ocupadas.
A repressão policial aumenta. “Havia muita perseguição, eles já sabiam quem nós éramos. Havia, do nada, espancamentos na rua de companheiros nossos”, diz Letícia. Obrigados por decreto-lei a sair das escolas e com a polícia à porta para os receber à saída, os estudantes estavam “muito afectados psicologicamente” e não sabiam “como continuar” este tipo de luta.

O projecto de reorganização do ensino acabou por ser posto em prática, de outro modo, com outro nome, e as escolas continuaram precarizadas.
Os estudantes, no entanto, perceberam que tinham uma voz: “Surgiram várias associações estudantis dentro das escolas, muitas direcções foram derrubadas e a gente recebe notificações de manifestações todos os dias. Criou-se uma rede de apoio a partir do movimento.” E também perceberam que podiam agir por outros meios: A ocupação não era mais viável, então resolvemos continuar a resistir através da arte.

Fonte: notícia de Duarte (2019), livremente resumida nesta mensagem

A mensagem «0023», de Outubro de 2016, já havia referido este movimento estudantil

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

[0204] O relatório Education at a Glance de 2019


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou há dias o seu relatório anual Education at a Glance. Nele, os jovens portugueses surgem com taxas de inscrição no ensino superior acima da média dos países parceiros desta organização, mas com o dobro de «nem-nem» (jovens que nem estudam nem trabalham) que procuram emprego há mais de um ano.
De facto, entre os 19 e os 20 anos, 41 % dos nossos jovens estão matriculados numa universidade ou num instituto politécnico, enquanto na generalidade da OCDE a média é de 37%. Por outro lado, Portugal, com a Itália, a Espanha e a Grécia, integra o grupo de países onde há mais jovens que não estudam nem trabalham:


Há pelo menos dois tipos de dificuldades para aqueles que colocam a possibilidade de continuar a estudar. As instituições do ensino superior continuam muito focadas em cursos que prolongam o ensino secundário, não se interessando por prolongar os cursos profissionais. E os cursos do ensino superior têm vindo a garantir vencimentos no mercado de trabalho cada vez mais próximos de quem os não tirou, tal como Sofia Escária, presidente da Federação Académica de Lisboa (FAL), explicou: “De que serve investir tanto para ter um curso, se num primeiro emprego vamos ganhar pouco mais do que quem não tem formação?


Este relatório pode ser acedido em http://www.oecd.org/education/education-at-a-glance/, com versões em inglês, alemão e francês.

Mensagens que referiram os relatórios Education at a Glance dos últimos anos: «0005» (2016), «0089» (2017) e «0158» (2018).

Fonte: notícia de Silva (2019b)

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

[0203] O que é um museu?


Segundo a definição vigente, “um museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o património material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e deleite”.
A maior organização não-governamental dos museus e dos seus profissionais, o Conselho Internacional dos Museus (ICOM), pretendendo actualizar esta definição, lançou um processo de participação do qual resultou uma nova proposta, a debater e ser votada na Assembleia Geral Extraordinária que terá lugar no dia 7 de Setembro de 2019, após a Conferência Geral do ICOM que se realiza em Quioto (Japão) na primeira semana deste mês.


A definição proposta pode ser consultada aqui. E uma sua possível tradução, efectuada pelo ICOM Portugal, é a seguinte:

Os Museus são espaços democratizantes, inclusivos e polifónicos, orientados para o diálogo crítico sobre os passados e os futuros. Reconhecendo e lidando com os conflitos e desafios do presente, detêm, em nome da sociedade, a custódia de artefactos e espécimes, por ela preservam memórias diversas para as gerações futuras, garantindo a igualdade de direitos e de acesso ao património a todas as pessoas.
Os museus não têm fins lucrativos. São participativos e transparentes; trabalham em parceria activa com e para comunidades diversas na recolha, conservação, investigação, interpretação, exposição e aprofundamento dos vários entendimentos do mundo, com o objectivo de contribuir para a dignidade humana e para a justiça social, a igualdade global e o bem-estar planetário.

Fontes: notícia de Canelas (2019), para a definição vigente de museu, e sítio do ICOM Portugal, para a proposta de nova definição