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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

[0020] Os resultados do TIMSS de 2015

A IEA - International Association for the Evaluation of Educational Achievement (Associação Internacional para a Avaliação dos Resultados Educativos) apresenta-se assim no seu sítio (www.iea.nl/):

“We are an international cooperative of national research institutions, governmental research agencies, scholars, and analysts working to research, understand, and improve education worldwide.

We conduct high-quality, large-scale comparative studies of education across the globe in order to provide educators, policymakers, and parents with insights into how students perform.”


Um dos estudos pelos quais esta associação é responsável é o TIMSS - Trends in International Mathematics and Science Study (Estudo Internacional sobre as Tendências em Matemática e Ciências). O primeiro estudo TIMSS foi realizado em 1995, tendo sido repetido desde aí de 4 em 4 anos: em 1999, em 2003, em 2007, em 2011 e em 2015.
Portugal participou nas edições de 1995, 2011 e 2015 e os resultados globais foram, agora, divulgados.

De acordo com a notícia da jornalista Clara Viana, no «Público» de 30 de Novembro de 2016, os alunos do 4º ano portugueses ficaram muito bem posicionados em Matemática, mas não em Ciências:


Alguns aspectos desta notícia que exigem uma reflexão mais aprofundada:
·      Dois dos últimos ministros da educação procuraram reivindicar para a sua política educativa as origens do progresso conseguido a Matemática; mas, comenta a jornalista, “também há quem admita que, independentemente das diferenças [entre essas políticas], a evolução registada traduz uma aposta comum” na Matemática;
·      Esta “aposta comum” pela Matemática (e pelo Português) tem, no entanto, sido criticada, pois pode ter dado origem a um estreitamento curricular que pode explicar, por exemplo, a queda dos resultados dos nossos alunos em Ciências;
·      Apesar das diferenças entre as políticas educativas que seguiram, aqueles dois ministros coincidem ainda num aspecto essencial: ambos defendem “uma maior concentração dos professores nos resultados” / “uma ênfase crescente nos resultados”;
·      Os alunos portugueses que participaram neste estudo foram aqueles que mais fortemente reconheceram o grande empenho dos seus professores de Matemática (88 %, contra uma média de 68 % dos alunos dos 49 os países participantes); mas só 61 % afirmaram gostar muito de aprender esta disciplina (8º lugar entre os 49 países) e apenas 25 % se declararam muito confiantes nas suas capacidades (40º lugar); em Ciências, as correspondentes percentagens dos nossos alunos foram de 88 %, 82% e 47 %;
·      Entre ex-ministros e outros comentadores, a “formação dos professores” foi o factor que mais destacado para justificar os progressos a matemática registados neste estudo.

1 comentário:

  1. Para além das diferenças técnicas, o fundamental das políticas educativas da última década manteve-se: como grande objectivo, obter «resultados» (medidos pelos exames nacionais e pelos testes internacionais, como o PISA e o TIMSS); como principal melhoria no funcionamento quotidiano, controlar os «professores» (que têm de ser permanentemente formados, orientados, sobrecarregados e avaliados); e como faces públicas deste processo, os especialistas (a cada ministro os seus) e os directores (que têm visões sobre o futuro, tanto melhores quanto mais perfeitamente se encaixarem nas visões dos especialistas).
    A propósito dos «resultados» deste TIMSS, houve quem destacasse que os miúdos portugueses da 4ª classe já estavam melhor que os finlandeses em Matemática. Mas «estar à frente dos outros» não é o objectivo dos finlandeses. Eero Väätäinen, que coordenou uma escola e o sector da educação duma cidade, descreveu assim o espírito das reformas educativas na Finlândia:
    “Não devemos esquecer que as crianças não andam na escola para fazer testes. Elas vêm aprender a vida, encontrar o seu próprio caminho. Acaso se pode avaliar a vida?”
    (Fonte: E. Väätäinen, citado por P. Descamps em «Na Finlândia, a busca de uma escola igualitária», artigo publicado no «Le Monde Diplomatique», edição portuguesa, IIª série, nº 75, de 2013; pp. 29-31)

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