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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

[0223] Botânica e História, no renovado Jardim Botânico Tropical, de Lisboa


Fechado para obras de reabilitação durante cerca de um ano, reabriu há uma semana ao público o Jardim Botânico Tropical de Lisboa:


Em 2015 este jardim foi transferido do extinto Instituto de Investigação Científica Tropical para a Universidade de Lisboa, tendo a reabilitação de que agora foi alvo incidido especialmente no Jardim dos Cactos (inacessível desde a década de 1960) e no Jardim das Ninfas e, em geral, na repavimentação dos caminhos, na modelação do terreno, na melhoria da sinaléctica, na substituição de algumas espécies e no restabelecimento dos circuitos de água ou na modernização da rede de rega.

O Jardim dos Cactos teve origem numa estufa de plantas suculentas, cuja construção terminou em 1949; as suculentas e os cactos, ao crescerem, romperam a estufa e formaram a sua própria paisagem, levando ao encerramento da estufa ao público. Mas a actual remodelação deixou as suas ruínas parcialmente visíveis, para que possamos compreender hoje como o planeado pelo Homem interage com o decidido pela Natureza.

Entre as plantas que é possível observar, encontram-se um pinheiro australiano de grande porte, um dragoeiro do século XIX, tipuanas e sumaúmas dos trópicos, casuarinas da Oceânia, antigas espécies como as magnólias e sobretudo as cicadáceas, o Ficus sycomorus (a árvore mais citada da Bíblia), alguns sobreiros portugueses, altíssimas palmeiras e uma sequóia da Califórnia.

Os inícios históricos deste jardim estiveram na vontade do rei D. João V criar a Real Quinta de Belém, que se estenderia desde o Palácio de Belém até à Ajuda. Para tal adquiriu o Palácio dos Condes da Calheta e os terrenos anexos por 50 000 cruzados, reservando a parte superior do actual jardim para a sua regis hortus suburbanus, uma horta gigante destinada a alimentar as suas visitas e a sua família.
O terramoto de 1755 não danificou este espaço. Em 1758, dá-se nas proximidades do palácio o atentado contra o rei D. José I. ao longo de quase todo o século XIX o jardim foi usado para a realização de caçadas reais, mantendo-se o palácio disponível para acomodar as visitas reais.

No início do século XX, sendo necessário repensar o ensino agronómico colonial, foi aberto por decreto régio o Jardim Colonial de Lisboa, nas Laranjeiras, perto do então Instituto de Agronomia e Veterinária. Num «Diário do Governo» de 1906 escrevia-se sobre ele: é “indispensável o exemplar vivo para que a demonstração seja rigorosamente scientifica e educativa, para que o alumno não fique imaginando somente como são os animaes e os vegetaes, mas tenha a noção viva da realidade”. No entanto, em 1912, o Jardim Colonial de Lisboa foi transferido das Laranjeiras (onde já se revelava pequeno) para Belém, onde a proximidade ao rio, o suave declive do terreno e a capacidade de criar microclimas permitia albergar plantas originárias desde a Escandinávia até ao Equador. Funcionando como dependência pedagógica do Instituto Superior de Agronomia, situado nas proximidades, era também centro de estudo de culturas e de recolha de informação sobre a agricultura colonial. Em 1951, ainda foi designado por Jardim e Museu Agrícola do Ultramar.

Fonte: informação jornalística de Serafim (2020)

Imagem: sítio dos Museus da Universidade de Lisboa

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