O Jardim Botânico da Ajuda foi criado há 250
anos, sendo o mais antigo jardim botânico do país. Desenhado pelo naturalista
italiano Domenico Vandelli, destinava-se à educação dos netos de D. José I e
integrava um museu de história natural, uma casa de risco e laboratórios de
química e de física, constituindo o primeiro espaço científico da cidade.
Em 1784, o padre João
Faustino utilizou-o como ponto de partida para a viagem da sua máquina
aeroestática, um balão foi feito em papel colorido e enchido com gás; este
elevou-se nos ares, deambolou sobre o Tejo e acabou por cair em Cacilhas, tal
como a «Gazeta de Lisboa» relatou ao pormenor.
Foi D. João VI, um dos netos de D. José I, que abriu
este jardim ao público, uma vez por semana. E que, ao residir no Brasil para
fugir às invasões francesas, fundou o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Quanto
ao jardim que deixou na Ajuda, acabaria por ser integrado no Instituto Superior
de Agronomia, em 1910, contribuindo o seu espaço científico para a criação da
Academia das Ciências.
Entre 1994 e 1997, depois de sucessivos períodos de abandono
e decadência, o jardim foi restaurado, estando actualmente dividido em quatro
partes: um patamar inferior, com um jardim de estilo romântico; um patamar
superior, a «escola», onde as plantas estão organizadas de acordo com as suas
regiões de origem; uma mata, junto ao portão que o liga à Calçada do Galvão; e
o jardim dos aromas, onde podem ser apreciadas plantas aromáticas, medicinais,
tintureiras e saponificadoras, em canteiros concebidos para também serem
acessíveis a invisuais.
Entre as árvores mais apreciadas encontram-se:
Jacarandás (Jacaranda mimosifolia), originários da
América do Sul (o nome provém do tupi-guarani) e
hoje comuns nos jardins e passeios públicos;
o único exemplar de Schotia afra existente num jardim botânico europeu e que, pela sua
dimensão, se encontra apoiado numa grande estrutura circular em ferro;
a árvore da Sumaúma (Ceiba
pentandra), com um tronco protegido por grandes
espinhos e cujos frutos, parecidos com uma pêra-abacate, têm as sementes protegidas
por centenas de pelos brancos (outrora usados para encher as almofadas);
alguns Gingko (Ginkgo biloba), uma espécie vinda do tempo dos dinossauros e de que,
dizem, alguns exemplares sobreviveram ao bombardeamento atómico em Hiroshima;
e vários Dragoeiros (Dracaena drago), nativos
da Madeira e dos Açores (onde actualmente são considerados vulneráveis), entre
eles o maior do país, que veio já adulto
para Portugal, que tem actualmente perto de 400 anos de idade e que, por ter
sido atacado por um fungo em 2006, que lhe apodreceu parte das raízes, se
encontra agora apoiado por um conjunto de cabos e de ferros:
À esquerda, um dos extremos do grande Ginkgo biloba; no centro, a Schotia afra |
Fonte jornalística: Gonçalves (2018)
Fotografia: Eva Maria Blum
Sem comentários:
Enviar um comentário