No dia 22 de Novembro de 1986
realizou-se na Escola Secundária Emídio Navarro um Encontro Debate
sobre a Situação do Ensino em Almada-Seixal.
O «Documento Final» que resultou
deste Encontro transcreveu as seguintes intervenções:
Secretariado das Associações de Pais de Almada e Seixal
António Matos (vereador da CMS): «Situação da rede escolar em Almada e
Seixal»
Luísa Beato (presidente dos Inter Conselhos Directivos da AP 12):
«Condições de trabalho nas escolas»
Elsa Oliveira (professora da ES Emídio Navarro): «O insucesso escolar»
Óscar Soares (membro da Direcção do Sindicato dos Professores da Grande
Lisboa): «Condições socio-profissionais dos professores»
Sérgio Taipas (vereador da CMA): «A intervenção das Câmaras de Almada e
Seixal»
Olga Maria Lopes (membro do Conselho Directivo da EP Vale da Romeira
I): «Papel da Acção Social Escolar nos estabelecimentos de ensino»
Araújo (professor na EP Vale da Romeira I)
Rui Miguel Salvado (membro do Conselho Directivo da EP Vale da Romeira
I): «Situação da Escola Preparatória do Vale da Romeira I»
António Morais (membro do Conselho Directivo da EP de Corroios):
«Segurança nas escolas»
Elsa Farto (membro da Associação de Pais da ES do Seixal)
José Carlos Caldeira (membro da Associação de Pais da EP do Feijó)
Drawin Pedroso (membro da Comissão de Pais da EP de Corroios)
Júlia Loureiro (membro da Associação de Pais da ES do Feijó)
Carlos Alberto Almeida (membro do Secretariado da Associação de Pais
dos Conselhos de Almada e Seixal)
Maria João Boléu Tomé (presidente da Confederação Nacional da
Associação de Pais)
As intervenções
destacaram claramente o problema maior que levou à realização do Encontro: desde os anos anteriores, as escolas
dos dois concelhos defrontavam-se “com graves dificuldades, nomeadamente
carências de instalações e equipamentos”, que implicavam atrasos “no início de
sucessivos anos lectivos, com repercussões nas condições de trabalho e
aprendizagem, com elevadas taxas de insucesso escolar.” Naquele momento (era já
Novembro!), ainda havia 2 500 alunos sem aulas em 3 das escolas destes
concelhos.
Mas as intervenções referiram ainda
outros problemas: o insucesso escolar era um problema grave no país (24 % no 5º
ano; 19 % no 6º ano; 36 % no 7º ano; 34 % no 8º ano; e 32 % no 9º ano) e
resultaria de programas que não tinham sido articulados e que eram desadequados
(face ao “interesse dos alunos” e à “realidade do mundo actual”) e
insuficientes (para responder às necessidades de “formação do aluno como pessoa
e cidadão interessado, crítico e participativo” e para proporcionar a cada um
espaço para a manifestação da sua “individualidade”).
A Moção / Proposta de Resolução
aprovada, também transcrita no «Documento Final», visava:
Ponto 1: a urgente solução dos problemas que afectavam a Escola
Preparatória do Vale da Romeira I, a Escola Secundária de Corroios II e a
Secção da Escola Secundária Emídio Navarro;
Ponto 2: a melhor preparação dos anos lectivos seguintes, recorrendo à
participação de quem, nas escolas, conhecia e sentia os seus problemas; a
substituição das Escolas Preparatórias do Laranjeiro e Vale da Romeira I, a
criação da Escola Preparatória de Corroios e das Escolas Secundárias da Sobreda
e do Seixal II, a execução da 2ª fase da Escola Secundária do Fogueteiro e o
abandono das velhas instalações da ex-Escola Secundária Anselmo de Andrade; a
adopção, em paralelo, de medidas sobre os orçamentos das escolas, os livros
escolares, a acção social escolar, a segurança das escolas; a concretização
participada da Lei de Bases do Sistema Educativo (aprovada pouco tempo antes).
Em Almada e no Seixal o problema das instalações e dos recursos melhorou muito nestes 30 anos. Bem como o «sucesso escolar», tal como em todo o país.
ResponderEliminarA inadequação dos «programas» continua, nos exactos termos em que a formulámos em 1986. E o «sucesso educativo» foi sendo secundarizado.
A ligação entre os dois concelhos piorou. E fazem falta outros debates públicos (em que a maioria não vá apenas ouvir os «especialistas» e os «gestores»). Fazem sobretudo falta encontros entre a grande diversidade de educadores que, ao longo destes 30 anos, surgiu e se afirmou.
Por todo o país, aumentou, e muito, a «hierarquização», problema que pouco se sentia há 30 anos. E que hoje tem um reflexo devastador no ambiente escolar e no estado de espírito dos professores.