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sábado, 28 de abril de 2018

[0133] 1 de Maio: Dia do Trabalhador


Esta data remonta ao dia 1 de Maio de 1886, nos Estados Unidos da América. Mais de 500 mil trabalhadores manifestaram-se pacificamente nas ruas de Chicago, exigindo a redução da jornada de trabalho para oito horas. A polícia tentou dispersar a manifestação, ferindo e matando dezenas de operários.
No 5 de Maio os operários regressaram às ruas, tendo a polícia provocado mais feridos e prendido manifestantes. A opinião pública repudiou a acção da polícia e do governo, assim como das entidades patronais.

Em 1889 o Congresso Operário Internacional, reunido em Paris, decretou o 1º de Maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores.

Em 1890, os trabalhadores americanos viram a sua reivindicação ser aceite: a jornada de trabalho foi reduzida para oito horas.

Em Portugal, o 1º de Maio começou a ser festejado a partir de maio de 1974, após a Revolução do 25 de Abril.
Primeira página do Diário de Lisboa de 2 de Maio de 1974:


Fontes: sítios da Calendarr Portugal (para o texto) e da Casa Comum (para a imagem)


quarta-feira, 25 de abril de 2018

[0132] Breve historial da Escola Secundária Fernão Mendes Pinto


Segundo o sítio da «Fernão», as origens desta escola remontam a 1965, quando foi criada a Secção de Almada do Liceu D. João de Castro, cujas instalações se situavam na Praça S. João Baptista. Esta escola seria mais tarde transformada no Liceu Nacional de Almada, autonomizado a partir do ano lectivo de 1972-73. Por ser Liceu, constituiu durante muito tempo a única escola do concelho a disponibilizar o curso complementar que dava acesso directo às Universidades.

Ainda com a designação de Liceu Nacional de Almada, deixou os pavilhões provisórios em que estivera e mudou-se, em Outubro de 1975, para as actuais instalações, situadas no Pragal. No ano lectivo de 1978-79 passou a designar-se por Escola Secundária de Almada. E em 1987-88 pelo nome que hoje tem, Escola Secundária Fernão Mendes Pinto.

Aguarela da professora Conceição Arco

Entre as opções proporcionadas por esta escola encontra-se o estudo da língua alemã, razão pela qual ela estabeleceu uma parceria com o Max-Planck-Gymnasium, uma escola secundária na cidade alemã de Dortmund, que proporciona o estudo da língua portuguesa.

Escreveu o patrono da Escola, Fernão Mendes Pinto (1509 - 1583): “E nisto vieram a parar meus serviços de vinte e um anos, nos quais fui treze vezes cativo e dezasseis vendido, por causa dos desaventurados sucessos que atrás, no discurso desta minha tão longa peregrinação, largamente deixo contados …” («A Peregrinação»)

Fontes: sítio da ES Fernão Mendes Pinto; Wikipédia


segunda-feira, 23 de abril de 2018

[0131] Consulta pública sobre os Currículos dos Ensinos Básico e Secundário


As propostas do Ministério da Educação para o Currículo dos Ensinos Básico e Secundário está, neste momento, sob consulta pública.


Na página «Documentos» (em «Documentos sobre Portugal») é possível aceder ao respectivo documento de síntese, bem como ao parecer do principal sindicato de professores, a FENPROF, sobre o Projecto de Autonomia e Flexibilidade Curricular (actualmente em regime experimental) que integra aquelas propostas.

domingo, 15 de abril de 2018

[0130] O Moinho de Maré da Mourisca



Terá funcionado entre 1601 e 1967.
Fazia parte de uma economia onde se salientavam o Arroz, as Ostras e o Sal.


Foi reconstruído em 1995 pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
As 8 moendas originais foram reduzidas a 6, servidas por 4 rodízios (dois destes alimentam duas moendas, cada um).


Tem associado um porto pafafítico e um observatório de aves aquáticas.


As aves aquáticas aqui observáveis são sobretudo invernantes:




Na página «Documentos» (na pasta «NossaBanda») estão acessíveis dois documentos sobre este Moinho e outro sobre a Reserva Natural do Estuário do Sado.

Fotografias (parcialmente reproduzidas): Eva Maria Blum

Ilustrações: Marcos Oliveira (folheto do ICNF, sem data)

quarta-feira, 11 de abril de 2018

[0129] Reabriu o Jardim Botânico da Universidade de Lisboa


Situado na Rua da Escola Politécnica, este jardim foi, até há poucos dias, alvo de diversos melhoramentos. É apresentado deste modo no sítio da Universidade de Lisboa:

O Jardim Botânico de Lisboa é um jardim científico que foi projetado em meados do século XIX para complemento moderno e útil do ensino e investigação da botânica na Escola Politécnica.

O local escolhido, no Monte Olivete, tinha já mais de dois séculos de tradição no estudo da Botânica, iniciado com o colégio jesuíta da Cotovia, aqui sedeado entre 1609 e 1759.
Para a sua instalação foi elaborado um projeto de regulamento em 1843. No entanto, é só a partir de 1873, por iniciativa do Conde de Ficalho e de Andrade Corvo, professores na Escola Politécnica, que se inicia a plantação.
A enorme diversidade de plantas recolhidas pelos seus primeiros jardineiros, o alemão E. Goeze e o francês J. Daveau, provenientes dos quatro cantos do mundo em que havia territórios sob soberania portuguesa, patenteava a importância da potência colonial que Portugal então representava, mas que na Europa não passava de uma nação pequena e marginal. Edmund Goeze, o primeiro jardineiro-chefe, delineou a ”Classe” e Jules Daveau foi o responsável pelo ”Arboreto”.
A elevada qualidade do projeto, bem ajustado ao sítio e ao ameno clima de Lisboa, cedo foi comprovada. Mal acabadas de plantar, segundo o caprichoso desenho das veredas, canteiros e socalcos, interligados por lagos e cascatas, as jovens plantas rapidamente prosperavam, ocupando todo o espaço e deixando logo adivinhar como, com o tempo, a cidade viria a ganhar o seu mais aprazível espaço verde e o de maior interesse cénico e botânico. Em pleno coração de Lisboa e em forte contraste com o seu bulício, as cores e as sombras, os cheiros e os sons do Jardim da Politécnica dão recolhimento e deleite. E, tratando-se de um jardim botânico, outras funções desempenha o Jardim, que não apenas as de lazer e recreio passivo.

Em 1878 foi publicado o primeiro catálogo de sementes do Jardim. Após 1892, deve-se a Henri Cayeux o embelezamento do Jardim mediante a introdução e criação de plantas ornamentais.

A maior intervenção na área do Jardim ocorreu no final dos anos 30 e princípios dos anos 40 do séc. XX, por influência do então director Ruy Telles Palhinha: a primitiva ordenação sistemática do plano superior do Jardim foi substituída pelo agrupamento das espécies em conjuntos ecológicos.

As coleções sistemáticas servem vários ramos da investigação botânica, demonstram junto do público e das escolas a grande diversidade de formas vegetais e múltiplos processos ecológicos, ao mesmo tempo que representam um meio importante e efetivo na conservação de plantas ameaçadas de extinção.
Algumas coleções merecem menção especial. A notável diversidade de palmeiras, vindas de todos os continentes, confere inesperado cunho tropical a diversas localizações do Jardim. As cicadáceas são um dos ex-libris do Jardim. Autênticos fósseis vivos, representam floras antigas, que na maioria se extinguiram. Hoje, são todas de grande raridade, havendo certas espécies que só em jardins botânicos se conservam. O Jardim é particularmente rico em espécies tropicais originárias da Nova Zelândia, Austrália, China, Japão e América do Sul, o que atesta a amenidade do clima de Lisboa e as peculariedades dos microclimas criados neste Jardim.
Na esteira do que acontece na generalidade dos jardins botânicos, também este Jardim, em estreita colaboração com os restantes departamentos do Museu desenvolve, em permanência, activos programas de educação ambiental, para os diferentes níveis etários da população estudantil e oferece visitas temáticas guiadas.

A 4 de Novembro de 2010 o Jardim Botânico foi classificado como monumento nacional.

Exemplar de Cicadófita

O grupo das Cicadófitas, representado pelas famílias Cycadaceae e Zamiaceae, é assim descrito no jardim:

As cicadófitas representam o grupo mais primitivo de gimospérmicas. Actualmente são consideradas relíquias de uma flora passada, vulneráveis ou em perigo de extinção, com distribuição confinada a algumas áreas restritas das regiões tropicais e subtropicais. Conhecem-se vestígios fósseis desde o início do Pérmico, há cerca de 290 Ma e atingiram o apogeu na Era Mesozóica, durante o período Jurássico (200-150 Ma), servindo de base de alimentação aos dinossáurios não avianos. Considera-se que possam estar aparentadas com o grupo já extinto dos «fetos com semente». Autênticos fósseis vivos, a maioria das espécies extinguiu-se. As actuais são todas de grande raridade, e algumas espécies só existem em jardins botânicos.
Aparentemente, são um grupo monofilético de plantas lenhosas, geralmente de troncos simples e curtos, encimados por uma coroa de grandes folhas pinadas. São plantas dióicas (sexos separados em indivíduos diferentes) e as estruturas reprodutoras têm a forma de cone, excepto as plantas femininas do género Cycas que apresentam folhas especiais modificadas (macrosporófilos). Nas raízes encontram-se nódulos de cianobactérias do género Nostoc, fixadoras de azoto atmosférico.
Algumas espécies são cultivadas pelo seu valor ornamental e outras são utilizadas na alimentação humana já que a sua medula é fonte de hidratos de carbono (Dion edule Lindl)

Fonte do texto: sítio do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa
Fotografia: Pedro Esteves

sábado, 7 de abril de 2018

[0128] 7 de Abril: Dia Mundial da Saúde


A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi fundada em 7 de Abril de 1948, criando com ela o Dia Mundial da Saúde, que só começou a ser comemorado em 7 de Abril de 1950.

O conceito central da OMS é: a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”.
Como tema para este ano a OMS escolheu a Saúde para todos, o que resume o seu objectivo ao longo dos 70 anos de existência.

Selos relacionados com esta comemoração que as Nações Unidas começam hoje a emitir:


Fontes: sítios da Organização Mundial da Saúde e da Calendarr Portugal

quarta-feira, 4 de abril de 2018

[0127] 1938-39: os capitães da Costa


Manuel de Sousa Camilo publicou recentemente um livro com histórias da antiga Costa da Caparica:


Excerto de uma dessas memórias, intitulada “Encontros «Norte – Sul»”:

Ano de 1939. A Escola Primária da Costa de Caparica depois da época de exames do 1º e 2º graus, equivalentes à 3ª e 4ª classes de instrução primária, recebeu instruções superiores de que, no seguinte ano lectivo, por razões inesperadas não poderia leccionar e levar a exame alunos de 2º grau – 4ª classe.
Nesse ano de 39, dez ou doze garotos tinham terminado a classe com aprovação, após exame efectuado na Escola da Trafaria. Automaticamente deveriam transitar para a 4ª classe.
As promessas do Estado Novo, após a Constituição de 1933, e os seus efeitos, resumiam-se no que à Costa diz respeito, à afixação na escola de alguns cartazes propagandísticos, tais como:
Para cada criança um livro! …
Para cada português uma enxada!
Para cada família um lar!
Deus, Pátria, Família! etc etc.
Estes cartazes, e quejandos, estavam afixados no interior de um pavilhão de madeira, a que chamavam Escola. Neste dia eram obrigatoriamente lidos por quatro garotos que acabavam de ser castigados por se terem atrasado na chegada às aulas. Nestas, com início às nove da manhã, a D. Olímpia registou a entrada dos quatro garotos já depois das dez.
O Mário e o José Henriques, olhos fixos nos cartazes, tentavam descontrair-se, ao mesmo tempo que estendiam as mãos na direcção da «menina dos cinco olhos», assim era conhecida a palmatória, com que eram aplicados os castigos, embora de maneira suave na forma como o fazia a competente professora.
O Joaquim, irmão do José Henriques, e o Manuel do Evandro mais conhecido por «Peão», entre os restantes condiscípulos, receberam como castigo, para além da leitura dos cartazes, o uso de umas «orelhas de burro» enfiadas na cabeça e respectiva exposição à janela da escola.
Os castigos eram consequência de um acordo feito na véspera, entre os do «Sul» e os do «Norte», para jogarem uma «pelada» junto ao prédio do Costa Rodrigues, a alguns metros da escola. O início seria um pouco antes das oito, deveria terminar antes das nove, a tempo de entrada nas aulas.
O Ti «Joaquim do Boi» estranhara que os filhos, José Henriques e Joaquim tivessem saído de casa tão cedo, cerca das sete e meia da manhã. Ti Joaquim vivia e trabalhava na Abegoaria, cuidava da carroça e do boi que a puxava, quase sempre, de forma pachorrenta, pelas ruas da Costa onde procedia à recolha do lixo urbano.
- Pra onde vão hoje tão cedo? Nem ajudam a atrelar o boi!
- A senhora professora vai hoje fazer uma prova; respondeu o José Henriques e mandou-nos ir mais cedo. - Confirmou o Joaquim.
Estes dois irmãos diferiam bastante um do outro. O José Henriques tinha nove anos, enquanto o Joaquim já fizera onze; era mais seco e franzino o mais novo, enquanto o mais velho, de compleição física mais forte, tirava partido desse facto no relacionamento com o irmão, como entre os colegas de escola em que alguns o temiam.
Quando ambos chegaram às imediações do prédio do Costa Henriques já as equipas estavam constituídas. Foi com dificuldade que foram aceites, porque faziam parte do «Sul» e os do «Norte» só tinham disponível o «Peão» como suplente.
Aqui começaram as primeiras complicações, porque o Joaquim impôs como condição primeira que ele e o irmão teriam de jogar, quanto ao Mário, dono da bola, jogaria na primeira parte pelo «Sul» e depois do intervalo, pelo «Norte».
O jogo começou depois das oito, e a esta hora já na rua, o Ti Joaquim percorria as ruas da Costa, nas quais o lixo era muito reduzido: não havia embalagens de cartão, nem latas de cerveja ou refrigerante, nem pacotes vazios de leite, porque o mesmo era servido de porta em porta em bilhas invioláveis, e, não raro se cruzavam na mesma rua, a Ti Sofia que vendia leite, o Ti «Joaquim do Boi», e o Gerardo padeiro que distribuía pão por diversos clientes.
(…).
Entretanto, no improvisado campo entre a praia e o prédio do Costa Henriques o jogo terminara às oito e quarenta e cinco. Num lance mais viril, o corpulento Joaquim «atropelou» o guarda-redes do «Norte», derrubou-o e marcou o um a zero que não chegou a ser homologado, porque, mais uma vez a estalada e o murro puseram fim ao encontro, rematado à pedrada, entre os contendores.
Alguns garotos, quando as pedras começaram a cair, correram a caminho da escola; estava próximo a hora de entrada. A refrega continuou com os restantes, abrigados atrás de um muro, trocando pedradas entre si. Eis que, o Joaquim com a pontaria com que «David venceu Golias» e num último arremesso atingiu a cabeça do Mário, pertencente à equipa do «Norte», mas colega de carteira do José Henriques, participante pelo «Sul».
O «Peão», ao ver que o Mário sangrava, ofereceu-se para o acompanhar, por solidariedade, mesmo sendo «nortista», enquanto, o José Henriques, «sulista», solidário com o Mário e o Joaquim responsável pelo ocorrido, decidiram, por unanimidade, irem todos à Farmácia Higiénica, onde o solícito Aurélio tratou e suturou o atingido.
Eram dez horas e cinco minutos da manhã quando os quatro miúdos entraram na escola, e todos ao mesmo tempo, olharam para o relógio redondo, de madeira escura, afixado na parede, detrás da D. Olímpia, e onde os ponteiros eram implacáveis.
Nas restantes carteiras da escola diluía-se a rivalidade «Norte – Sul». Os alunos ali sentados estavam mais interessados nos Pontos Cardeais que os livros ensinavam, e para mais na hora do recreio, novos encontros iriam ser combinados, desta vez, na praia no baixa-mar onde ainda não existiam pedras: só areia!
De facto, depois do cumprimento dos castigos e já sentados nas carteiras, os quatro amigos assim como os demais, aproveitando alguma distracção da D. Olímpia, conseguiram por sinais combinar novo encontro para a tarde.
No recreio seguinte, por sugestão do Fernando «Pinguinhas», foi «convocada» uma reunião para discussão de propostas no sentido de terminar definitivamente com as desinteligências. Também ficou assente que antes do jogo se iria criar um «simulacro de estatutos».
Nessa magna assembleia sem mesa nem presidente foi deliberado e passamos a lavrar:
Artº 1º - Por unanimidade foi decidido que os encontros «Norte – Sul», quaisquer que sejam as circunstâncias, devem continuar só na praia, porque não há pedras à mão.
Artº 2º - Não haverá árbitro: as faltas, os livres e os penaltis, assim como os golos serão homologados de comum acordo.
Parágrafo 1º - Não haverá marcações de campo: as bolas fora, os locais das faltas e as decisões se, dentro ou fora da grande área para efeito de marcação de penalti, será feito por cálculo.
Artº 3º - Os jogos não poderão terminar empatados, e no caso de dúvidas para apuramento do vencedor só podem ser utilizadas as mãos para os murros ou «latadas» e é expressamente proibido o uso de cabeçadas.
Artº 4º - No caso de entradas mais duras sobre o adversário, o prevaricador será expulso pelos demais, aos empurrões em caso de resistência.
Artº 5º - Por agressão ao adversário ou a elementos da própria equipa, será «irradiado» até ao próximo jogo.
Artº 6º - Se o agressor ou o faltoso for o dono da bola, por razões óbvias não sofrerá castigo.
Artº 7º - No caso de interrupção do jogo por desentendimento geral:
Parágrafo 1º - Se durante o período de pancadaria, esta não finalizar no máximo de quinze minutos, e regressar a paz, o jogo será reatado no dia seguinte mantendo-se o resultado.
Artº 8º - Não é permitido a qualquer interveniente, jogar a primeira parte pelo «Sul» e a segunda parte pelo «Norte» ou vive versa, mesmo em caso de o número de jogadores ser ímpar.
Artº 9º - Nesta caso a equipa com jogadores mais velhos ou mais fortes «tipo Joaquim do Boi» jogará com menos um jogador.
Artº 10º - Estas deliberações são extensivas a todas as equipas já constituídas ou a constituir pelo «Norte» ou pelo «Sul» e serão por pouco tempo.
Em abono da verdade, diga-se que a linguagem e o calão utilizados na discussão deste texto, não é o aqui descrito porque obviamente os termos foram muito diferentes.
Quanto ao jogo marcado, deverá seguir dentro de momentos, após a assinatura destes estatutos, se isso acontecer; porque há muitas mãos no ar, umas abertas outras fechadas procurando atingir os olhos ou os narizes dos aqui presentes.
Dada a generalização do conflito e à falta de pedras que permita outra solução; passados quinze minutos sobre o início do conflito, e à falta de quórum foi esta assembleia anulada.
Amanhã, de certeza haverá novo encontro «Norte – Sul», mas a deliberação para tal será tomada durante as aulas da D. Olímpia. Vai assinar o único presente, porque a debandada foi geral.
Sozinho e sem testemunhas

Praia da Costa tantos de tal, ano de 1939
O ajudante à festa:
Assina: Fernando «Pinguinhas»

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Quanto às promessas do Estado Novo e por ser verdade refira-se que:
No final do ano lectivo de 38/39 dos dez a doze garotos com idades compreendidas entre os nove e os onze anos que terminaram a 3ª classe, só dois continuaram na escola. O Manuel do Evandro «Peão» que se matriculou em Lisboa, o outro, o João, no Botequim na Charneca de Caparica. Diariamente ia e vinha a pé acompanhado da professora Carolina Sopa que também vivia na Costa.
O percurso pedonal por veredas e atalhos foi difícil principalmente no Inverno mas, o João concluiu o 2º grau de Instrução Primária com aprovação, o mesmo sucedendo ao «Peão».
Os restantes, a maioria iniciaram a vida piscatória, começando a sua actividade pelo «giro», e destes, só dois ou três foram excepção.
Na escola ou fora dela os núcleos de garotos que jogavam à bola na praia serviram de embrião à futura equipa «Homens de Amanhã» mas isso são outras histórias.

Fonte bibliográfica: Camilo (2018; pp. 83-91)