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domingo, 28 de janeiro de 2018

[0113] Um balanço sobre o nosso sistema educativo, por António Nóvoa

Entrevistado recentemente, António Nóvoa avaliou assim a situação do nosso sistema educativo, estando assinaladas algumas intervenções dos entrevistadores:


A Educação é central, como a Ciência e Cultura. Julgo que nestas áreas o que tem sido feito tem sido feito de uma forma correcta — tanto na Educação, como na Ciência e no Ensino Superior. Mas tem sido pouco. Isto é: tem havido mais um gerir e resolver situações que vinham do passado ...

Em 2015 disse que devíamos viver uma revolução nas escolas: mudança nos currículos, na organização e modelo da escola. Estamos a atrasar-nos?

Estamos longe. Infelizmente não estamos neste momento numa dinâmica do que é o futuro da escola e da educação. E o mesmo se diga para as universidades, que estão muito ...

Estagnadas?

Muito contidas, a palavra estagnada seria injusta. Há muita coisa que se tem feito bem. Eu, pelo meu mandato de reitor, tenho um fantasma, que é a burocracia. E o complicador imenso em que se transformou a vida das escolas, dos professores, a gestão das universidades, a vida da ciência. Fazer um projecto científico é uma coisa do outro mundo. E temos de nos libertar disso. O tema da autonomia, que é para mim central ...

Tem-se falado muito na autonomia ...

... mas é conversa. As escolas deviam ser ambientes vibrantes, estimulantes.

O que é que custa mais a ultrapassar? Burocracias, as medidas do Governo, os professores, a sociedade ...

Há um conjunto dessas coisas todas. Mas há uma rigidificação burocrática que se criou nas nossas instituições, que é um factor que dificulta muito essa espécie de liberdade. As pessoas, às vezes, para fazerem coisas, quase têm de sair das instituições.

Como é que se ultrapassa isso?
No caso das universidades é consagrando um verdadeiro estatuto de autonomia, com responsabilidades claras. Precisamos de ter uma muito maior autonomia das instituições, dos professores, das universidades, da ciência. Hoje, a ciência é a chave da sociedade do século XXI. A chave de tudo o que nos vai acontecer está na ciência e na tecnologia. Mas não é só a que se faz nos grandes laboratórios, não, é a que se faz dentro das escolas, na sociedade. Se não formos capazes de fazer isso, vamos andar enredados ...

Fonte (citação): Nóvoa (entrevistado por Dinis e Lourenço, 2018; p. 11)
Fotografia (pormenor): Nuno Ferreira Santos

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