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sábado, 15 de fevereiro de 2020

[0224] A Reserva Ecológica Nacional do concelho do Seixal


A versão mais actualizada dos limites e dos conteúdos desta reserva foi estabelecida através da Portaria nº 3 de 2016 (18 de Janeiro). As suas origens remontam, no entanto, a cerca de duas décadas e meia antes.

Em 1997, numa publicação da Câmara Municipal do Seixal, o professor Manuel Lima destacou e descreveu as principais zonas que então a integravam (a tracejado no seguinte mapa):


Os mais de 733 hectares desta reserva correspondem a cerca de 8 % da área total do concelho do Seixal, sendo grandemente constituída por um contínuo de sapais, portanto marcados pelos níveis das marés que ritmam as águas do estuário do Tejo e ambiente favorável para uma grande diversidade de plantas e de animais.

A principal excepção a este contínuo é a zona dos Redondos da Catrapona, situada no interior do concelho, que se destaca pelo seu pinhal, não lhe correspondendo, também, qualquer património cultural.

O modo como os ocupantes das margens destes sapais deles tiraram proveito (e nalguns casos ainda tiram) está bem patente numa grande diversidade de evidências arqueológicas.
As águas situadas no subsolo do sapal de Corroios, as areias que cobrem a Ponta dos Corvos e os barros que se vão formando em qualquer sapal, foram, e continuam a ser hoje, recursos geológicos. E os vestígios de antigos fornos mostram uma das possíveis formas de eles serem aproveitados (um, romano, em Corroios; outro, de cal, na Azinheira).
As quintas, que por aqui foram abundantes, testemunham o trabalho da terra e a abundância dos produtos que dela se retiravam: a fruta, o azeite e o vinho. E porque nem toda esta riqueza se destinava a consumo local, existem muitos vestígios de estaleiros destinados à construção naval em madeira e de portinhos por onde chegavam as matérias primas e se escoava o que a Lisboa se destinava. E também existem os restos de diversos moinhos de maré (dois em Coina, quatro na Azinheira, quatro na Ponta dos Corvos), estando um deles (em Corroios), hoje, musealizado.
Mais recentes são as grandes estruturas que lembram o tempo em que diversas indústrias se situaram nestas bandas: para a produção de tijolos, de lanifícios e de vidros, para a preparação da cortiça (caso da Fábrica Mundet, situada à entrada do Seixal), para a seca do bacalhau (a Companhia Atlântica, na Ponta dos Corvos) e para produção de aço (a Siderurgia Nacional, em Paio Pires).

Fonte: Lima (1997)


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