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sábado, 27 de março de 2021

[0278] O Barro e a Escola

A cerâmica romana encontrada num passado recente atesta a longevidade da arte de trabalhar o barro em Viana do Alentejo. Um barro que servia essencialmente para produzir loiça utilitária. Viana tornou-se famosa pela qualidade dos seus alguidares. No início do séc. XX um visionário local, o agrónomo e veterinário António Isidoro de Sousa cria uma Escola de Olaria, para dar formação artística aos filhos dos oleiros. Artistas plásticos que mais tarde de tornaram famosos, como Júlio Resende e Aníbal Alcino dos Santos, são contratados como professores. Com a ajuda preciosa do grande mestre oleiro Francisco Lagarto. E assim desenvolve-se uma escola que foi o berço dos atuais oleiros ainda existentes mas também o local onde grandes ceramistas se formaram, que foram mostrar as suas artes por esse Portugal fora.”


“Hoje, um curso de formação de oleiros do IEFP [Instituto do Emprego e Formação Profissional], sob a orientação do mais novo oleiro existente, tenta formar possíveis futuros oleiros e / ou ceramistas. Um documentário baseado nos testemunhos daqueles que estiveram e ainda estão ligados a esta arte milenar na vila de Viana do Alentejo.”

Pode ver este documentário aqui (duração: 52 minutos e 20 segundos)


Fonte do texto e das imagens: documentário de Menêzes (2018)

sábado, 20 de março de 2021

[0277] O Dia Mundial da Árvore na Nossa Banda

O Dia Mundial da Árvore, ou Dia Mundial da Floresta, é comemorado em 21 de Março, início da Primavera.


Em Portugal, a primeira comemoração que teve uma intenção semelhante aconteceu na Vila do Seixal, no dia 27 de Maio de 1907, numa altura em muitos outros países já se realizavam festas que celebravam o culto da árvore.
Nesse dia, as crianças das escolas oficiais, mais os seus professores, dirigiram-se ao Campo dos Mártires da Liberdade e plantaram diversas árvores. A cerimónia foi presidida pelo grande animador nacional desta ideia, o professor Borges Grainha, acompanhado pela Comissão Organizadora local, formada por António Augusto Louro, Alfredo dos Reis Silveira, D. José Maldonado, António Jorge Evangelista, Eduardo Figueiredo, padre António Coutinho e professora Dª Júlia Pinto (os nomes dos dois primeiros estão, hoje, associados a duas escolas deste concelho).

Alguns meses depois, em 20 de Dezembro desse ano, comemorou-se de modo semelhante em Lisboa, onde as crianças das escolas plantaram 38 árvores na rua Alexandre Herculano.

Rapidamente estas iniciativas se multiplicaram por todo o país, graças à acção da Liga Nacional de Instrução, da Academia de Estudos Livres e do jornal O Século.
Sabe-se que em Maio de 1918, no dia da Festa da Árvore, Antónia Adelaide Mota Ferreira plantou uma árvore no jardim da Cova da Piedade; sabe-se que estas comemorações foram longamente interrompidas, devido à mudança do regime político; mas também se sabe que os alunos do primeiro ano em que funcionaram as Escolas do Clube Desportivo da Cova da Piedade, em 1947, festejaram o seu curso com a plantação de uma árvore.

Apresentação do Dia Internacional das Florestas pela FAO
Lema de 2021: Restauração das Florestas

A história das árvores no concelho do Seixal exemplifica o que talvez tenha sido a história das árvores em toda a Península de Setúbal.
Ao chegar à Idade Média a floresta desta região era do tipo mediterrânico, com Aroeiras, Carrascos, Carvalhos, Medronheiros, Pinheiros-mansos, Sobreiros, Urzes, Zambujeiros, … A sua utilização como coutada, por reis e fidalgos, e a exploração silvícola foi transformando esta floresta em charneca. D. Fernando e os seus sucessores introduzem-lhe o Pinheiro-bravo, originário da Flandres.
Com as viagens marítimas, os jardins encheram-se com espécies exóticas, com fins ornamentais: as os Plátanos, as Pimenteiras, as Palmeiras, as Magnólias, os Jacarandás, os Dragoeiros, os Cedros, as Casuarinas, as Borracheiras, as Araucárias, as Acácias, …
E, em paralelo, as quintas tinham nos seus pomares, para venda dos frutos em Lisboa, Figueiras, Laranjeiras, Limoeiros, Tangerineiras, …; e nos seus campos, Videiras e Oliveiras, mais os respectivos lagares.

Era um tempo em que se vivia a «festa da árvore» todos os dias.

Os Eucaliptos só chegaram no século XIX, sendo hoje dominantes, conjuntamente com o Pinheiro-bravo.

Fontes: livros de Manuel Lima (1997b, pp. 81-83; e «A árvore no concelho do Seixal») e livro do Colectivo das Escolas do Clube Desportivo da Cova da Piedade (2019; p. 26)

sábado, 13 de março de 2021

[0276] Uma visão patrimonial da Nossa Banda, por Albino Moura

Uma das facetas da obra de Albino Moura (1932-2019) é a dos painéis murais em azulejo que lhe foram encomendados por municípios da Nossa Banda. Nas mensagens «0176» e «0180» figuram dois desses painéis, colocados respectivamente no Seixal (em 2018) e em Sesimbra (em 2016).
Tanto esses painéis como dois outros encomendados antes para Almada (e inaugurados em 2011) têm motivação semelhante: representar elementos que podem ser considerados integrantes do património local.
Contrariamente aos painéis mais recentes, os de Almada são de difícil fotografia, dado a sua maior dimensão horizontal. Ambos se encontram na popularmente chamada «Rotunda dos Bancos», tendo um deles sido, recentemente, danificado. A melhor fotografia de um deles mostra-o com Albino Moura, muito plausivelmente pouco após ter sido inaugurado:


Se juntarmos os elementos patrimoniais identificáveis neste mural com os identificados naqueles outros painéis, talvez se possa dizer que os grandes tópicos neles destacados por Albino Moura foram:

o património natural, que está pouco patente nos painéis de Almada (as falésias e os seixos fluviais; o mar e o peixe; as aves ,visíveis em terra e no mar);

o património laboral (a pesca, a agricultura e a moagem; as grandes ferramentas que exploraram estas riquezas, como as embarcações tradicionais, mais as suas redes, os moinhos de vento e de maré e, mais tarde, as fábricas, em particular as da cortiça; e, em Almada, os novos meios de transporte).

o património mitológico (associado, nomeadamente, à pesca);

o património edificado (as fortalezas; as igrejas, as ermidas e um santuário; um farol; os edifícios em que tradicionalmente se viveu e também aqueles com que as instituições, antigas e modernas, se afirmaram);

o património artístico (a arte urbana, em Almada).

 

Imagem: sítio da SIC (em 19 de Abril de 2019)

sábado, 6 de março de 2021

[0275] Os temas da ONU para esta década

O modo como a Organização das Nações Unidas (ONU) apela à nossa intervenção nos temas que considera de importância mundial é feito a quatro níveis temporais: os «dias de», os «anos de», as «décadas de» e, com um prazo ainda mais amplo, os «objectivos do desenvolvimento sustentável», cuja implementação está actualmente em curso (2015-2030).

Os temas propostos para como alvo de acção ao longo de dez anos não correspondem a uma década do calendário, sendo, em cada ano, iniciada uma década específica para um ou mais temas. Dois dos temas que tiveram o seu início em 2021 e que estarão em foco até 2030 dizem respeito à relação da Humanidade com a Natureza: a Década Internacional das Ciências Oceânicas para o Desenvolvimento Durável e a Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas.

A nossa relação com a Natureza tem sido longamente determinada pelas práticas de «posse». Mas a Humanidade já começou a perceber que apenas pode alterar equilíbrios na Natureza, que não a destruirão, mas que podem vir a destruir quem os provoca.
Então, no futuro, que relação deveremos nós estabelecer com a Natureza?

Para favorecer os nossos pensamentos sobre esta questão de fundo, eis um documentário de 2020 que aborda o Mar da Minha Terra / Almada Atlântica (fotografia de Luís Quinta; narração de Eduardo Rêgo; duração de 45 minutos e 59 segundos).
Nesta curta introdução à biologia costeira, são incluídas referências ao fitoplancton e ao zooplâncton, às algas, aos corais, aos vermes, às medusas, às estrelas-do-mar, aos moluscos (com e sem concha), aos crustáceos, aos tubarões, aos peixes ósseos, às aves costeiras (residentes / migradoras) e aos cetáceos (várias espécies de golfinhos e de baleias). Veja-a aqui:



Fonte: sítio da ONU